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Ibovespa: Veja 4 motivos para a nova forte queda

14 ago 2019, 17:12 - atualizado em 14 ago 2019, 17:12
O índice terminou o dia cotado a 100.240 pontos, baixa de 2,96% (Imagem: REUTERS/Nacho Doce)

Por Investing.com

Ibovespa perdeu o patamar psicológico dos 100 mil pontos na tarde desta quarta-feira (14), ao atingir 99.954,75 pontos próximo ao fim do pregão. Foi a primeira vez que perde esta pontuação desde 5 de agosto. O tombo acima de 3% não está relacionado com eventos internos ou trapalhadas políticas vindas de Brasília, como atraso do avanço do trâmite de uma pauta econômica no Congresso. O índice terminou o dia cotado a 100.240 pontos, baixa de 2,96%.

O principal índice acionário brasileiro é influenciado pelo sentimento de aversão ao risco que tomou conta do exterior. Veja abaixo os motivos para a predominância do pessimismo nos mercados internacionais:

1) Dados econômicos ruins na China e na Alemanha

O alívio com a guerra comercial durou pouco. Um dia após o governo dos EUA adiar de setembro para dezembro a imposição de tarifas sobre a maior parte dos produtos chineses ainda não taxados, o sentimento de aversão ao risco voltou a dominar a avaliação do preço dos ativos pelos investidores com a divulgação de indicadores econômicos na China e na Europa.

Dados preocupantes destes países aumentam a percepção de que a economia global não está apenas sob uma desaceleração econômica: agora o risco é de recessão no horizonte.

Na China, o crescimento da produção industrial atingiu a mínima de 17 anos em julho, mais um sinal de que o conflito comercial entre Pequim e Washington está afetando a segunda maior economia do mundo. Também houve diminuição da confiança dos consumidores e dos negócios da China, com o esfriamento das vendas no varejo mais do que o esperado, enquanto o crescimento mais lento do que o previsto no investimento em ativos fixos revelou uma perda acentuada de ímpeto.

Na Alemanha, a queda nas exportações levou a economia a um retrocesso no segundo trimestre. A queda de 0,1% no Produto Interno Bruto (PIB) levou alguns analistas a especular que a economia número um da zona do euro poderia entrar em recessão no terceiro trimestre, à medida que os conflitos tarifários e a incerteza sobre a saída do Reino Unido da União Europeia atingem o setor industrial do país.

A falta de dinamismo da economia alemã desacelerou a economia da zona do euro no mesmo período. A zona monetária diminuiu o crescimento de 0,9% no primeiro trimestre para 0,4% no segundo.

2) Inversão da curva de juros entre os títulos de 2 e 10 anos nos EUA

Spread entre os títulos de 2 e 10 anos dos EUA vai a terreno negativo. Após a inversão da curva de juros entre os títulos de 3 meses e o de 10 anos, foi a vez do rendimento dos títulos de 10 anos ficar abaixo ao de 2. Essa inversão sempre antecedeu todas recessões norte-americanas.

3) Adiamento da imposição de tarifas não é tão positiva

Os investidores avaliaram positivamente a suspensão das tarifas após o anúncio, alimentando o apetite aos ativos de risco. No entanto, não são todos os US$ 300 bilhões que terão as tarifas impostas adiadas para dezembro, restringindo a produtos eletrônicos como notebooks, smartphones e videogames.

Além disso, vale lembrar que neste momento a relação comercial entre as duas maiores economias globais está em retrocesso se comparado há um ano, quando se iniciou a disputa comercial e a imposição de tarifas de ambos os lados.

Os EUA colocaram aumentaram a alíquota em 25% para aproximadamente a US$ 250 bilhões de produtos chineses, enquanto os chineses contra-atacaram com tarifas de 10% sobre US$ 60 bilhões de mercadorias americanas e, mais recentemente, desvalorização do iuan para a mínima não vista desde a crise financeira de 2008.

Neste período, houve a prisão da diretora financeira e herdeira da chinesa Huawei, além de restrições de negócios nos EUA e com empresas americanas, sob a justificativa do governo americano de a empresa de telecomunicação violar leis de segurança nacional.

4) Medidas populistas de Macri na Argentina

O presidente da Argentina, Mauricio Macri, divulgou nesta quarta-feira um pacote de subsídios sociais e redução de impostos a trabalhadores para aliviar o impacto da crise econômica meses antes das eleições presidenciais, mas seu anúncio não interrompeu imediatamente o declínio do peso.

Macri disse que aumentará o piso do imposto de renda em 20%, abrindo caminho para um corte de impostos para dois milhões de trabalhadores. O governo também concederá subsídios de 1.000 pesos por criança para desempregados com filhos antes do final do ano e aumentará o salário mínimo pela segunda vez este ano, embora o tamanho do aumento ainda não tenha sido determinado.

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