Coluna da Yolanda Fordelone

Retorno não faz milagre; o quanto você investe, sim

09 nov 2023, 14:12 - atualizado em 09 nov 2023, 14:12
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No mundo dos investimentos, o básico do arroz com feijão funciona na hora de juntar dinheiro e ter rentabilidade.(Imagem: Freepik)

Se fosse investir ao longo de 15 anos, o que você iria preferir: uma aplicação com retorno de 15% ao ano onde você investiria R$ 500 por mês ou uma com rendimento de 10% ao ano, mas com um aporte mensal de R$ 1 mil?

Seduzidos pela rentabilidade, arrisco dizer que muitos leitores foram levados a escolher a primeira opção, de 15% ao ano, ao imaginar que assim iriam juntar mais dinheiro. Pois acredite: nos primeiros anos de investimento, mais do que o retorno, o que faz diferença de fato é o aporte.

Para dar mais números às alternativas: em 15 anos você teria juntado cerca de R$ 304 mil investindo R$ 500 por mês a um alto retorno anual, quantia significativamente menor do que os R$ 398 mil que conseguiria investindo R$ 1 mil a uma taxa menor.

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O horizonte de prazo faz diferença nesse caso. Conforme os anos passam e você segue firme no plano de investimento, os valores acumulados vão se aproximando até se inverterem em meados do ano 23. Ou seja, a partir daí a quantia acumulada na primeira opção (de R$ 500 por mês) passa a ser maior do que na segunda opção (de R$ 1 mil mensais).

Com essa conta simples podemos ver algo que pouco ouvimos falar na internet: a capacidade de poupança faz mais diferença que rentabilidade, pelo menos nos primeiros anos de investimento.

Nos investimentos, o básico funciona

É comum nos depararmos com cursos e influenciadores que vendem a falsa promessa de investimentos que vão te fazer juntar fortunas. São estratégias e análises que, por vezes, até afastam reles mortais. Afinal, quem tem tempo e conhecimento para analisar os investimentos com tamanhos detalhes?

Não se sinta mal se estiver nesse grupo. O básico do arroz com feijão funciona. Se sair da poupança e aplicar numa conta digital com rentabilidade justa (100% do CDI) ou no próprio Tesouro Direto, já é um ótimo passo. Se tiver uma carteira de ações com as típicas empresas boas pagadoras de dividendos, também já tomou uma boa decisão.

O que fará você conquistar um patrimônio maior não é gastar horas e horas se aprofundando na análise para melhorar a rentabilidade da sua carteira marginalmente, de 10% para 11%. Isso porque estou falando de um pequeno aumento de 1 ponto porcentual. Imagina o esforço para tentar elevar a sua rentabilidade dos 10% para 15% ao ano?

Eu sei que é sexy contar aos amigos sobre a sua carteira de investimentos super elaborada, com uma estratégia que você mesmo elaborou e gerencia. Não é sexy trabalhar mais, tampouco recusar convites para economizar uma grana no fim do mês.

Mas aceite: se focar este mesmo tempo e dedicação dos investimentos no que você faz de melhor (trabalhar e melhorar a renda), vai ter um ganho muito maior.

Para economizar mais, há duas saídas: gastar menos e/ou ganhar mais. Economias do dia a dia aliadas com um aumento da renda têm potencial de fazer você chegar mais rapidamente ao seu objetivo numérico nos investimentos.

É claro que não é fácil fazer renda extra, conseguir uma promoção ou um segundo emprego. No entanto, mesmo que eleve aos poucos o quanto você investe, isso já terá muito impacto no resultado final.

O efeito bola de neve dos investimentos, fruto de juros e dividendos ao longo do tempo, realmente acontece. Para isso, porém, é preciso ter paciência. Nos primeiros anos de acúmulo de patrimônio, mais vale injetar gasolina (dinheiro fruto da renda ativa) do que esperar um milagre vindo do retorno da carteira.

Rentabilidade, por si só, não salva a lavoura. O que salva são as economias mensais.

Jornalista e economista. Já atuou em redações de jornal, fintech e faculdade de economia. Atualmente cria conteúdos no canal Econoweek, além de compartilhar sua rotina financeira no Instagram
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