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Jennifer O’Neil vira estrela da BlackRock após acordo com Argentina

09 set 2020, 12:35 - atualizado em 09 set 2020, 12:35
BlackRock
Em julho, O’Neil, que fazia parte da equipe, assumiu o papel principal (Imagem: Facebook/BlackRock)

Ela passou pouco tempo na América Latina e seu espanhol, em suas palavras, é “mais o menos”. Nunca havia fechado um acordo com governos orgulhosos e em crise econômica. No entanto, em uma única semana, Jennifer O’Neil, de 39 anos, ajudou a selar a reestruturação da dívida da Argentina e do Equador, ganhando destaque na BlackRock e no “Clube do Bolinha” das negociações de títulos soberanos.

Seu papel foi particularmente impressionante na Argentina, que se tornou inadimplente em US$ 65 bilhões em dívidas nas mãos de dezenas de firmas de investimento, incluindo a BlackRock, na qual O’Neil é diretora-gerente. Foi o nono default do país e, em meio à pandemia, o governo de linha peronista não dava sinais de flexibilidade.

O ministro da Economia, Martín Guzmán, de 37 anos, irritou muitos do outro lado da mesa com suas dissertações acadêmicas – ele é pupilo do Prêmio Nobel e defensor do mundo em desenvolvimento Joseph Stiglitz -, o que resultou em horas de tensas teleconferências intercaladas com períodos de silêncio.

Gerardo Rodríguez, que trabalhou no Ministério da Fazenda mexicano, liderava as negociações para a BlackRock e já estava no limite. O histórico de default da Argentina pesava muito. Em um momento, o tom começou a subir.

Em julho, O’Neil, que fazia parte da equipe, assumiu o papel principal. Apesar de ser uma relativa “outsider” – ou talvez por causa disso -, se tornou a representante do lado da empresa e quando acabou, havia um acordo.

A resolução deu aos credores cerca de 55 centavos por dólar, mais de US$ 13 bilhões acima do que o que o país havia dito originalmente como possível. Várias pessoas em todas as pontas das negociações destacam seu papel tanto dentro do grupo de detentores de títulos quanto com os argentinos.

Segundo O’Neil, não é que as teorias acadêmicas de Guzman não a frustraram. Pelo contrário. E não é que não conhecesse o trágico histórico de inadimplência da Argentina. Ela conhecia.

Ela simplesmente optou por não se deixar levar por esses aspectos, buscou ver as conversas como uma maratona, ao invés de uma corrida, disse em entrevista na semana passada depois que o governo anunciou que 99% da dívida externa seria reestruturada.

“Em vez de atravessar a parede de tijolos, temos que descobrir como construir uma casa com a parede de tijolos ou derrubá-la tijolo por tijolo”, disse por videoconferência.

Por causa da Covid-19, as negociações foram virtuais, ou seja, o bate-papo sobre assuntos triviais e as interações humanas que podem ajudar a criar confiança eram escassas.

Mas O’Neil, que mora em Tribeca, em Nova York, conversou com Guzmán sobre o período dele em Nova York, onde trabalhava, até recentemente, como pesquisador na Universidade Columbia. Ela é uma atleta, assim como ele, e às vezes corre no Central Park, perto de seu antigo bairro.

“Conseguimos criar uma conexão”, disse. “É aquele tipo de coisa em que você tem cinco minutos desse tipo de conversa. Quando voltávamos a falar sobre economia, seu tom era diferente. As palavras que ele dizia não eram apenas ‘não’.”

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