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Labitconf 2022: Vitalik Buterin e Jimmy Song discutem; “Ethereum é uma ‘shitcoin’”

11 nov 2022, 23:48 - atualizado em 11 nov 2022, 23:49
Vitalik Buterin Labitconf 2022
(Leonardo Rubinstein Cavalcanti/Crypto Times)

Vitalik Buterin, criador da rede Ethereum (ETH), chegou nesta sexta-feira (11) de surpresa ao final do primeiro dia do LaBitconf. O evento que ocorre em Buenos Aires, Argentina.

O fundador da rede Ethereum está previsto para discursar somente amanhã. Entretanto, após um aviso de última hora da organização do evento, Buterin apareceu acompanhado de Jimmy Song.

Song já teceu críticas ao Vitalik diversas vezes, entre elas, em recente entrevista concedida ao Crypto Times.

Confira a entrevista com Jimmy Song feita pelo Crypto Times no “Satsconf”, em São Paulo.

O motivo é que Song é assumidamente maximalista, jargão do mercado cripto para quem acredita que apenas o Bitcoin é a criptomoeda melhor fundamentada, ou “verdadeira”.

Além de ambos “rivais ideológicos”, estavam Samson Mow, CEO of Pixelmatic, Rodolfo Andragnes, criador da primeira organização sem fins lucrativos de bitcoin na América Latina, Diego Gutierrez Zaldivar, CEO da IOVLabs e Alejandro Palantzas, executivo de desenvolvimento de negócios na corretora Kraken.

A discussão, foi um conjunto de nós tentando chegar a algum consenso. Mas, diferente do blockchain, no painel não houve quase nenhum.

Pelo contrário, o tema rodou entre soberania do Bitcoin, centralização na Ethereum, democratização da educação em criptoativos, FTT e até “shitcoins”

Jimmy Song diz à Vitalik que a Ehereum é uma “shitcoin”

Conforme Song defende, o bitcoin tem uma diferença crucial do Ethereum. Não é necessário que o usuário confie em um terceiro, ao contrário da rede Ethereum. “Tão simples quanto isso”, disse Song ao diferenciar ambos blockchains.

Song, diz a Buterin que Ether é uma shitcoin. Ao perguntar o motivo, o criador da Ethereum tem como resposta que a rede é centralizada. “Você e a Ethereum Foundation podem mudar o que quiserem e quando quiserem”, diz.

Buterin pergunta se o bitcoin não tem um agente centralizador, e ainda reforça com uma pergunta irônica: “o satoshi não seria um agente centralizador?”, brinca. “Um cara, que ninguém sabe quem é, criou o bitcoin e sumiu”, provocou.

Mas Song não abaixa a guarda, e também argumenta que, para auditar e verificar os contratos inteligentes da Ethereum, é preciso um conhecimento avançado em linguagem de programação. “[Com o bitcoin], não precisa aprender para verificar”, diz.

FTT é uma “shitcoin”?

Em determinado ponto, o assunto FTT foi colocado na discussão. Os palestrantes discutiram sobre qual seria a classificação de uma “shitcoin” – jargão para moeda que não vale nada.

A definição exposta por Samon Mow é a de que “shitcoin seria uma criptomoeda que pretende ser descentralizada, mas não é, não possui aplicabilidade nenhuma, ou quase nenhuma, e constantemente diz ser melhor que o bitcoin.”

Usando dessa lógica, foi dito entre os palestrantes, que a FTT já seria uma “shitcoin antes mesmo da crise na corretora. “A FTT era uma shitcoin quando estava em alta, e quando estava em baixa.”

“Ninguém aqui gosta de banco central, mas não vamos substituir por shitcoins, e sim por dinheiro que tem a filosofia do bitcoin. Isso é libertarianismo”, diz um dos palestrantes presentes.

Vitalik intervém, e diz achar que a definição está muito ruim. Para ele, a FTT se encaixaria mais como uma ação de uma empresa, e menos com um token ou uma criptomoeda.

Song se posiciona, e coloca seu maximalismo para falar. O programador, e entusiasta de bitcoin, coloca que ninguém verifica nada, e essa é a lição que temos que aprender com FTX. 

“Isso é uma cultura que vem sendo cultivada desde a primeira altcoin. Esse é o problema de altcoins, é preciso verificar suas próprias coisas. Se vocês não aprenderem isso, todos vocês serão prejudicados”, diz.

Regulação vai separar shitcoins de negócios sólidos

Os palestrantes pegaram no embalo do assunto, e já emendaram para o tema da regulação. Todos concordaram que após a crise na FTX, a regulação virá mais forte e atenta ao mercado.

Finalmente, entre os algoritmos em cima do palco, surgiu algum consenso. Alejandro Palantzos, da Kraken, diz acreditar que a regulação vai separar bons projetos de shitcoins, e será possível observar um mercado com propostas mais sérias.

Já Song discorda, em sua opinião, a regulação apenas terceirizaria a confiança. Conforme diz, não é necessário que haja custodiantes, o melhor a fazer é “ser seu próprio banco.”

Palantzas então, rebate que muitos não saberiam usar uma carteira virtual fria, “hardwallet”, e por isso, deixar na mão de um agente confiável não deixa de ser uma opção.

Jimmy Song diz que as pessoas que não sabem usar hardwallets, “não merecem ter bitcoin”, e finaliza sua frase com uma sonora expressão de repúdio: “f*ck you”, diz.

Após gritos da plateia, foi dito para Song ter mais empatia, visto que muitas pessoas perderam dinheiro com LUNA e FTT. “Não seja tóxico, tenha empatia,” dizem a ele.

Song replica que o problema foi que, justamente, não foi tóxico o suficiente, as pessoas não escutaram o que ele tinha para falar e por isso perderam dinheiro.

“Eu sei que existem pessoas que não ligam, tem pessoas que confiam no Vitalik para gerenciar seu dinheiro. Preciso ser mais tóxico, para que aprendam sobre [bitcoin e auto-custódia] e não caiam mais em coisas como LUNA, FTX ou 3AC”, diz.

Vitalik rebate com uma brincadeira. “Song disse pra não confiar no Vitalik com seu dinheiro, mas eu mesmo não confio no Vitalik para gerenciar meu dinheiro”.

O que Buterin quis dizer, é que a rede Ethereum não depende dele. Não é nele que as pessoas confiam, mas sim nas auditorias, e no seu próprio senso crítico.

Buterin diz que, a Ethereum Foundation não é detentora dos códigos que são desenvolvidos em cima da rede, e o usuário pode sempre escolher em quem, e sob quais configurações confiar.

“Eu acho que mais ensinamentos sobre self custody é importante, e mais que confiar, entender. Entender como fazer isso é importante. Temos que atingir um meio termo para democratizar para quem não entende muito sobre tecnologia,” coloca o criador da Ethereum.

Vitalik disse que assim como a “multisign” no bitcoin – assinatura múltiplas de carteiras, a ethereum tem feito bastante progresso na recuperação de chaves por meio de reconhecimento social, (social recovery).

Social recovery é um mecanismo para ter acesso aos seus fundos (no caso de você perder o dispositivo principal) por ter guardiões. “Espero que todos possamos trabalhar juntos e atingir essa democratização”, diz Buterin.

Mow, discorda com vitalik, e diz não ser difícil criar uma hardware, nem se educar sobre. “Hoje em dia, existem fundações que ensinam sobre a auto custódia”, lembra.

“[Nós defensores do Bitcoin] Somos diferentes porque focamos em educar, e ajudar pessoas. A Ethereum quer apenas deixar as pessoas usarem metamesk e avançar com mais projetos”, rebate Mow.

Song, para surpresa de poucos, concorda com Mow. O entusiasta deixa claro que, em sua opinião “Bitcoin é sobre segurança. A Ethereum é sobre onde está a próxima moda: finanças descentralizadas (DeFi), tokens, etc”, diz. “Você sabe disso”, para Diego Zaldivar.

Os apaziguadores da conversa, acreditam que existem pontos onde segurança e descentralização precisam estar em um consenso. “Ambas comunidades têm muito a aprender umas com a outra”, diz Zaldivar.

Diego é CEO da IOVLabs, criadora da rede RSK. O objetivo da rede é criar um ecossistema DeFi dentro de uma sidechain, ou camada paralela, ao Bitcoin.

O Crypto Times já teve a oportunidade de entrevistar o criador da RSK, antes. Na ocasião, ele expôs melhor suas ideias. Confira:

Mow aproveita o gancho, e finaliza o tempo do painel dizendo que a Ethereum e outras altcoins são feitas por mentiras. “Você pode construir inovação em cima do bitcoin, falar que abrir mão de descentralização e segurança para inovar é uma mentira”, diz.

*O repórter Leonardo Rubinstein Cavalcanti viajou a Buenos Aires para a Labitconf a convite da exchange Bitso

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Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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