Política

Líder do governo manifesta apoio a Bolsonaro; ex-aliados defendem Moro

24 abr 2020, 22:13 - atualizado em 24 abr 2020, 22:14
Joice Halsemann
“O Brasil sabe quem é Sérgio Moro e agora tem provas de quem é Bolsonaro”, disse a ex-aliada Joice Hasselmann (Imagem: Câmara dos Deputados/Cleia Viana/)

Os líderes da maioria dos partidos representados na Câmara dos Deputados evitaram se manifestar sobre o pronunciamento desta sexta-feira (24) do presidente da República, Jair Bolsonaro.

O líder do governo na Câmara, deputado Vitor Hugo (PSL-GO), defendeu Bolsonaro no Twitter, dizendo que seu discurso foi “cirúrgico”. Ex-aliados do presidente, porém, defenderam Sergio Moro.

Seis horas depois do pronunciamento do ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, Jair Bolsonaro, acompanhado de quase todo seu ministério, disse que o ainda ministro teria condicionado o afastamento do diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo, a sua indicação para a vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

O presidente da República admitiu ter manifestado a Moro o desejo de receber informações sobre o andamento de investigações da Polícia Federal, mas negou interferência política e considerou o interesse legítimo em função do cargo.

“Sempre falei para ele: Moro, não tenho informações da Polícia Federal. Eu tenho que todo dia ter um relatório do que aconteceu, em especial nas últimas 24 horas, para poder bem decidir o futuro desta nação. Eu nunca pedi para ele o andamento de qualquer processo. Até porque a inteligência, com ele, perdeu espaço na Justiça”, disse Bolsonaro.

Pelo Twitter, Moro negou ter aceitado a demissão do diretor da PF em troca de uma vaga no Supremo. “A permanência do Diretor Geral da PF, Maurício Valeixo, nunca foi utilizada como moeda de troca para minha nomeação para o STF. Aliás, se fosse esse o meu objetivo, teria concordado ontem com a substituição do Diretor Geral da PF”, disse.

O líder do governo na Câmara, deputado Vitor Hugo (PSL-GO), defendeu Bolsonaro no Twitter, mas evitou entrar em detalhes sobre os argumentos do presidente.

“O presidente, em seu discurso, foi cirúrgico”, disse. O líder do governo aproveitou para criticar a oposição e governadores que tem se posicionado contra Bolsonaro. “A esquerda e a quase esquerda envergonhada defendem Moro agora e governadores pré-candidatos à Presidência da República oferecem vagas a todo ex-ministro”, disse.

O pronunciamento de Bolsonaro dividiu o PSL.

Ex-aliados do presidente da República na Câmara manifestaram apoio ao ex-ministro da Justiça. A líder do PSL, Joice Hasselmann (PSL-SP), publicou no Twitter: “Bolsonaro chamou Moro de mentiroso. O Brasil sabe quem é Sérgio Moro e agora tem provas de quem é Bolsonaro”, disse.

O deputado Julian Lemos (PSL-PB) foi na mesma linha. “Isso não é um pronunciamento de um Presidente, é uma tragédia! Espero que Jair Bolsonaro não parta para desmoralizar Sérgio Moro. Será o atestado de sua insanidade”, disse.

A deputada Carla Zambelli (PSL-SP), porém, defendeu Bolsonaro. Para ela, o interesse de Bolsonaro em ter acesso a investigações da PF era relativo a inquéritos que envolviam sua família.

“Assisti a coletiva de imprensa do presidente Bolsonaro e ele deixou bem claro que essas informações tinham a ver com as investigações que miravam para ele e para a família dele e acho que qualquer pessoa de família entenderia o que ele quis dizer ali. Não acho que o presidente quis saber de algo específico sobre as operações em andamento ou nada disso”, disse.

Oposição

Líderes da oposição viram nas declarações de Moro e Bolsonaro motivos para uma investigação por meio de Comissão Parlamentar de Inquérito ou até mesmo para o início de um processo de impeachment por crime de responsabilidade.

O líder do PSB, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), anunciou que o partido entrará com um pedido de impeachment contra Bolsonaro. “Também defendemos uma CPI”, disse.

A bancada do Psol também defendeu o impeachment e criticou a menção de Bolsonaro a Marielle Franco, vereadora do partido no Rio assassinada há dois anos atrás. No pronunciamento, o presidente deu a entender que a Polícia Federal dava mais importância à investigação do assassinato de Marielle que ao inquérito sobre a tentativa de assassinato de que foi vítima durante a campanha eleitoral.

Para o vice-líder do Psol Marcelo Freixo (Psol-RJ), Bolsonaro estaria com medo de eventual descoberta de envolvimento de seus filhos com milícias e com a propagação de fake News. “Não use o nome da Marielle como cortina de fumaça para seus crimes”, disse, no Twitter.

Inquérito

O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu a abertura de um inquérito ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o presidente Jair Bolsonaro para investigar as tentativas de interferência nos trabalhos da Polícia Federal, relatadas pelo ex-ministro Sergio Moro. No documento, Aras afirma que pode ficar caracterizado o crime de denunciação caluniosa, caso as declarações de Moro não se comprovem.

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