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Lollapalooza 2023: Trabalho escravo? Festival submete trabalhadores a condições semelhantes à escravidão

23 mar 2023, 16:34 - atualizado em 23 mar 2023, 16:34
Lollapalooza 2023
Lollapalooza 2023: O festival disse repudia o ocorrido e considera a ocasião como um fato isolado (Imagem: Divulgação/Time For Fun)

O Lollapalooza 2023 está dando o que falar e definitivamente não é por um bom motivo. Até o momento, os maus olhares para o festival de música só giravam em torno da frustração de fãs, por verem seus artistas cancelando os shows.

Contudo, esta semana o Lollapalooza foi flagrado submetendo seus trabalhadores a condições semelhantes à escravidão, conforme noticiou o Uol. O festival de música que acontece nesta sexta-feira (24) contratou funcionários sem nenhuma formalidade e sem os devidos registros trabalhistas.

De acordo com o site, cinco profissionais foram resgatados na última terça-feira (21). Uma das vítimas disse ao portal que eles tinham jornadas diárias de 12 horas, trabalhando como carregadores de bebidas.

Além disso, os trabalhadores também eram obrigados a ficar em uma tenda de depósito, dormindo em cima de papelão e de paletes para vigiar a carga, segundo um dos resgatados.

Lollapalooza 2023: Como foi o resgate?

A operação de resgate foi feita pela Superintendência Regional do Trabalho no Estado de São Paulo, ligada ao Ministério do Trabalho e Emprego.

Rafael Brisque Neiva, auditor fiscal do Trabalho também participou da operação, e disse que os trabalhadores tinham entre 22 e 29 anos.

“Dormiam dentro de uma tenda de lona aberta e se acomodavam no chão. Não recebiam papel higiênico, colchão, equipamento de proteção, nada”, afirma.

Segundo o Uol, os trabalhadores prestavam serviços para a empresa Yellow Stripe, uma terceirizada contratada pela Time For Fun, conhecida como T4F, dona do Loolapalooza Brasil.

As empresas foram obrigadas a ressarcir cada um dos cinco trabalhadores resgatados em cerca de R$ 10 mil, pelos salários devidos, além de verbas rescisórias e horas extras. Caso o Ministério Público do Trabalho entre com pedido de verbas indenizatórias, o valor pode aumentar.

Abusos

Além do que foi mencionado, os trabalhadores também disseram que eram ameaçados com a perda de seus empregos caso tentassem deixar o local após o expediente. Segundo o portal, o serviço de vigiar a carga nas tendas não havia sido previamente combinado com os funcionários.

Os trabalhadores relatam que os chefes diziam que quem precisava de dinheiro, ficaria a noite inteira no Autódromo de Interlagos.

“Eu, com aluguel atrasado, desempregado, cheio de conta para pagar e uma filha de 9 meses em casa, vou fazer o quê? Viver uma situação como essa em um festival desse tamanho é triste. Ninguém sai de casa para ser humilhado por ninguém, para ficar longe da família, mas a necessidade fala alto”, disse um deles.

O que havia sido prometido para os trabalhadores era um alojamento ou um hotel perto do local do show, para dormir enquanto durasse o trabalho, e uma diária de R$ 100. Contudo, no primeiro dia de trabalho furaram o combinado e disseram que os trabalhadores teriam de dormir na tenda. “Quando perguntei onde, me disseram: ‘desenrola uns papelões aí para você”.

Para tomar banho, os trabalhadores precisavam fazer uma longa caminhada até o alojamento que havia sido alugado para parte da equipe da Yellow Stripe, fora do autódromo. Caso os funcionários demorassem, o registro de água era desligado.

Posicionamento das empresas

O Lollapalooza disse em comunicado que é terminantemente proibido pela T4F que os trabalhadores durmam no local, o que fez com que fosse encerrada “imediatamente a relação jurídica estabelecida com a Yellow Stripe”.

O festival também disse repudia o ocorrido e considera a ocasião como um fato isolado. Além de mencionar que “seguirá com uma postura forte diante de qualquer descumprimento de regras pelas empresas terceirizadas”.

A Yellow Stripe disse que “cumpriu as determinações do Ministério do Trabalho, sendo que os empregados em questão foram devidamente contratados e remunerados”.

Repórter
Graduanda em jornalismo pela Universidade Estácio de Sá. Tem experiência cobrindo mercados, ações, investimentos, finanças, negócios, empreendedorismo, franquias, cultura e entretenimento. Ingressou no Money Times em 2021.
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