Coluna da Roberta Scrivano

Luiz Henrique Didier Jr: “Mercado de pagamentos digitais crescerá exponencialmente nos próximos anos”

06 dez 2022, 11:14 - atualizado em 06 dez 2022, 11:14
Luiz Henrique Didier Jr., CEO do Grupo Bexs, tem missão de conectar o Brasil ao mundo das tecnologias inovadoras de câmbio e pagamentos cross-border (Foto: Divulgação)

Comandada por Luiz Henrique Didier Jr. (CEO), o Grupo Bexs possui a missão de conectar o Brasil e o mundo através de tecnologias inovadoras de câmbio e pagamentos cross-border. O país tem muitas oportunidades de incrementar sua inserção internacional, seja em setores tradicionais, seja nos setores da nova economia.

Um dos principais braços da companhia é o Bexs Banco, que conta com mais de 30 anos de atuação no segmento de câmbio. O banco dispõe de uma equipe especializada para atender operações de importação e exportação, de investimentos, aporte de capital e transações que demandam estruturação. Além disso, oferece soluções digitais de Câmbio as a Service (via API) para negócios de alta escala, como fintechs e agrotechs.

Outra importante frente de atuação do grupo é a Bexs Pay, uma provedora de pagamentos digitais pioneira no modelo cross-border e totalmente conectada aos serviços financeiros do Bexs Banco. A plataforma oferece uma combinação única de soluções digitais cross-border, seja de processamento de pagamentos locais (payin) que em seguida são enviados ao exterior, ou de transações originadas em outros países e que devem alcançar empresas e pessoas no Brasil (payout). Ambas permitem que negócios digitais globais possam atuar no Brasil sem uma operação local.

Recentemente, o Grupo Bexs foi comprado pela Ebury – uma das maiores fintechs do mundo presente em 21 países e focada em transações internacionais para pequenas e médias empresas (PMEs). A negociação já foi validada pelo CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), mas ainda está sob aprovação do Banco Central do Brasil (BCB).

Na entrevista abaixo, Didier detalha a operação de Bexs e planos para o futuro, processo de fusão com Ebury e, ainda, cita tendências para os mercados de câmbio e pagamentos. Confira:

1 – Quais os principais motivos que o Grupo Bexs considerou para aceitar o M&A com a Ebury?

Ambas as empresas querem facilitar as operações que envolvem transações de pessoas e empresas no mundo inteiro, temos esse DNA em comum. Os pagamentos internacionais têm evoluído globalmente, mas no Brasil ainda há muito espaço para aprimoramento da regulação e é por isso que o BCB tem agido nesse sentido. O cenário é de integração mais efetiva e ter presença global é um ativo importante, a Ebury está em mais de 20 países.

O Bexs e a Ebury constataram que somos pioneiros em soluções de câmbio e cross-border. Nós a partir do Brasil, e eles num primeiro momento a partir da Europa, agora em outros países. Nossos produtos são complementares e os pontos fortes de cada organização formam um portfólio muito robusto para que empresas do Brasil, e do mundo inteiro, avancem seus negócios internacionais. Finalmente, ambos focam a atuação nas PMEs que atuam no comércio exterior e estão perseguindo uma jornada digital com esse foco cross-border. Nessa transação encontramos mais que um comprador, encontramos um parceiro estratégico.

2 – Quais os principais clientes e mercado de atuação do Bexs, considerando o Brasil e outros países?

No câmbio tradicional, nosso foco é o mesmo que a Ebury, PMEs que atuam no comércio exterior e refletindo as relações comerciais do país as transações estão concentradas na China, nos EUA e na Europa. O interessante aqui é que queremos aumentar o número de PMEs, são menos de 100 mil empresas sediadas no Brasil que atuam no comércio exterior e poderiam ser mais de 1 milhão.

No segmento que integra câmbio e pagamentos, nosso nicho é o das grandes plataformas digitais que têm como “core” o e-commerce e os serviços financeiros, as Fintechs. Pensando no mercado local voltado para o exterior também vamos encontrar agrotechs que podem fazer uso das nossas soluções. Nesses cases, oferecemos uma jornada única que contempla os métodos locais de pagamentos e o câmbio, os usuários dessas plataformas podem não perceber, mas estão fazendo uma transação internacional. Entre nossos principais clientes de grande porte temos o Nubank, a Avenue, TikTok, Kwai e o Boa Compra.

3 – Quais os principais diferenciais do Bexs em relação a outras empresas que atuam no mesmo mercado?

Nós temos um entendimento diferenciado da regulação, são mais de 30 anos no mercado de câmbio acompanhando as mudanças do mercado, nascemos juntos com a queda do muro de Berlim e a grande expansão do movimento de globalização.

Aprendemos a transformar esse conhecimento em soluções que atendem as PMEs, e especificamente, alguns setores ocupados por plataformas digitais de grande escala que atuam nos segmentos de e-commerce e fintechs. O know-how de câmbio foi transformado em APIs que permitem milhões de operações em um curto espaço de tempo, por exemplo, fomos pioneiros em integrar o câmbio às operações locais via o Pix.

4 – Atualmente, quais as principais tendências do mercado de câmbio e pagamentos?

A internacionalização do comércio via soluções digitais e escaláveis está avançando em diversos segmentos, começou no e-commerce, logo depois vieram os investimentos. Agora já temos os criptoativos, e o agro, que é particularmente um universo enorme, vai se inserir cada vez mais. Com o avanço da regulação, acreditamos que alguns segmentos de jogos com características de esporte também vão ser oferecidos na lógica cross-border. No caso dos jogos, com o avanço regulatório, nossas soluções de pagamentos poderão ser oferecidas permitindo maior segurança e transparência neste segmento.

5 – O mercado de câmbio e pagamentos digitais deve crescer globalmente nos próximos anos? Qual o potencial do Brasil neste setor?

No Brasil o e-commerce não alcançou o patamar de 10% ainda, nos EUA ele está próximo de 20% e na China já superou esses 20%. Em 2021, no e-commerce crescemos 34,9%, acima do Reino Unido, Argentina e até da Índia. Em especial, no cross-border, no qual sites estrangeiros oferecem produtos aos brasileiros, crescemos 60%, o dobro do e-commerce local. Ou seja, temos espaço para crescer o varejo online e a tendência é irreversível, a pandemia só se acentuou essa tendência.

Fora isso, ainda somos um país relativamente fechado, o comércio exterior representa 39% do nosso PIB, no Chile esse número é de 64% e no México de 82%. Em diversos setores, nativos digitais ou não, nós temos um espaço enorme de melhoria e de crescimento. De um lado a regulação está evoluindo, a população está ganhando maior acesso a serviços financeiros graças a soluções como o Pix e outras inovações feitas pelas Fintechs.

Neste contexto, o Bexs vai continuar trazendo soluções, customizadas ou para plataformas, para que mais setores e negócios internacionais avancem no Brasil, e para que nossos melhores produtos também alcancem o mundo. Já avançamos bastante, e estamos otimistas com o futuro, com a concretização da negociação com a Ebury vamos acelerar a integração do Brasil com o mundo cobrindo mais setores e de forma mais inclusiva, alcançando todos os segmentos da população brasileira.

 

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