Eleições 2022

Lula 2022: Mercado releva suas críticas à economia liberal, mas deveria mesmo?

18 fev 2022, 16:35 - atualizado em 18 fev 2022, 16:35
Lula não assusta mais o mercado.
Transparência: Lula não esconde seus planos de moderar o liberalismo que pauta a atual política econômica (Imagem: REUTERS/Carla Carniel)

À medida que consolida sua liderança nas pesquisas de intenção de voto, Luiz Inácio Lula da Silva se sente cada vez mais à vontade para criticar políticas caras ao mercado, como as privatizações e a paridade dos preços praticados pela Petrobras (PETR3; PETR4) com a cotação internacional do petróleo.

Por ora, o comportamento de ativos como as ações, a curva de juros futuros e o dólar indicam que o mercado encara tais posições como discurso de campanha. Uma vez declarada sua eventual vitória, Lula desceria do palanque e voltaria ao pragmatismo político que marcou seus oito anos de governo. Pelo menos, é o que esperam os “Faria Lulers”, a parte do mercado que já não teme um terceiro mandato do petista.

“Enquanto Lula repete tais declarações contrárias a interesses e pontos de vista predominantes no mercado financeiro, há uma nítida onda de abrandamento dos temores dos investidores a respeito do possível terceiro governo Lula”, afirma a MCM Consultores Associados, em sua carta semanal sobre política e economia.

A consultoria lembra que a expectativa de um Lula moderado no Palácio do Planalto foi endossada recentemente por ninguém menos que o próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

“Lula é mais moderado que PT”

“A transição de Lula para o centro político é inegável. Está cristalizada pelo arranjo, praticamente certo, de combinar Lula com Geraldo Alckmin na chapa presidencial petista”, acrescenta a MCM. Para a consultoria, isso não deveria ser uma surpresa, já que o ex-sindicalista, ao longo de sua carreira política, sempre foi mais moderado que o próprio PT (Partido dos Trabalhadores) que ajudou a fundar.

O problema, contudo, é que a moderação política, expressa pela praticamente consolidada aliança com Alckmin, não é garantia de que a área econômica ficará imune a mudanças. “A postura política conciliadora de Lula, aberta a alianças com forças de centro e até de centro-direita, não significa que ele e o PT abandonarão teses importantes na agenda econômica do partido e do próprio ex-presidente”, sublinha a MCM.

Entre as mudanças de rumo que poderão ocorrer, estão a interrupção das privatizações (e a MCM não descarta, inclusive, que Lula tente reverter a venda da Eletrobras), alterações na reforma trabalhista, nova política de preços para a Petrobras, aumento de gastos em políticas sociais e investimentos públicos, e refortalecimento do papel do BNDES como indutor de desenvolvimento.

Discurso às claras

A MCM ressalta, ainda, que Lula não está, em momento algum, escondendo o jogo. Todos esses itens foram objeto de declarações públicas recentes do ex-presidente. A consultoria afirma que esses pontos, “provavelmente, servirão de norte para a política econômica no provável terceiro governo de Lula”, mesmo que “adaptadas às circunstâncias econômicas e políticas vigentes durante os quatro anos do novo governo lulista”.

Apesar das prováveis mudanças na “moldura geral” da economia, a MCM não enxerga um cenário em que Lula simplesmente imploda as contas públicas – o maior temor dos investidores. “Isso não significa dizer que esse eventual governo daria as costas ao imperativo de combater o pessimismo quanto à sustentabilidade fiscal ainda que, para fazê-lo, possa recorrer a iniciativas em geral malvistas pelo mercado, como aumentar a carga tributária.”

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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