Mercados

Lula eleito no 1º turno é bom ou ruim para o mercado financeiro?

28 set 2022, 17:16 - atualizado em 28 set 2022, 17:21
Lula
Na possibilidade de o resultado das urnas ser contestado, um gestor disse não ver reflexo nos mercados. (Imagem: REUTERS/Suamy Beydoun)

O ex-presidente Lula (PT) liquidar a fatura no primeiro turno das eleições, neste domingo (2), é marginalmente positivo para o mercado financeiro no curto prazo, disseram analistas e gestores.

No entanto, a possibilidade é considerada remota por agentes do mercado, que preveem uma disputa acirrada no segundo turno e veem chances de uma contestação do resultado do pleito.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) tem declarado, sem provas, que haverá fraude nas urnas, enquanto o petista lidera a corrida eleitoral desde que recuperou os direitos políticos em meados de 2021.

Lula aparece com 52% dos votos válidos, ante 34% do atual mandatário, em pesquisa Ipec/Globo realizada entre 25 e 26 de setembro. Para vencer o primeiro turno, um candidato precisa de 50% dos votos válidos mais um.

Uma incerteza a menos

O gestor de renda variável da Daycoval Asset, Anand Kishore, disse que o término das eleições de 2022 no próximo dia 2 representaria uma incerteza a menos para os mercados, que gostam de previsibilidade.

No entanto, restaria saber qual seria a composição do novo governo – notadamente do Ministério da Economia – e a sua relação com o Congresso Nacional, destacou.

Kishore vê o Ibovespa avançando de forma mais consistente no primeiro trimestre do ano que vem, enquanto parte do mercado fala em um rali de fim de ano após as eleições.

Para o gestor da Skopos Investimentos Pedro Cerize, a vitória de Lula no primeiro turno geraria uma composição de governo menos amigável ao mercado. Mas ele ressalta que considera menos provável a hipótese de a eleição presidencial terminar no próximo dia 2.

No Twitter, ele disse acreditar que o ex-presidente teria de negociar mais alianças em um eventual segundo turno.

Um outro gestor, de uma casa com R$ 1,5 milhão, disse que não acredita em vitória no primeiro turno, mas que faria sentido pensar que, passada a eleição, a Bolsa teria espaço para subir.

Na avaliação desse gestor, que preferiu não se identificar, o Brasil está em uma situação econômica melhor do que a de países desenvolvidos.

A inflação global, segundo ele, favorece as exportadoras de commodities. De outro lado, disse, o fim do ciclo de aumento da Selic deve beneficiar companhias domésticas.

O Santander disse que os últimos quatro ciclos eleitorais no Brasil mostraram uma compressão de aproximadamente 60 pontos-base nos rendimentos dos títulos do governo nos três meses seguintes, abrindo caminho para a renda variável.

“Nossos dados indicam uma alta de 9% [para o Ibovespa] três meses após os resultados das eleições e uma compressão de aproximadamente 60 pontos-base nos rendimentos dos títulos do governo”, disse a estrategista de ações Aline de Souza Cardoso.

Na possibilidade de o resultado das urnas ser contestado, um outro gestor disse não ver reflexo nos mercados. Ele lembrou do que aconteceu nos Estados Unidos: a invasão do Capitólio – o centro legislativo do país – após a eleição do democrata Joe Biden não “fez preço” nos mercados.

“Para achar que vai fazer preço, teria que acreditar que haverá ruptura institucional”, disse. “Não parece que existe apoio do establishment [para um golpe]”, afirmou.

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Editor
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
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