Internacional

Macron é curinga em tentativa de acordo de Reino Unido com União Europeia

11 ago 2020, 15:02 - atualizado em 11 ago 2020, 15:02
Macron
Autoridades dizem temer que Macron queira ganhar votos ao fazer frente aos britânicos (Imagem: REUTERS/Christian Hartman)

Cada vez mais, parece que Emmanuel Macron tem a chave para determinar se o Reino Unido e a União Europeia conseguirão fechar um acordo comercial.

Autoridades de ambos os lados das negociações veem o presidente francês como o curinga que pode arruinar um acordo no último minuto se achar que há mais a ganhar ao recusar um compromisso.

Com a eleição presidencial na França a menos de dois anos e seus índices de aprovação em queda em meio à economia duramente atingida pelo coronavírus, autoridades dizem temer que Macron queira ganhar votos ao fazer frente aos britânicos.

Outra rodada de negociações terá início em Bruxelas na próxima semana, e ambas as partes esperam chegar a um acordo no início de outubro.

Embora negociadores do Reino Unido e da UE avancem lentamente rumo a um acordo, Macron e os outros líderes do bloco de 27 países mal prestaram atenção ao Brexit desde que as negociações sobre a futura relação entre os dois lados começou em março. Isso deve mudar ao longo do ano, quando terão que aprovar ou rejeitar um acordo.

Pescar votos

O que preocupa autoridades é que o maior obstáculo nas negociações é algo que tem significado relevante entre eleitores da classe trabalhadora francesa, que Macron mais precisa atrair: a pesca.

Igualmente, a campanha bem-sucedida do primeiro-ministro britânico Boris Johnson para o Brexit incluiu a promessa de cuidar dos interesses do setor de pesca do Reino Unido.

“A UE continua a insistir no acesso às águas de pesca do Reino Unido de uma forma que é incompatível com nosso futuro status como estado costeiro independente”, disse uma autoridade do governo do Reino Unido, que falou sob condição de anonimato. A pessoa não quis comentar sobre o papel de Macron nas negociações.

Sem um acordo sobre pesca, o pacto comercial geral pode não sair, o que significa que os dois lados começariam a negociar nos termos da Organização Mundial do Comércio com tarifas e cotas e com o colapso das relações em áreas que vão desde cooperação policial até padrões ambientais.

Quatro pessoas a par das negociações Reino Unido-UE, duas de cada lado, disseram que a incerteza sobre o que Macron pode fazer é mais do que uma preocupação passageira e que a questão foi discutida por autoridades britânicas e informalmente entre diplomatas da UE.

Um descreveu a situação como a tempestade perfeita de um presidente francês ansioso para ganhar apoio eleitoral, um primeiro-ministro britânico que pode se contentar com “nenhum acordo” e uma questão que é altamente simbólica para ambos os países.

Qualquer acordo “não pode levar à destruição parcial da indústria pesqueira da UE”, disse o negociador-chefe do bloco, Michel Barnier, após a última rodada de negociações em Londres no mês passado.

Ele acrescentou que era necessário proteger “os interesses de todos os estados membros”, obtendo uma “solução de longo prazo” para a pesca.

Um representante do Palácio do Eliseu não quis comentar, a não ser para dizer que Macron apoia totalmente Barnier e seu mandato de negociação.

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