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Maísa Oliveira: Com início de ciclo de alta de juros, crédito privado tende a ser investimento “coringa”

07 jan 2021, 13:18 - atualizado em 07 jan 2021, 14:01
“Alguns fatores serão cruciais para que novos rumos na economia sejam definidos com clareza”, comenta Maísa Oliveira, da Devant (Imagem: Divulgação/Devant Asset)

O que se sabe até agora sobre as perspectivas para os investimentos em 2021 é que, em algum momento, o Banco Central do Brasil deverá iniciar um novo ciclo de alta dos juros. Existem algumas especulações no mercado, mas não se sabe exatamente quando e em que velocidade as expectativas sairão do papel para se tornarem uma realidade em nosso dia a dia.

Alguns fatores serão cruciais para que novos rumos na economia sejam definidos com clareza. Um deles é se o avanço da Covid-19 será estancado de vez pelas campanhas de vacinação, iminentes no Brasil, e em que proporções e agilidade a imunização da população será realizada. Isso sem falar nas reformas estruturais que, com exceção das mudanças nas regras da Previdência, não evoluíram em 2020. Outro ponto de atenção diz respeito ao risco fiscal, cujo receio gira em torno de um potencial descontrole da dívida pública, fato que, em hipótese, impulsionaria a velocidade da elevação da taxa de juros.

Mas existe um consenso, que pode ser, em parte, um reflexo do otimismo brasileiro. O que se espera para este ano é que, mesmo em um cenário ainda incerto, tenhamos menos instabilidades no caminho do que no ano anterior. Isso porque nesse momento já é possível mensurar determinados riscos e avaliar a profundidade das consequências da pandemia em algumas áreas.

Algo que já é realidade e que podemos esperar com um pouco mais de intensidade para 2021 é o aumento da inflação. Em consequência, espera-se o fortalecimento das pressões para um aperto monetário, ou seja, uma alta na taxa básica de juros. E é nesse cenário que definiremos nossa estratégia de investimentos para o ano. Abaixo, veja algumas dicas práticas para montar e equilibrar a sua carteira:

  • Aproveite o momento para rever seu perfil de investidor. Após um período de várias incertezas e alguns sustos, pode ser mais fácil identificar qual a sua real disposição para assumir riscos;
  • Certifique-se de que sua reserva de emergência esteja alocada em ativos adequados, ou seja, investimentos com liquidez diária e baixo risco;
  • Para manter seu poder de compra, escolha produtos que possuam rendimentos atrelados à inflação. Nesse momento o crédito privado entra como um coringa. É possível encontrar ativos de renda fixa que remuneram a IPCA+ (híbrido de pós e pré-fixado) – e a parcela da remuneração em IPCA garante que o investimento não tenha juros reais negativos. Com essas características encontramos, por exemplo, as debêntures tradicionais e as debêntures incentivadas (rendimento isento de IR);
  • Separe uma parcela da carteira para o crédito privado com lastro imobiliário: os CRIs, são excelentes ativos para o cenário, geralmente estão indexados a índices de preços, principalmente IGP-M+ e IPCA+. Aqui existem opções para vários perfis, em fundos de renda fixa e em fundos imobiliários listados na B3;
  • Uma parcela em CDI também tem o seu valor. Investimentos em CDI+ são boas opções, assim como as debêntures, letras financeiras e alguns ativos de crédito estruturado como CRI e CRA. Como a expectativa é de aumento da Selic, a remuneração desses ativos acompanhará o índice;
  • Procure diversificar seus investimentos o máximo possível. A diversificação da carteira de investimentos mitiga os eventuais riscos intrínsecos do crédito privado, como a inadimplência, por exemplo.

A sugestão é que os ativos mencionados acima sejam acessados via fundos de investimentos, pois, além da diversificação de ativos, contam com gestão especializada.

Na Devant, continuamos com uma visão positiva para o ano. Ao analisar os números e resultados financeiros dos emissores de títulos de crédito privado que temos em carteira, observamos ótimos sinais e perspectivas. As empresas apresentam boa previsibilidade de geração de receita, além de bom acesso às instituições financeiras e mercado de capitais para o caso de renegociações de dívidas ou mesmo para o reforço de caixa.

Com isso, concluímos que o crédito privado segue como excelente alternativa para compor a carteira de investimentos. Estejam atentos às oportunidades nas debêntures incentivadas e principalmente no crédito estruturado, tendências para 2021!

Maísa Oliveira é Sócia e Relações com Investidores na Devant Asset. Tem mais de 10 anos de experiência no mercado financeiro. Iniciou sua carreira no Banco Bradesco em 2009, desenvolvendo atividades de Relações com o Mercado. Fez parte do time responsável pelo book de resultados trimestrais, teleconferência de resultados e demais materiais de suporte aos acionistas. Após quase cinco anos no Bradesco, atuou como RI na TRX Asset Management por mais cinco anos atendendo a investidores individuais, gestores de fundos e administradores. Possui graduação em Ciências Contábeis e atualmente cursa MBA em Investimentos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Maísa Oliveira é Sócia e Relações com Investidores na Devant Asset. Tem mais de 10 anos de experiência no mercado financeiro. Iniciou sua carreira no Banco Bradesco em 2009, desenvolvendo atividades de Relações com o Mercado. Fez parte do time responsável pelo book de resultados trimestrais, teleconferência de resultados e demais materiais de suporte aos acionistas. Após quase cinco anos no Bradesco, atuou como RI na TRX Asset Management por mais cinco anos atendendo a investidores individuais, gestores de fundos e administradores. Possui graduação em Ciências Contábeis e atualmente cursa MBA em Investimentos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
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