Economia

Menos JCP à vista? Entenda a nova proposta na mesa do governo (e as empresas que podem ser mais afetadas)

01 dez 2023, 11:54 - atualizado em 01 dez 2023, 11:58
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Governo estuda limitar JCP a 50% do lucro líquido (Imagem: REUTERS/Bruno Domingos)

As discussões envolvendo o destino dos juros sobre o capital próprio (JCP) não vêm de hoje. A possibilidade levantada em agosto de o governo extinguir o instrumento utilizado pelas empresas como forma de remuneração aos acionistas já assombrou (e muito) 0 mercado, com alguns setores, como os grandes bancos, saindo mais afetados em caso de eventual resolução.

Porém, o governo já deu a entender que avalia alternativas à extinção dos JCP. Informações mais recentes de minuta obtida pelo Valor Econômico sugerem que o Ministério da Fazenda, com o objetivo de impedir o “planejamento tributário abusivo”, concluiu o desenho das alterações no mecanismo de distribuição de proventos e tem pretenção de alterar a alíquota de cobrança sobre os valores distribuídos de 15% a 20%.

O plano envolve ainda a limitação do abatimento do lucro real auferido no período (anual ou trimestral) a 50% e a 50% das bases de cálculos, positivas ou não, do IRPJ das empresas controladas e coligadas, seguindo a proporção da sua participação acionária, segundo o jornal.

De acordo com o Valor, o governo enviou a minuta ao Legislativo e pretende incorporar a MP das subvenções a investimentos. A intenção é aprová-la ainda este ano, o que permitiria a entrada em prática a partir de 1º de janeiro de 2024.

Quem sai mais afetado?

Na avaliação da Guide Investimentos, as possíveis alterações são marginalmente negativas, mais para alguns setores do que outros.

“Na nossa visão, essas alterações elevariam a carga tributária de alguns setores em específico como o próprio setor bancário. Hoje, sendo um dos principais setores utilizadores desse mecanismo para redução da alíquota efetiva de imposto e representados pela figura da Febraban, o presidente desta, Isaac Sidney, afirma que medidas como essa podem encarecer o custo do crédito, caso não haja outro mecanismo de compensação”, destaca a corretora.

Para a Guide, as empresas mais impactadas proporcionalmente serão aquelas com maior carga de ágio no balanço, caracteristicamente as que realizam mais aquisições, além daquelas com maiores percentuais de payouts utilizando o mecanismo e os setores com maiores impostos. Novamente, os analistas citam o setor bancário.

A Guide lembra que a alíquota do setor bancário está atualmente em torno de 45% e o pagamento de proventos via JCP consegue reduzir parcialmente esta, uma vez que é contabilizado como despesa financeira e deduz a base de cálculo final do Imposto de Renda.

Uma boa notícia para Ambev

Na outra ponta, analistas da XP Investimentos veem a potencial limitação a 50% do lucro líquido como uma notícia marginalmente positiva para a Ambev (ABEV3), considerando que o mercado já esperava o pior cenário, com um efeito negativo de até 20% no lucro da companhia.

“Projetamos que essa nova regra cause um efeito negativo de ~8-10% no lucro líquido da Ambev, além de aumentar a alíquota tributária efetiva da Ambev para 9,8%, em linha com a alíquota tributária efetiva conservadora de 10% que estamos modelando para 2024, logo que já esperávamos efeitos negativos decorrentes das discussões tributárias”, diz o time de análise da corretora.

Negociada a 13,1 vezes P/L (preço sobre lucro) para 2024, a Ambev está com um valuation atrativo, na opinião da XP. Analistas preveem ainda uma sólida dinâmica de lucros no futuro para a cervejaria.

“Esperamos que a tendência ascendente da margem continue devido aos preços mais baixos das matérias-primas, enquanto a recente onda de calor deverá ser um impulsionador positivo para os volumes”, completa a XP.

*Com informações do Valor Econômico.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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