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Mercado Livre (MELI): O que esperar do balanço do 3T23, segundo a Genial

31 out 2023, 18:22 - atualizado em 31 out 2023, 18:22
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Mercado Livre divulga resultados nesta quarta-feira (1); saiba o que esperar (Imagem: Adobe Stock/Divulgação – Montagem: Giovanna Figueredo)

O Mercado Livre (MELI; MELI34) reportará seus números de receita e lucro no after market desta quarta-feira (1), no intervalo entre as decisões monetárias dos Estados Unidos e do Brasil.

Mas apesar da agenda cheia, a expectativa é que a varejista argentina volte a roubar a cena no noticiário financeiro, remetendo à tradição de bons resultados construída nos últimos trimestres.

O bom momento do Mercado Livre fica ainda mais evidente, quando contrastado à penúria das varejistas brasileiras.

Com Americanas (AMER3) em recuperação judicial e Casas Bahia (BHIA3) e Magazine Luiza (MGLU3) amargando altos níveis de endividamento, a empresa encontrou terreno favorável para a sua expansão no e-commerce brasileiro. 

Ao mesmo tempo, a sua operação de escala continental e menos dependente de estoques próprios tornou o Mercado Livre mais resiliente diante do cenário macroeconômico mais desafiador.

No acumulado do ano, as ações da gigante negociadas na Nasdaq avançaram 50%; já a a BDR MELI34, negociada na B3, subiu pouco menos do que 40%.



Mas será que a empresa conseguiu confirmar a mística de números praticamente infalíveis no terceiro trimestre de 2023? Confira os destaques levantados pela Genial Investimentos.

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Mercado Livre no 3T23: 4 destaques para ficar de olho

1. E-commerce: México continua como grande destaque; Meli cresce na Argentina com inflação

Para a Genial Investimentos, o maior impulso para a divisão de e-commerce do Mercado Livre se dará no México, replicando o que foi observado no último trimestre.

O comércio eletrônico na segunda economia da América Latina é um dos que mais crescem na região e o Mercado Livre tem se posicionado para capitalizar esta tendência, aumentando a sua penetração logística no mercado mexicano.

A Genial estima um crescimento anual de 54% da receita com o total de mercadorias negociadas (GMV, na sigla em inglês), na comparação anual, chegando a US$ 2,5 bilhões.

Na Argentina, o GMV da companhia deve ver aceleração a partir do nível de preços, enquanto o número de itens vendidos com sucesso tem se mantido relativamente estável.

“Sendo um líder do setor no país e uma plataforma “top of mind” para consumidores, o Mercado Livre tem conseguido sustentar um crescimento acima da inflação ao longo deste ano. Esperamos a continuidade dessa dinâmica para esse trimestre”, diz a Genial.

2. E-commerce: Brasil vê desaceleração com piora da dinâmica setorial e efeito Americanas mais discreto

No Brasil, onde o Meli já é líder de mercado, a casa de análise projeta uma desaceleração nas vendas, com a receita crescendo 23.5% na comparação anual — caso confirmado, o número seria inferior ao crescimento anual de 29% visto no 1T23 e de 24% visto no 2T23.

A projeção da Genial leva em conta o último relatório de e-commerce da Conversion. Segundo a agência de SEO, o número de acessos mensais apresentou uma trajetória descendente ao longo do trimestre, enquanto o faturamento do setor teve uma retração de 12% em junho, seguida por apenas leves acelerações de  5,5%  em agosto e 6,9% em setembro.

“Nossa visão é que o Mercado Livre deve continuar superando seus pares nacionais, mas acreditamos que o cenário setorial deve desacelerar o nível de crescimento do GMV”, diz o comentário.

Segundo a Genial, este contexto mais desafiador para o consumo pode ter impactado categorias com alta penetração do Mercado Livre, como os eletrônicos, que representam cerca de 50% da venda online da plataforma.

A Genial também atribui parte dessa desaceleração à perda de ímpeto do fluxo proveniente do “Evento Americanas” no início do ano, em alusão à crise em que a rival mergulhou, após a descoberta de fraudes contábeis bilionárias. A transferência de mercado ocasionada pela recuperação judicial da varejista brasileira pode ter atingindo um platô no último trimestre.

Para os analistas, embora se reconheça uma desaceleração no mercado brasileiro, ela não deverá ser suficiente para ofuscar a projeção de forte crescimento da receita líquida na divisão global comércio eletrônico.

Para o terceiro trimestre, estima-se um crescimento de  37% no confronto anual da receita líquida do Meli, ou US$ 2,0 bilhões.

3. Aumento de despesas com campanhas de marketing, investimentos em P&D e provisão de devedores

Do lado dos custos operacionais, a Genial atenta para um aumento das despesas de marketing voltadas à promoção do programa de fidelidade “Meli+”, um rebranding em relação ao antigo nome, Nível 6.

“Estimamos despesas de marketing e vendas chegando a 12,5% da receita líquida, contra 11,2% no trimestre anterior”, dizem os analistas.

Além disso, a empresa deve continuar aumentando os gastos com Pesquisa & Desenvolvimento (P&D), à medida em que o Mercado Livre segue aumentando o seu efeito e trabalhando no desenvolvimento e inovações dos produtos para suas diferentes linhas de negócios.

Também deverá por pressão sobre a margem operacional, o aumento da provisão para devedores duvidosos (PDD) no segmento de crédito da companhia.

“Considerando o ritmo levemente maior de originações, aliado ao gradual aumento de exposição a merchants e consumidores de médio risco, esperamos observar um aumento no montante provisionado”, avalia a Genial.

4. Mercado Crédito: Expansão da carteira de crédito

A Genial aponta para uma retomada do crescimento da carteira de crédito neste trimestre, impulsionada principalmente pela aceleração das operações no Brasil e no México.

“Projetamos uma carteira consolidada atingindo o patamar de US$3,7 bilhões, alta de 32% no confronto anual e 12,7% no confronto trimestral”.

Segundo os analistas, a companhia não vê sinais negativos que indiquem a necessidade de reduzir o ritmo de concessão, abrindo caminho para uma expansão mais expressiva da carteira no terceiro trimestre quando comparada ao ritmo de crescimento apresentado nos últimos trimestres

No Brasil, a performance das novas safras da carteira de cartão de crédito tem gerado confiança no processo de scoring de crédito, estimulando a emissão de cartões no país desde o último trimestre.

Mercado Pago deve ver queda no número de "maquinhas", em convergência com setor
Ponto de atenção: transferência de clientes da Americanas para o Mercado Livre pode ter chegado ao fim (Imagem: REUTERS/Agustin Marcarian/File Photo)

Mercado Livre, o banqueiro do Monopoly

Na conclusão da sua prévia sobre os resultados trimestrais do Meli, a Genial reitera a sua recomendação de compra para as ações do Mercado Livre. Entre os fatores elencados para o otimismo com a companhia estão:

  • i) ganho de market share em México, Brasil e Argentina e potencial monetização do marketplace via oferta de produtos e serviços que adicionam valor à oferta (Ads, Logística, etc.);
  • ii) aceleração da operação de crédito, que deve elevar o ritmo de crescimento da Fintech ao longo dos próximos trimestres.
  • iii) lançamento de produtos complementares deve ajudar a Companhia a navegar o cenário competitivo da adquirência e acelerar o crescimento desse negócio em paralelo ao movimento up-market em relação aos merchants
  • iv) novas funcionalidades no Mercado Pago podem guiar um aumento no número de usuários das contas digitais, criando um cenário favrável de crescimento de volumes nesta vertical

“Se o Mercado Livre estivesse jogando ‘Monopoly’ , certamente seria o banqueiro”, destaca a Genial na conclusão do seu comentário.

 

 

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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