Comprar ou vender?

Mercados estão descolados da realidade e é hora de cautela, aponta Banco do Brasil

15 jun 2020, 16:40 - atualizado em 15 jun 2020, 16:40
Mercados - Ibovespa
O BB ressaltou que as diversas revisões baixistas nas perspectivas de crescimento da economia trarão impactos nos lucros das empresas, afetando a precificação do Ibovespa (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Nas últimas semanas, vimos uma explosão de otimismo entre as Bolsas: o Ibovespa (IBOV) raspou os 97 mil pontos, embora tenha caído na última semana, e Wall Street disparou, com a Nasdaq, Bolsa que abriga as empresas de tecnologia dos Estados Unidos, batendo dois recordes seguidos. Nem parecia que estávamos vivendo uma pandemia que vitimou mais de 400 mil pessoas no mundo.

Afinal, esse crescimento é sustentável? Para o BB Investimentos, não. Em relatório divulgado na última semana, a gestora do Banco do Brasil afirma que a euforia dos mercados não reflete o real cenário de retomada.

“O trimestre corrente deve apresentar uma das maiores quedas já registradas no PIB e confirmar, assim, o cenário de recessão técnica neste primeiro semestre”, afirma.

O BB também ressaltou que as diversas revisões baixistas nas perspectivas de crescimento da economia, que são observadas desde o início da pandemia, trarão impactos nos lucros das empresas, afetando a precificação do Ibovespa.

“O fato de o índice estar sendo negociado no mesmo patamar que se observava no início pandemia no país, próximo de romper novamente a barreira dos 100 mil pontos, requer uma maior dose de cautela, em nossa visão, pois a divulgação de dados negativos da atividade econômica pode acabar frustrando as expectativas, levando a uma devolução das recentes altas”, enfatiza.

Atividades 28% abaixo do normal

Para tentar compreender o real impacto da paralisação provocada pelo coronavírus na economia, o BB desenvolveu um método para mensurar o nível de atividade econômica.

O indicador varia numa escala de 0 a 100, sendo que, no nível 0, a economia ainda estaria completamente parada, enquanto no nível 100, já teria retornado ao patamar pré-pandemia.

Coronavírus
“Considerando a evolução do indicador, percebemos que o retorno à normalidade tende a ocorrer de forma gradual, na medida em que as autoridades flexibilizar as restrições”, destaca (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

De acordo com o modelo, as atividades no país apresentaram uma queda abrupta a partir da terceira semana de março, atingindo o seu pior momento no dia 29 daquele mês, quando se encontrava cerca de 48,0% abaixo do nível normal, ou seja, no nível de 52,0 na escala.

Em seguida, foi observada uma reabertura gradual que, por ora, se encontra 28,3% abaixo da normalidade, com tendência de alta.

“Considerando a evolução do indicador, percebemos que o retorno à normalidade tende a ocorrer de forma gradual, na medida em que as autoridades flexibilizar as restrições”, destaca.

O modelo considerou os seguintes dados: faturamento no comércio varejista, injeção de carga de energia no Sistema Integrado Nacional (SIN), índice de mobilidade urbana, fluxo de veículos nas rodovias, número de decolagens de aeronaves dos principais aeroportos do país, índice de isolamento social e mecanismos de busca por assuntos relevantes da economia, em especial no setor de serviços e corrente de comércio do país.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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