Economia

Mesmo com Selic em menor patamar desde 2022, Brasil está entre maiores juros reais do mundo

04 fev 2024, 12:00 - atualizado em 02 fev 2024, 15:51
taxa selic xp copom juros
A Selic está em seu menor patamar desde março de 2022, mas juros reais colocam o país entre os mais altos do mundo. (imagem: Getty Images)

Na quarta-feira (31), o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic em 0,50 ponto percentual. Com isso, a taxa básica de juros saiu do patamar de 11,75% para 11,25%.

Trata-se do mais baixo desde março de 2022, quando os juros passaram de 10,75% para 11,75%.

No entanto, isso não foi suficiente para tirar o Brasil da lista de países com maiores juros reais do mundo. Em um ranking mundial elaborado pelo Portal MoneYou, o Brasil aparece em segundo lugar quando o assunto é juro real.

Agora, o juro real brasileiro está em 5,95% ao ano, abaixo do juro do México que está em 6,49% e ocupa a primeira posição da lista. Até dezembro do ano passado, Brasil estava na liderança, com uma taxa de 6,11%.

Confira o ranking

País Juro real
México 6,49%
Brasil 5,95%
Colômbia 4,81%
Turquia 3,78%
Indonésia 3,48%
República Checa 2,46%
Chile 2,45%
África do Sul 2,29%
Hong Kong 2,27%
Hungria 2,26%
Rússia 2,04%
Estados Unidos 1,73%
Nova Zelândia 1,70%
Filipinas 1,65%
Dinamarca 1,58%
Itália 1,47%
Holanda 1,32%
Israel 1,32%
Coreia do Sul 1,12%
Grécia 1,07%
Malásia 1,03%
Índia 1,02%
Portugal 0,97%
China 0,94%
França 0,92%
Alemanha 0,87%
Bélgica 0,87%
Suécia 0,72%
Austrália 0,68%
Polônia 0,68%
Espanha 0,68%
Tailândia 0,55%
Reino Unido 0,46%
Áustria 0,38%
Cingapura 0,06%
Canadá 0,05%
Taiwan -0,31%
Suíça -0,64%
Japão -2,24%
Argentina -31,15%

O que é juro real?

Para chegar ao número do juro real, é preciso descontar do juro nominal (a Selic) o Índice de Preços Ao Consumidor Amplo (IPCA) prevista para os próximos 12 meses. Esse juro é o que representa a rentabilidade real de um investimento, uma vez que já considera o que foi perdido para a inflação.

Nem sempre o Brasil esteve no topo do ranking de juro real. Em meados de 2018, por exemplo, esse valor girava em torno de 2%, já que a inflação estava em 3,75% e a Selic em 6,5%.

Fiscal está travando queda da Selic?

Segundo o levantamento, o cenário para a aceleração do corte de juros continua retido pela questão fiscal, a insistência arrecadatória do governo e nenhuma sinalização de controle de gastos.

Tudo isso se choca com a série mais recente de indicadores inflacionários, especialmente o IPCA-15, que trouxe uma sensível melhora e abre espaço para cortes mais intensos, apesar do núcleo não tão bom.

Juros reais: Entenda o impacto nos investimentos e crédito

A queda nos juros reais em si é boa porque quer dizer que não temos o maior juro do mundo, mas ainda ocupamos a segunda posição.

Dependendo do lado que se olha, ter um juro real alto pode ser bom ou ruim. Por um lado, o país pode ter um maior fluxo de dólar porque o sonho dos investidores é rentabilidade alta e tendem a se aventurar em países com um juro real robusto.

Dólar entrando significa câmbio caindo. Essa queda não é boa apenas para que está pensando em viajar. O Brasil é um país que importa produtos manufaturados e algumas matérias-primas, por isso, quando o câmbio está alto, o custo de produção industrial e itens já prontos sobem.

Essa elevação afeta a inflação, que sobe junto. Agora, quando a moeda americana cai, a tendência é que os preços caiam juntos, aliviando o IPCA.

No entanto, essa atração de capital estrangeiro pode ser impactado pelos juros americanos. Na semana passada, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) elevou a meta da taxa de juros de referência do Federal Reserve em 0,25 ponto percentual, nesta quarta-feira (03).

A taxa agora se encontra no intervalo entre 5% e 5,25% após a segunda reunião do Fed em 2023. Com isso, os investidores tendem a migrar os seus investimentos para o EUA. Afinal, a rentabilidade é em dólar.

Por outro lado, o juro real tem um efeito de desaceleração da economia, assim como a Selic. Isso porque quando os juros sobem, o empréstimo fica mais caro e isso se resulta em uma queda no consumo das famílias e redução dos investimentos por parte das empresas.

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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