CryptoTimes

Mineradores chineses de bitcoin se preparam para impacto de incerteza regulatória

24 maio 2021, 16:50 - atualizado em 24 maio 2021, 16:50
Mineradores chineses ou terão de migrar suas operações para o exterior ou vender suas máquinas (Imagem: Pixabay/InstagramFOTOGRAFIN)

Comentários realizados durante uma reunião do Conselho do Estado da China sobre a repressão a atividades de negociação e mineração de bitcoin (BTC) gerou inquietação em mineradores locais de bitcoin no último fim de semana.

Embora a regulamentação ainda não tenha entrado em vigor, a suspensão já está fazendo alguns mineradores de bitcoin entrarem em pânico. Alguns já começaram a vender suas moedas enquanto outros estão migrando suas operações para o exterior.

“Nas últimas 48 horas, mineradores chineses já começaram a acelerar o processo de migração para outros países”, tuitou Mustafa Yilham, que lidera a operação estrangeira na Bixin, antiga empresa de mineração de bitcoin na China.

“Também haverá altas quantidades de máquinas de bitcoin à venda.”

“Haverá ações repressivas nas próximas semanas. Ninguém sabe o que acontecerá neste momento. A incerteza está gerando um sentimento pessimista entre mineradores chineses”, acrescentou Yilham.

Dovey Wan, sócia-fundadora do Primitive Ventures, tuitou que ela já recebeu mensagens de mineradores locais que pretendem vender suas máquinas ou enviá-las ao exterior.

Ela deu o exemplo de um conjunto de 20 mil máquinas de mineração — os modelos 319s da Antminer e M20s da WhatsMiner — à venda.

 

Até agora, o pool de mineração chinês BTC.top — que possui cerca de 1,5% da taxa de hashes total da rede — disse que sua subsidiária que fornece serviços de corretagem de equipamentos de mineração B.top irá suspender o atendimento a clientes chineses.

A corretora cripto Huobi, que também possui um pool de mineração, contou ao The Block que também irá suspender seu serviço para novos usuários chineses, mas que seu serviço de pool de mineração ainda continua funcionando.

Na última sexta-feira (21), o Conselho do Estado da China publicou as notas sobre uma reunião recente, realizada por seu Comitê de Desenvolvimento da Estabilidade Financeira, que mencionou que a repressão à mineração e à negociação de bitcoin faz parte de suas prioridades futuras para evitar riscos financeiros. Mas ainda não se sabe o que exatamente serão essas medidas de repressão.

Tokens lastreados à taxa de hashes do protocolo Bitcoin

As preocupações sobre uma possível redução da mineração de bitcoin na China, que pode diminuir a taxa de hashes do Bitcoin, também impactaram os tokens lastreados à taxa de hashes.

Esses tokens são emitidos por mineradores e lastreados por uma quantia específica de poder de hashing.

Detentores do token recebem recompensas de mineração correlacionadas à quantidade de poder de hashing que seus tokens representam. Oferecem uma maneira de obter exposição ao processo de mineração de bitcoin.

A oscilação do pBTC35A, token lastreado à taxa de hashes do bitcoin e lançado pelo pool de mineração Poolin, pode ser um indício do sentimento negativo que se espalhou na comunidade local de mineração e negociação no fim de semana, pois grandes detentores do pBTC35A ficaram assustados com o comentário do Conselho do Estado chinês.

O preço do pBTC35A ainda estava em US$ 102 antes da notícia surgir, ainda maior do que o preço inicial de venda da Poolin de US$ 100. Porém, desde então, caiu em mais de 30% para US$ 69; seu preço é de US$ 77 neste momento.

No fim de semana, os dois maiores vendedores do pBTC35A na corretora descentralizada Uniswap se livraram de 6,1 mil unidades do token de taxa de hashes, que totalizavam mais de 2% de seu fornecimento em circulação.

Os detentores do pETH18C, token da Poolin lastreado à taxa de hashes da Ethereum, também enfrentaram grandes liquidações. Está sendo negociado na Uniswap por US$ 18, uma queda de 43% de seu preço inicial de US$ 30.

Dito isso, o staking no blockchain do token pETH18C para obter rendimentos de wrapped bitcoin (wBTC) por meio do protocolo Mars do Poolin não foi afetado.

Na verdade, a taxa geral de hashes do bitcoin se manteve estável, em 143 exahashes por segundo (EH/s), no final de semana. A média móvel de três dias da taxa de hashes do bitcoin já caiu durante o mês para 145 EH/s da quinta-feira (20).

Como consequência, o intervalo médio da produção de bloco da rede Bitcoin desde o último ajuste de dificuldade, em 13 de maio, foi de aproximadamente 11,8 minutos, quase 20% mais demorado do que os dez minutos previstos por bloco.

Isso significa que o ajuste de dificuldade terá uma queda significativa nos próximos seis dias.

Na verdade, Poolin disse que já está focando em trabalhar com fazendas estrangeiras de mineração para distribuir seu negócio em âmbito global. Isso faz parte de seu plano comercial desde sua conferência de mineração em abril.

Diversos palestrantes afirmaram que a longa dominância chinesa pela taxa de hashes do bitcoin já está diminuindo em meio à ascensão dos mineradores institucionais da Europa e da América do Norte.

Além disso, o acidente em Xinjiang de abril forçou a maioria das fazendas de mineração da região a desligarem suas operações por uma semana, apresentando a instabilidade do governo local.

Além de impactar a comunidade de mineração, a reunião do Conselho do Estado também teve impacto imediato no mercado cripto como um todo. Isso afetou bastante tokens de corretoras, conforme aqueles operados pela Huobi, OKEx e Binance caíram mais de 30% no fim de semana.

A taxa de câmbio entre tether (USDT) e o yuan (CNY) em mesas de mercado de balcão (OTC) ainda está a um prêmio negativo em comparação à taxa de câmbio do dólar americano (USD) contra o yuan.

Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.