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Minorias querem disputar mercado de títulos com Wall Street

17 dez 2020, 14:51 - atualizado em 17 dez 2020, 14:51
Mercado de Ações
A razão é que essas firmas não têm pessoal nem capital para enfrentar bancos de investimento maiores e mais ricos. Mas isso não as impediu de buscarem mais negócios (Imagem: Pixabay)

Os grandes nomes eram conhecidos: JPMorgan Chase, Goldman Sachs, Morgan Stanley. Também havia o Blaylock Van.

O minúsculo banco de investimento conseguiu participar da emissão de títulos de US$ 10 bilhões em agosto da Alphabet com um diferencial: diversidade.

Há décadas subscritores controlados por minorias, como o Blaylock, buscam ganhar mais do que uma pequena fração dos acordos em sua arena tradicional, o mercado de títulos municipais de US$ 3,9 trilhões dos EUA.

Agora, em meio à discussão nacional sobre racismo e desigualdade, essas pequenas firmas esperam que as empresas as contratem com mais frequência para subscrever títulos corporativos em um mercado que é quase duas vezes maior.

As perspectivas são assustadoras. Embora muitos estados e cidades tenham se comprometido a alocar ofertas para subscritores de minorias, essas empresas ainda respondem por apenas 5% de todas as emissões municipais. Sua participação nas vendas de títulos corporativos é ainda menor: de 2% a 3%.

A razão é que essas firmas não têm pessoal nem capital para enfrentar bancos de investimento maiores e mais ricos. Mas isso não as impediu de buscarem mais negócios.

O minúsculo banco de investimento conseguiu participar da emissão de títulos de US$ 10 bilhões em agosto da Alphabet com um diferencial: diversidade (Imagem: Pixabay)

“As coisas estão mudando? Sim. É lento? Sim, é”, disse Eric Van Standifer, fundador e CEO do Blaylock, acrescentando que houve avanço significativo nos últimos meses. “Eles ainda nos dão migalhas, só que mais migalhas.”

A empresa de Van Standifer foi um dos 15 subscritores com diversidade que receberam um recorde de US$ 4 milhões em comissões totais da Alphabet.

O equivalente a uma média de US$ 260 mil por empresa que distribuiu cerca de US$ 40 milhões cada. Mas o valor empalidece em comparação com o que JPMorgan, Goldman Sachs e Morgan Stanley arrecadaram: US$ 7,25 milhões cada um pela venda de cerca de US$ 1,1 bilhão em títulos.

Embora os subscritores de minorias estejam se beneficiando de uma atenção renovada às questões de justiça social após a morte de George Floyd, eles dizem que as barreiras institucionais os impedem de ganhar uma fatia maior do mercado de dívida corporativa.

Nenhum obstáculo é maior do que as enormes unidades de empréstimos dos grandes bancos, que podem fornecer financiamento barato a empresas com a expectativa de, em troca, ganhar negócios de banco de investimento mais lucrativos.

Isso automaticamente coloca as empresas sem unidades de banco comercial em desvantagem, garantindo que pesos-pesados como JPMorgan e Bank of America mantenham o controle do mercado de dívida corporativa.

“Para alguns emissores, se você não emprestar, não pode estar na oferta”, disse Christopher Williams, presidente do conselho da Siebert Williams Shank & Co.

Empresas com diversidade argumentam que podem coordenar grandes ofertas. Destacam a emissão de títulos de US$ 1,2 bilhão da seguradora Allstate, maior venda corporativa já coordenada apenas por grupos considerados diversos, e a coordenação da Loop Capital Markets, de Chicago, da oferta de títulos de dívida de US$ 780 milhões de Ohio.

A Verizon Communications escolheu a Loop para coordenar uma emissão de títulos lastreados em ativos em novembro, a primeira desse tipo liderada por um banco controlado por afro-americanos.

“Precisamos fazer nossa parte para avançar em direção a uma maior igualdade racial em Wall Street”, disse Scott Krohn, tesoureiro da Verizon, depois que a empresa contratou bancos com diversidade em uma emissão de títulos verdes de US$ 1 bilhão em setembro.

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