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Na boca do jacaré: Quem tem sangue-frio pode lucrar mais de 100% com esta ação, projetam analistas

12 jan 2024, 15:55 - atualizado em 12 jan 2024, 16:58
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No ano, a MRV acumula queda de 26%, realizando parte do ganho de 2023, quando subiu mais de 30% (Foto: Flávya Pereira/Money Times)

A MRV (MRVE3) divulgou a sua prévia operacional após boatos de que a empresa iria diminuir as projeções (guidance) para 2024, enquanto entregaria números fracos no quarto trimestre de 2023. A segunda previsão não se concretizou, porém.



De acordo com analistas, a construtora fez a lição de casa e reportou cifras decentes, com geração de caixa no positivo pela primeira vez em três anos. Contudo, isso não impediu as corretoras de cortarem preço-alvos e expectativas para o ano. Além disso, foram enfáticas ao alertarem que a ação continuará sofrendo no curto prazo.

No ano, a MRV acumula queda de 26%, realizando parte do ganho de 2023, quando subiu mais de 30%. Só na sessão de ontem, o papel tombou 11% e perdeu R$ 629 milhões em valor de mercado. No ano, a cifra chega a R$ 1,59 bilhão.

Para a XP, a empresa trouxe dados operacionais ligeiramente positivos, parcialmente compensados por um cenário de queima de caixa ainda pressionado (embora melhor) nas operações brasileiras.

“Os lançamentos tiveram um desempenho moderado no trimestre (queda de 25% no ano e alta de 14% no trimestre) para focar na recuperação da rentabilidade, em nossa opinião. As vendas líquidas foram recordes, aumentando 55% no ano e levando o VSO (velocidade de vendas) a 31,1%, o que consideramos forte”, explica.

O Santander também pontua que as vendas líquidas contratadas tiveram um desempenho forte, impulsionados positivamente pela venda de unidades para o Programa Pode Entrar (não incluído nas estimativas da corretora) e fortes melhorias na acessibilidade dentro do programa Minha Casas, Minha Vida.

“A MRV reportou números operacionais sólidos, liderados por uma combinação de vendas pré-vendas robustas e melhorias contínuas no consumo de caixa operacional de sua divisão de desenvolvimento imobiliário no Brasil”, discorre.

Na visão do BTG, a companhia reportou sólidos resultados no quarto trimestre, com forte crescimento de vendas e um bom resultado de FCF (fluxo de caixa).

Itaú tesoura MRV sem dó

O Itaú BBA aproveitou o momento para revisar as estimativas da empresa no ano. A corretora cortou projeções de lucro líquido em aproximadamente 40%, para R$ 370 milhões em 2024 e R$ 670 milhões em 2025.

A revisão reflete:

  1. um menor volume de vendas na divisão Resia, devido a um ambiente ainda desafiador para habitação nos EUA (sem lucros para Resia em 2024); e
  2. maiores despesas financeiras, principalmente devido aos juros relativos às obrigações de cessão de crédito;

Além disso, os analistas liderados por Daniel Gasparete cortaram o preço-alvo para R$ 12, mas mantiveram a recomendação de desempenho acima do mercado, o que equivale à compra.

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Já o Santander manteve a recomendação outperform, equivalente à compra, dada a melhoria contínua no lado operacional  (Foto: Flávya Pereira/Money Times)

Quem tiver paciência, pode lucrar com MRV

Para o BBA, embora possa levar algum tempo para os investidores entrarem novamente no MRV, há risco de queda limitado para o preço das ações depois da recente queda.

Além disso, os analistas citam o momento operacional positivo da empresa (conforme demonstrado na boa previsão operacional), que deverá apoiar a recuperação e boas notícias que podem chegar da sua empresa nos Estados Unidos.

Já o Santander manteve a recomendação outperform, equivalente à compra, dada a melhoria contínua no lado operacional e a avaliação atraente dos números de 2025. Porém, a corretora é categoria: o investidor precisará ter paciência com atual momento.

“Acreditamos que o desempenho das ações no curto prazo deve permanecer desafiador, apesar de uma sólida previsão operacional, dadas as preocupações associadas à revisão negativa dos lucros causada pelo aumento da margem bruta mais lento do que o esperado ao longo de 2024 e pelas despesas financeiras superiores ao estimado associadas à venda de recebíveis”, completa.

O Bradesco BBI vai pelo mesmo caminho ao afirmar que a MRVE3 teve uma semana de negociações terrível, devido aos temores de uma possível queda na expectativa do consenso para o LPA (lucro por ação) de 2024, desencadeada pela publicação de uma orientação de Ebitda mais fraca do que o esperado pela Tenda (TEND3) no início desta semana.

“Acreditamos que o turnaround da MRV superou seu ponto crítico em 2023 e os números operacionais de hoje reforçam essa percepção. No entanto, ainda entendemos que 2024 ainda é um ano de transição em seu resultado, já que a MRV ainda não concluiu a construção (e reconhecimento de margem) de seus projetos de baixa margem 2021-22, com crescimento significativo do LPA contratado para 2025 (de +98% em base anual em 2025, pela estimativa do Bradesco BBI)”, completa.

Para os analistas, o que interesse agora não é 2024, já que a projeção do lucro líquido atual de R$ 521 milhões significa 9 vezes o múltiplo P/L (preço sobre o lucro) esperado para 2024, o mais alto entre concorrentes de baixa renda (portanto, não é um motivo para comprar).

Por outro lado, as estimativas para 2025 mostram um P/L esperado em atraentes 4,5x.

“Em suma, a queda dos lucros prejudicará provavelmente o dinamismo da MRVE3, que já é assombrada pelas incertezas contínuas nas operações da Resia nos EUA. Por outro lado, do ponto de vista de valor, ainda vemos uma assimetria altamente positiva no caso, e acreditamos que uma vez que as expectativas da MRV Brasil se acalmem (mesmo que abaixo da expectativa do Bradesco BBI) e o duvidoso impulso macro da Resia eventualmente cesse, vemos espaço para um desbloqueio significativo de valor em MRVE3, provavelmente com o maior potencial de valorização em nossa cobertura”, completam.

Veja as recomendações

Corretora Recomendação Preço-alvo Potencial*
Bradesco BBI Compra R$ 17 100%
Santander Compra R$ 16 88%
Itaú BBA Compra R$ 12 41%
BTG Compra R$ 17** 100%
XP Compra R$ 17 100%

*calculado com base do fechamento de quinta-feira (11)

**o BTG planeja revisar os números em breve

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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