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Nada importa para os bancos: lucro global atinge recorde de US$ 170 bilhões

03 ago 2021, 18:14 - atualizado em 03 ago 2021, 18:14
Deutsche Bank
Bancos com unidades de gestão de patrimônio e de ativos se beneficiaram de mercados acionários dinâmicos em meio à recuperação da economia mundial (Imagem: Bloomberg)

Por Harriet Habergham

Funcionários esgotados, problemas para a volta ao escritório e novas ondas de Covid-19. Nada disso importa. Uma simples realidade se destaca para os maiores bancos de investimento globais: estão ganhando dinheiro como nunca.

Com a temporada de balanços perto do fim, um lucro combinado de mais de US$ 170 bilhões entre os maiores bancos nos últimos quatro trimestres mostra o quão longe o setor caminhou desde os primeiros estágios da pandemia. O JPMorgan Chase foi destaque, ganhando o equivalente a US$ 131 milhões por dia.

Uma série de vitórias em trading certamente ajudou o setor nos primeiros dias da Covid-19 e, à medida que a volatilidade do mercado do ano passado diminuía, banqueiros de investimento estavam prontos para coordenar o salto em aquisições e captação de fundos por meio de veículos de aquisição de propósito específico.

Bancos com unidades de gestão de patrimônio e de ativos se beneficiaram de mercados acionários dinâmicos em meio à recuperação da economia mundial, auxiliada por programas de apoio governamental sem precedentes. A mesma tendência foi benéfica para as unidades de varejo, por muito tempo consideradas um entrave aos lucros, quando as provisões para perdas com empréstimos começaram a ser desfeitas.

Goldman Sachs e Morgan Stanley também bateram recordes de lucro, enquanto rivais europeus como UBS e Barclays registraram os maiores ganhos em uma década. Deutsche Bank e Société Générale atribuíram os melhores resultados à recuperação da economia mundial. Ações do setor bancário refletem esses fortes números: o índice Dow Jones US Banks acumula alta de 59% nos últimos 12 meses, enquanto o indicador Eurostoxx Banks sobe 56%.

A elevada atividade nos mercados beneficiou operadores que antes eram desfavorecidos no Deutsche Bank e no Barclays, enquanto o banco de investimento do JPMorgan registrou trimestre recorde graças às comissões em fusões e aquisições e assessoria.

Esse aumento na atividade corporativa refletiu o otimismo em muitos segmentos da economia global, depois de meses de restrições da Covid. Por sua vez, bancos se sentiram confiantes o suficiente para começar a reverter as amplas provisões contra um colapso econômico que não chegou. Só na Europa, os nove principais bancos divulgaram queda de 88% das provisões nas últimas semanas.

“Todos os bancos que avaliamos no Reino Unido e na Europa ainda estão mantendo reservas materiais para perdas de crédito esperadas, dada a incerteza remanescente”, disse Laurie Mayers, diretora-gerente associada da Moody’s Investors Service em Londres. “No entanto, as perspectivas mais positivas para as principais economias, incluindo a inflação dos preços dos imóveis, estão pressionando os bancos a liberar as provisões.”