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Natura (NTCO3), WEG (WEGE3) e mais: Veja balanços que podem sentir impacto de recessão na Europa

17 out 2022, 18:22 - atualizado em 17 out 2022, 18:22
União Europeia
Europa em recessão: cosméticos e bens de capital brasileiros devem sentir impacto (Imagem: Pixabay/michelbossart)

Com a terceira temporada de resultados começando a ganhar tração, cresce a expectativa sobre os números das empresas com maior exposição ao cenário externo.

Os principais parceiros comerciais do BrasilChina, EUA e União Europeia — enfrentam perspectivas acentuadas de desaceleração econômica, de maneira que uma recessão em escala global já é tida por certo pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). O diagnóstico do órgão financeiro vem em linha com o que já disseram diversas agências de crédito e bancos de investimentos, como o JPMorgan.

A situação é particularmente sensível na Europa, epicentro da mais grave crise geopolítica do século XXI. Sem nenhum indício de desfecho, a guerra na Ucrânia continua produzindo efeitos de alta sobre os preços de combustíveis e energia em todo o continente; na zona do euro, a inflação atingiu um acumulado em 12 meses de 9,1%, maior patamar desde que a moeda única foi criada.

Com a queda das demanda ditando os rumos, empresas brasileiras do setor de alta performance e cosméticos que possuem na Europa um mercado importante deverão registrar algum tipo de impacto nos números.

A “má sorte” da Natura

O cenário de recessão na Europa é a nova desventura da Natura (NTCO3). Desde a aquisição da Avon em janeiro de 2020, a empresa de cosméticos tenta lidar com a desconfiança do mercado sobre a capacidade da holding de lidar com a estruturação de custos e a complexidade de se ter diversas unidades de negócio.

De acordo com os resultados do segundo trimestre de 2022, a Natura apresentou despesas da ordem de R$ 5,35 bilhões, 146% a mais do que havia apresentado em dezembro de 2019, um mês antes da conclusão do acordo.

Agora, para além do desafio de orientar um corte de despesas seletivo, a empresa lida com uma deterioração do poder de compra na Europa, de onde tira parcela considerável de sua receita externa. Segundo Ariane Carvalho, economista e especialista em mercado de capitais, “a inflação da Europa saiu só de combustíveis e está em boa parte concentrada em serviços e varejo, o que tende a diminuir a arrecadação de empresas posicionadas neste setor”.

Desde o início do ano, o papel da Natura caiu 50%. Já os resultados do terceiro trimestre da empresa serão divulgados no dia 9 de novembro, após o fechamento do pregão.

Bens de capital: descarbonização é oportunidade de longo prazo

A diminuição do número de encomendas nos últimos meses foi um dos fatores decisivos para o recuo da atividade manufatureira na Europa. No mês de setembro, o PMI (indicador de atividade econômica) industrial caiu a 48,4 pontos (leituras abaixo de 50 pontos indicam contração da atividade manufatureira).

A tendência, no entanto, já havia sido identificada nos dois meses anteriores do trimestre e apontam uma deterioração do mercado europeu para empresas de bens de capital como Tupy (TUPY3), Aeris (AERI3), WEG (WEGE3) e Embraer (EMBR3).

Apesar do momento macroeconômico desfavorável, os altos investimentos em matrizes energéticas mais limpas conduzidos pela União Europeia abrem uma janela de oportunidade no longo prazo para as empresas comprometidas com práticas e governança sustentáveis.

Este tem sido particularmente o caso da Aeris, empresa nascida do aproveitamento de energia eólica, que, no ano passado, fechou um acordo bilionário com a Nordex, empresa alemã de energia que possui operações próximas do Mar do Norte.

A despeito da queda dos preços das linhas de produção, um efeito direto do avanço do real no segundo trimestre, e da estagnação de volumes encomendados, os analistas da XP Lucas Laghi e Pedro Bruni mantêm a recomendação de compra para a Aeris no terceiro trimestre.

A WEG também não sai atrás. Alçada à condição de ‘queridinha’ do mercado, a fabricante de motores elétricos de alta performance deve estar bem posicionada para captar oportunidades no mercado europeu cada vez mais seletivo na procura de fontes mais limpas de energia e movimento.

A XP projeta um crescimento trimestral de 3% para a WEG, e de 20% na comparação anual, mantendo também recomendação de compra.

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Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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