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Bom momento acabou? BTG enxerga fim do ciclo favorável do gado para frigoríficos e ‘seca’ nos EUA

19 mar 2024, 12:19 - atualizado em 19 mar 2024, 12:19
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O USDA aponta que períodos de seca mais intensa estão associados a reduções no tamanho do rebanho dos EUA; como ficam os frigoríficos? (Imagem: Divulgação)

BTG Pactual, após analisar os dados de abate do Brasil do quarto trimestre de 2023 (4T23), enxerga que o mercado do gado está entrando nas etapas finais do “ciclo favorável” para empresas de carne bovina, os frigoríficos.

Para a carne bovina, o abate totalizou 9,2 milhões de cabeças de gado nos últimos três meses do ano passado, um impressionante aumento de 21% na comparação anual e o volume de abate mais alto já registrado no Brasil.

No acumulado de 2023, os volumes de abate totalizaram 34,1 milhões de cabeças, próximo do maior volume anual registrado e um aumento de 14% ano a ano.

Ao analisar a média móvel dos últimos 12 meses, o abate de novilhas representou 41,8% do total, o mais alto desde o quarto trimestre de 2014, em uma representação clássica de um ciclo favorável de gado para empresas de carne bovina, isto é, uma combinação de liquidação acelerada de novilhas e uma disponibilidade muito alta de gado pronto para o abate.

A seca do boi nos Estados Unidos

Durante a teleconferência de resultados do último trimestre, a administração da Tyson Foods (TSN), do grupo JBS (JBSS3), foi questionada pelo banco sobre o que será necessário para que a indústria de bovinos dos EUA inicie o processo de retenção de novilhas.

Em resposta, a administração admitiu: “nós olhamos para as mesmas informações que, tenho certeza, vocês também olham (…) infelizmente, os dados não indicam que a retenção de novilhas está ocorrendo. E isso é obviamente um dos sinais que estamos monitorando”.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) aponta que períodos de seca mais intensa estão associados a reduções no tamanho do rebanho de bovinos de corte dos EUA, pois os fazendeiros parecem acelerar o ritmo de liquidação de novilhas. Olhando para os últimos dois anos, um nível historicamente elevado de condições de seca (até 60% da terra dedicada a pastagens de gado) pode ter intensificado o que já foi um ciclo intenso de liquidação de novilhas.

Sendo assim, para o BTG, isso apenas está ampliando o que será um período desafiador pela frente para a indústria de carne bovina dos EUA. À medida que o tamanho do rebanho diminui, também aumenta a ordem de grandeza que os fazendeiros terão que reter novilhas nos próximos anos para reconstruir o rebanho. Para os frigoríficos, isso possivelmente significará um período ainda menos favorável de disponibilidade de bovinos para abate.

Queda na produção de aves

Segundo o banco, o mercado avícola viu uma desaceleração antecipada na produção de aves nos últimos meses de 2023, com o ano passado sendo um ano de extremos.

2023 começou com volumes recordes de abate de frangos, crescendo 5% ano a ano no primeiro semestre. No entanto, no último trimestre, apenas 1,53 bilhão de cabeças foram abatidas, uma queda de 2,2% na comparação anual e o menor desde o o quarto trimestre de 2019. Em dezembro do ano passado, os volumes caíram 6%.

Na avaliação do BTG, isso é uma resposta a margens de produção mais baixas quando comparamos os preços do frango com os custos de ração, o que também explica a forte recuperação nos preços do frango que temos observado desde o início de 2024. Para eles, esse é um padrão visto durante os picos do ciclo de avicultura e esperam que a produção comece a se recuperar em algum momento nos próximos meses.

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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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