Política

O ‘freio de arrumação’ preparado por Lula

08 maio 2023, 16:19 - atualizado em 08 maio 2023, 17:47
Fake News, Lula, Lira
Presidente Lula terá que ceder mais a Arthur Lira, dizem aliados (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) amargou a sua primeira derrota expressiva no Congresso Nacional na última semana. Por 295 a 136 votos, a Câmara derrubou mudanças feitas pelo Executivo no Marco do Saneamento. O placar de votação acendeu o alarme vermelho no Planalto ao mostrar uma base de apoio frágil no Legislativo.

Nos corredores de Brasília, existe a interpretação de que a derrota do governo foi definida não pelo tema do saneamento básico, mas, sim, pela insatisfação dos parlamentares de centro e de direita com o preenchimentos de cargos e, sobretudo, com a liberação de emendas para o Orçamento.

Entre as críticas, os parlamentares se queixam que acordos firmados no fim do ano passado, durante a votação da PEC da Transição, ainda não foram cumpridos pelo Planalto.

Diante disso, os ministros responsáveis pela articulação política, Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Rui Costa (Casa Civil), entraram na mira do Congresso.

A fritura dos ministros foi tamanha que o próprio presidente Lula cobrou publicamente que Padilha trabalhe para evitar novas derrotas no Parlamento brasileiro. “Espero que ele tenha a capacidade de organizar, de articular, que ele teve no conselho, dentro do Congresso Nacional. Aí vai facilitar muito a vida”, disse.

Embora tenha repreendido o ministro das Relações Institucionais em público, Lula descartou a possibilidade de fazer alterações na Pasta. Ao mesmo tempo, o presidente tem pressionado a equipe ministerial para que cumpra com os acordos firmados com os congressistas.

Após a derrota no plenário da Câmara, o líder do governo na Casa, deputado José Guimarães (PT), afirmou que a gestão petista tem que “fazer um freio de arrumação dentro do governo”.

Lula entra em campo, mas deverá ceder mais a Lira

Depois da derrota no Marco do Saneamento e do adiamento do PL das Fake News, o presidente Lula entrou em campo para dar o freio de arrumação cobrado por seus correligionários.

Ao longo desta semana, ele deve se reunir com presidente de partidos aliados para azeitar a relação do governo com o Congresso. O PSB deve inaugurar a lista de conversas, nesta quarta-feira (10), mas PSD, MDB e União Brasil também serão ouvidos.

A mobilização de Lula acontece em um ambiente marcado por negociações de medidas prioritárias, como o arcabouço fiscal e a reforma tributária.

O ministro Alexandre Padilha afirmou nesta segunda-feira (8) que a rodada de conversa com partidos contará com a participação de ministros indicados pelas legendas e líderes, e “certamente” haverá cobrança de votos alinhados com o governo.

Segundo Valdo Cruz, do portal G1, a avaliação de Lula é que Padilha fecha os acordos necessários para garantir votos ao governo, mas a equipe ministerial não está fazendo a sua parte de liberar os recursos aos parlamentares.

Após se reunir com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), no início da última semana, Lula já pediu que R$ 10 bilhões sejam liberados para cumprir com os acordos firmados com os congressistas.

Entretanto, assessores presidenciais ouvidos por Cruz avaliam que Lula terá que ceder mais ao grupo de Lira se quiser aprovar as principais propostas do governo dentro do Congresso.

De acordo com o colunista, Lira está disposto a ajudar o governo, mas espera que o Palácio do Planalto também o ajude. Recentemente, ele ficou insatisfeito porque sua indicação de um desembargador para o Tribunal Regional Federal não foi aceita.

Com informações de Reuters.

Repórter
Jornalista formado pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), com extensão em jornalismo econômico pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Colaborou com Estadão, Band TV, Agência Mural, entre outros.
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Jornalista formado pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), com extensão em jornalismo econômico pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Colaborou com Estadão, Band TV, Agência Mural, entre outros.
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