Colunistas

O trauma de 2015 e 2016 no Brasil

20 set 2020, 10:03 - atualizado em 15 set 2020, 19:44
dinheiro-real-moeda
O golpe monetário de 2015 e 2016 numa economia que vinha de um ciclo de aumento de endividamento de mais de 10 anos foi fatal para empresas e consumidores (Imagem: REUTERS/Bruno Domingos)

O Brasil passou por grande trauma entre 2015 e 2016 com queda do PIB acumulada em mais de 8%, talvez a nossa pior crise dos últimos 50 anos. Muitas são as explicações para tamanho tombo; a melhor delas para mim tem o seguinte enredo:

O país passou por forte expansão de crédito e alavancagem entre 2003 e 2013. O consumo, os salários e os preços se expandiram muito. A economia chegou no pleno emprego, o déficit em conta corrente bateu 4% do PIB com a moeda brasileira valendo bem mais do que deveria valer. As políticas fiscal e monetária seguiam expansionistas desde 2009.

Na tentativa de prolongar um ciclo de expansão de crédito e consumo já insustentável, o governo Dilma desonerou bens de consumo e represou preços públicos para tentar manter a inflação na meta. Não funcionou.

O país não voltou a crescer e a inflação ficou no teto da meta. Após a reeleição a equipe econômica, aplicou um cavalo de pau no país, soltando preços públicos de maneira abrupta, contraindo gastos públicos e levando a Selic de 7,25%, ainda antes da eleição, a 14,25%.

O golpe monetário numa economia que vinha de um ciclo de aumento de endividamento de mais de 10 anos foi fatal para empresas e consumidores. A explosão dos preços administrados, aliada a uma explosão de incerteza e grande desvalorização cambia levaram o IPCA a 10%. O derretimento do preço internacional das commodities em 2015 agravou esse movimento. A implosão da arrecadação tributária somada à rigidez de gastos trouxe enorme déficit público primário, que aliás já começava a dar sinais de vida ainda em 2014 com a política de desoneração tributária.

Brasília
O caos político de 2015 e 2016 só agravou uma situação que já estava para lá de dramática (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

O caos político de 2015 e 2016 só agravou uma situação que já estava para lá de dramática. O Brasil perdeu o grau de investimento, os ativos derreteram e o resto é história.

Essa breve explicação do trauma nos acometeu é importante para entender o que ocorre hoje e o que virá nos próximos anos.

CEO/Economista da Fator Administração de Recursos FAR
Graduado em Economia pela FEA/USP. Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Foi professor visitante nas Universidades de Cambridge UK em 2004 e Columbia NY em 2005. É professor de economia na FGV-SP desde 2002. CEO/Economista da Fator Administração de Recursos FAR.
Twitter Facebook Linkedin YouTube Site
Graduado em Economia pela FEA/USP. Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo. Foi professor visitante nas Universidades de Cambridge UK em 2004 e Columbia NY em 2005. É professor de economia na FGV-SP desde 2002. CEO/Economista da Fator Administração de Recursos FAR.
Twitter Facebook Linkedin YouTube Site
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.