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Oi (OIBR3): O que esperar do balanço do 4T21, após venda de ativos?

25 mar 2022, 15:00 - atualizado em 26 mar 2022, 21:09
OI OIBR3 OIBR4
Segundo o BTG, a queima de caixa deve ficar em um patamar aceitável. (Imagem: REUTERS/Nacho Doce)

O BTG Pactual emitiu nesta sexta-feira (25) relatório dizendo que espera que a Oi (OIBR3) apresente uma queda de 5,7% da receita líquida na base anual, com as rotações das operações continuadas e descontinuadas caindo 4,3% e 7,0%, respectivamente.

A tele adiou o balanço do quarto trimestre para 27 de abril. Esse será o primeiro resultado reportado após o Cade aprovar a venda da unidade móvel da Oi (OIBR3;OIBR4) para ClaroTIM (TIMS3) e Vivo (VIVT3).

Para o quarto trimestre, o BTG espera que a empresa apresente Ebitda de R$ 1,4 bilhão, com margem de 32%, praticamente em linha com o trimestre anterior (-0,3p.p.).

“A empresa está efetivamente conseguindo cortar custos, protegendo suas margens de uma queda maior devido ao aumento da inflação“, diz trecho do relatório assinado por Carlos Sequeira e Osni Carfi.

O BTG tem a expectativa de uma “boa recuperação” em relação ao trimestre anterior (+3,3% t/t), principalmente devido a um melhor desempenho no segmento móvel (pré-pago e planos “Controle”).

Receitas B2B também devem cair, mas bem menos do que nos últimos trimestres (-3,2% a/a vs. -12,2% em média nos últimos 3 Ts), mantendo-se no mesmo patamar do 3T21, diz o BTG.

As receitas residenciais, que foram destaque nos últimos trimestres, não devem apresentar resultados fortes.

Queima de caixa

Segundo o BTG, a queima de caixa deve ficar em um patamar aceitável, com a Oi em uma posição de R$ 2,7 bilhões (vs. R$ 4,1 bilhões no 3T21) – consumo de R$ 1,4 bilhão no período.

Grande parte da queima de caixa vem do capex relacionado à operação de fibra, algo que deixou de ser responsabilidade da Oi a partir de 2022 devido ao contrato de venda da V.Tal.

Com relação à dívida, o BTG diz que a dívida externa da Oi deve ser levemente impactada pela desvalorização de 2,4% do real frente ao dólar no trimestre.

“Além disso, como a Oi usa o valor justo de sua dívida no balanço, a cada trimestre esses ajustes de valor justo diminuem um pouco, fazendo com que a dívida da empresa aumente”, pondera.

Para os analistas do banco, a dívida líquida pode ter encerrado 2021 em cerca de R$ 32,4 bilhões. O BTG lembra que a dívida bruta da Oi deve ser impactada positivamente pela valorização do real ocorrida no 1T22, já que 56% da dívida bruta da Oi é em dólares.

A valorização do real no 1T22 pode causar um impacto contábil positivo na dívida bruta da Oi de cerca de R$ 2,1 bilhões, segundo o BTG.

Ganho de clientes

De acordo com a Anatel, as adições líquidas desaceleraram um pouco no quarto trimestre. A Oi adicionou uma média de 72 mil clientes FTTH por mês no trimestre (vs. 110 mil no 3T21 e 123 mil no 2T21), com esse número caindo ainda mais em janeiro (+49 mil clientes FTTH no mês).

A tendência de menores adições não é apenas na Oi, com a deterioração do cenário econômico impactando o setor como um todo, segundo o BTG.

A maioria das empresas está experimentando maior rotatividade involuntária (clientes sendo cortados de suas bases por falta de pagamento) e maior concorrência, diz o BTG. “Para a Oi, esperamos que as adições líquidas retornem para cerca de 80 mil por mês no segundo semestre”.

Para o banco, seria difícil para a Oi retornar ao patamar de adições líquidas visto no pico da pandemia, “quando a demanda por internet de qualidade era extremamente alta”.

Outros possíveis números da Oi (OIBR3)

Para o BTG, as receitas fixas deve ser impactadas pelo menor crescimento receita de fibra (+70% a/a e +9% t/t), que deve atingir R$ 817 milhões no trimestre, e a aceleração da queda nas rotações do cobre (-49% a/a).

As menores receitas de fibra estão relacionadas à queda na adição de clientes, explica o BTG. Após alta anual nos últimos três trimestres, a receita residencial da Oi deve cair 5,2% a/a e 6,9% t/t no 4T21.

“É importante ressaltar que não acreditamos que essa seja uma tendência nova, pois foi causada principalmente pela piora do cenário macroeconômico do país”.

Os analistas dizem que continuam a acreditar que o segmento de fibra óptica proporcionará elevados retornos sobre o capital investido e deverá apresentar um forte crescimento nos próximos anos, em linha com as tendências de:

  • Aumento da penetração da banda larga no país;
  • Migração de tecnologias legadas para fibra;
  • Consolidação de um mercado fragmentado.

Disclaimer

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Editor
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
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