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Oi (OIBR3) vive ‘momento Petrobras’ e ainda precisa convencer mercado

09 fev 2022, 18:48 - atualizado em 09 fev 2022, 18:48
Oi
Oi tem um histórico de decisões que depõe contra a própria empresa, diz analista. (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

Guardadas as devidas proporções, a Oi (OIBR3) passa por um “momento Petrobras (PETR4)” e vai ter que provar ao longo dos próximos anos que vale mais do que precificada pelos investidores na bolsa hoje.

A avaliação é do chefe de renda variável da Levante Investimentos, Flávio Conde, após o Cade aprovar nesta quarta-feira (9) a venda da rede móvel da operadora para as concorrentes TIM, Vivo e Claro por R$ 16,5 bilhões.

Segundo o analista, a Oi tem um histórico de decisões que depõe contra a própria empresa e terá que provar a cada trimestre que deixou para trás o passado problemático, através da geração de caixa.

Fundada em 1998, a companhia cresceu apoiada em investimentos do governo federal e de fundos de pensão de estatais, tornando-se uma das maiores beneficiadas pelos empréstimos a juros baixos do BNDES, em um projeto de se tornar uma “super tele”. No entanto, a companhia se afundou em dívidas.

Já a Petrobras, cujo acionista majoritário é a União, acumulou dívidas bilionárias no início dos anos 2010 por conta da política de controle de preço de combustíveis, entre outras coisas, embora nunca tenha entrado em RJ.

“Quando [o ex-presidente Michel] Temer assumiu o governo, a Petrobras tinha uma dívida enorme e só conseguiu muito recentemente começar a pagar dividendos”, lembra Conde.

A Oi entrou em recuperação judicial em 2016 com uma dívida de R$ 65 bilhões, cifra que hoje está em R$ 30 bilhões – valor que será reduzido a quase metade com a operação aprovada no Cade.

O analista da Levante diz que com um Ebitda entre R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões em 2022, conforme projetado por ele, a Oi chegaria ao final do ano com uma relação dívida sobre Ebitda de 2,6 vezes – patamar que Conde considera “aceitável”.

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Potencial de OIBR3

A ação da Oi chegaria ao final de 2022 a R$ 1,57, – hoje é negociada a R$ 1,06 –, considerando um valor de firma sobre Ebitda de 4,5 vezes, com uma geração de caixa crescendo a 10%, diz Conde, da Levante.

Para o analista, dado o histórico da Oi, a ação da empresa deve subir a cada balanço com bons resultados, e notadamente no momento em que se aproximar a saída da Recuperação Judicial – que pode acontecer até março, quando vence o prazo para o término do processo.

No balanço mais recente, do terceiro trimestre, a Oi apresentou R$ 1,8 bilhão em investimentos e um Ebitda de 1,4 bilhão. Ou seja, a empresa queimou R$ 400 milhões em caixa. “É algo que precisa ser resolvido”, diz Conde.

A Oi aposta na fibra ótica para gerar caixa, segmento que tem margens maiores do que o de telefonia celular: o primeiro traz receita média por cliente de R$ 89, enquanto o segundo é responsável por apenas R$ 13, explica o analista.

A empresa também vendeu 57,9% da InfraCo, que concentra rede de fibra óptica com mais de 400 mil quilômetros de extensão, para o BTG Pactual – acionista que pode ser responsável por novos investimentos que trarão retorno para a Oi.

Editor
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.
kaype.abreu@moneytimes.com.br
Jornalista formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com MBA em finanças pela Estácio. Colaborou com Gazeta do Povo, Estadão, entre outros.