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Orlando Telles: o que esperar das parachains da Polkadot?

27 out 2021, 12:53 - atualizado em 27 out 2021, 12:53
Polkadot DOT
Em seu segundo artigo para a coluna, Orlando Telles, sócio-fundador e diretor de research da Mercurius Crypto, comenta sobre as parachains da Polkadot e seus leilões que ainda estão por vir (Imagem: Crypto Times)

Quando penso no mercado de criptomoedas, acredito que existam três grandes pontos que definem esse mercado e são essenciais para compreendermos sua dinâmica: o advento do bitcoin (BTC), que criou a ideia da escassez digital e introduziu a dinâmica de aplicações financeiras no universo blockchain; o surgimento da Ethereum (ETH), a primeira plataforma de contratos inteligentes que permitiu ampliar a ideia de escassez digital para qualquer ativo, expandindo de forma significativa as aplicações em blockchain e a eficiência que essa invenção poderia gerar aos mercados; e a Polkadot (DOT), com a criação da ideia de blockchains customizadas por aplicação e possibilidade de comunicação em múltiplos ecossistemas (Cross-Chain).

Os dois primeiros grandes impactos estamos vivenciando agora com a consolidação da ideia do bitcoin como reserva de valor digital, começando a se tornar mainstream, à medida que o mercado institucional adota o ativo, a exemplo do ETF de futuros de BTC aprovado na última semana nos Estados Unidos.

Conforme comentei em meu último texto para esta coluna, as plataformas de contratos inteligentes vivem um ciclo de expansão significativa, superando a marca dos US$ 200 bilhões. Inclusive, tivemos atualizações em relação à Ethereum 2.0 na última semana.

Entretanto, o fato que mais me chamou atenção foi o anúncio dos leilões de parachains na rede Polkadot, que pode dar início ao terceiro grande marco do mercado de criptomoedas. Por esse motivo, irei me aprofundar neste assunto, em seus impactos na Polkadot e no ecossistema de criptomoedas.

A base para outros blockchains

Para compreender o impacto do leilão de parachains, primeiro é importante entender o que é a Polkadot. De forma similar à ideia da ETH, que foi a de ser base para qualquer aplicação descentralizada (dapp, na sigla em inglês), o grande objetivo da Polkadot é ser a base para qualquer blockchain.

A rede foi desenvolvida com o objetivo de permitir a existência de múltiplas blockchains customizadas e específicas para cada aplicação, que se comunicam entre si e com todo o ecossistema de criptomoedas.

A grande inovação da Polkadot é viabilizar a criação de blockchains customizadas sem que elas percam a segurança, visto que a proteção é garantida por todos os elos da rede.

Dessa forma, é como se cada blockchain da Polkadot possuísse um “equalizador musical”, em que é possível definir a velocidade da blockchain, robustez, entre outros fatores.

Cada blockchain é criado com a finalidade específica de ser o mais otimizado possível para o seu ecossistema. Esses blockchains customizados são conhecidos como parachains, e a única forma de ter acesso a eles é por meio de um leilão realizado na rede.

Leilão de parachains

Para evitar uma febre de ofertas iniciais de moedas (ICOs) e que só bons projetos fizessem parte do ecossistema da Polkadot, o ativo criou um novo formato para dar acesso aos suas blockchains customizados a partir do modelo de leilão.

Qualquer projeto que deseje integrar esse ecossistema precisa alugar uma vaga nas parachains da Polkadot, sendo esse processo realizado da seguinte forma: primeiramente é anunciado ao público que está disponível uma vaga em uma parachain.

Em seguida, os projetos interessados dão seus respectivos lances em tokens DOTs por essa vaga. No terceiro passo, o projeto ganhador tem seus DOTs bloqueados por dois anos e pode utilizar aquela parachains, e por fim, após dois anos, esse projeto deve entrar em um novo leilão, precisando levantar fundos novamente.

Para angariar fundos para o aluguel de uma parachains foram criados dois formatos. O primeiro é através de um financiamento próprio, no qual o ativo deve possuir muito capital, e o segundo é por meio de um crowdloan, modalidade de empréstimo em que os usuários fornecem suas DOTs para um projeto em trocas de tokens, e após dois anos recebem novamente suas DOTs.

Esse segundo formato seria um modelo de ICO melhorado, em que o investidor não assume o risco do capital principal investido, evitando fraudes na rede.

Os leilões começam em novembro

As parachains, até o momento, não estavam liberadas para serem desenvolvidas. Este cenário mudou na última semana, quando a Polkadot anunciou a data para o leilão.

De acordo com um post no blog da Polkadot, foi proposto no fórum de governança que o primeiro lote seria de cinco leilões e um segundo, com mais seis. As negociações serão iniciadas no dia 11 de novembro e finalizadas em março de 2022.

Assim como ocorreu na Kusama, rede irmã da Polkadot, que já passou pelos seus primeiros leilões, durante o processo de compra de uma parachain, os projetos terão que congelar DOTs por pelo menos dois anos.

Na Kusama, nos cinco primeiros leilões, cerca de 10% do fornecimento do ativo ficou bloqueado nessas negociações.

(Imagem: Messari)

No médio prazo, o primeiro impacto será o aumento da demanda e, por consequência, da escassez dos tokens DOTs, o que deve impulsionar o preço do ativo. O início desse processo significará, ainda, o aumento da movimentação da rede, que gerará taxas e ainda mais valor para o ativo.

É interessante pensar que a ideia de blockchains customizadas pode viabilizar ainda mais inovações dentro do ecossistema das criptomoedas, favorecendo o crescimento de setores que sofrem dificuldades, como as plataformas de contratos inteligentes atuais, o blockchain games e a Web 3.0.

Compreender e estudar a Polkadot pode ser uma das melhores oportunidades para os investidores de criptomoedas que buscam ser early adopter de novos ecossistemas.

Orlando Telles é sócio-fundador e diretor de research da Mercurius Crypto, casa de pesquisa em criptoativos.

Sócio-fundador e diretor de research da Mercurius Crypto
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