Saúde

Pandemia ganha força na Argentina em contraste com regiões da América Latina

24 set 2020, 15:24 - atualizado em 24 set 2020, 15:24
Buenos Aires Argentina
Antes desta semana, a Argentina não havia registrado um único dia com mais de 400 mortes nas 24 horas anteriores (Imagem: REUTERS/Agustin Marcarian)

A Argentina se destaca pelos motivos errados em sua batalha de seis meses para controlar a pandemia de coronavírus.

Enquanto algum alívio finalmente é visto em países como Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru, que foram duramente atingidos pela doença respiratória, a Argentina registra aumento da curva em todo o país. Os casos se espalham para províncias do interior sem recursos, e o país teve recordes diários de mortes várias vezes nesta semana.

O segundo maior país da América do Sul tem o número mais elevado de mortes por milhão de habitantes em uma base de sete dias no ranking global. Também registra o maior volume de casos globalmente usando a mesma métrica e período, atrás apenas de Israel, Montenegro, Bahrein e Espanha, de acordo com dados compilados por Bloomberg.

Antes desta semana, a Argentina não havia registrado um único dia com mais de 400 mortes nas 24 horas anteriores. Mas em todos os dias desta semana a contagem superou esse número, com um recorde de 470 pessoas mortas por Covid-19 na terça-feira.

Algumas das mortes ocorreram há um mês e agora estão sendo registradas no sistema, de acordo com Federico Tiberti, candidato a um doutorado na Universidade de Princeton que tem analisado os dados.

O Ministério da Saúde não respondeu a um pedido de comentário sobre o aumento de casos. No ranking global, a Argentina está em 10º lugar em número de pessoas infectadas, com 664.799 casos, e em 14º em mortes, com 14.376.

“A Argentina passa por uma situação muito difícil”, disse Marcos Espinal, diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis e Análise de Saúde da Organização Pan-Americana da Saúde, em webcast em 23 de setembro. “E não podemos dizer que chegaram a um pico.”

Autoridades do governo afirmam que as taxas de mortalidade em províncias mais pobres e escassamente povoadas já ultrapassaram as da cidade de Buenos Aires, onde o vírus chegou em março.

Baixa renda

Duas das famosas regiões vinícolas do país, Mendoza e Salta, têm 81% dos leitos de UTI ocupados, muito acima da média nacional de 60%. Em alguns hospitais da província de Santa Fé, um importante polo de exportação, a ocupação de leitos de UTI já está em 90%, de acordo com o jornal La Nación.

Mendoza e Rosario (a maior cidade de Santa Fé) devem registrar rápido aumento dos casos por pelo menos mais uma semana, de acordo com Federico Collado, diretor de pesquisa da empresa de análise de dados Urbeos, que examina dados de trânsito por demografia socioeconômica.

“O problema mais sério nos próximos meses estará concentrado na população que vive em bairros suburbanos de baixa renda”, disse Collado. “Se não entendermos esse ponto em nossas cidades, continuaremos vendo os casos crescerem e, acima de tudo, correremos o risco de novos surtos como o que estamos vendo na Europa.”

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