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Petrobras (PETR4): CPI pode se voltar contra Bolsonaro? Deputados respondem ao MT

23 jun 2022, 14:57 - atualizado em 23 jun 2022, 14:57
Petrobras CPI
Novo reajuste nos preços dos combustíveis derrubou presidente da Petrobras e pôs CPI em pauta (Imagem: Bloomberg)

Até esta quinta-feira (23), mais de 130 nomes em Brasília já compunham a lista para abrir a suposta “caixa preta” da Petrobras (PETR4).

Durante a semana, um novo reajuste no preço dos combustíveis anunciado pela estatal na sexta-feira (17) reacendeu discussões entre os que acreditam que a empresa lucra às custas do bolso do consumidor brasileiro.

O principal deles, o presidente da República Jair Bolsonaro (PL), não só voltou a criticar a empresa publicamente, como também tirou outra carta da manga contra a suposta farra da estatal — Bolsonaro defendeu a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Congresso Nacional para apurar a política de preços da Petrobras sobre os combustíveis.

“Eu estou acertando uma CPI da Petrobras. ‘Ah, você que indicou o presidente’. Sim, mas eu quero uma CPI. Por que não? Se não deve nada, investiga o cara” disse, na segunda-feira.

A partir do posicionamento do presidente, sua legenda começou a rodar uma lista na Câmara dos Deputados para coletar posicionamentos favoráveis à CPI.

Entretanto, a lista, que precisa de 171 assinaturas para abrir a CPI, foi emperrada pelo PP e o PT, que adotaram posicionamento contrário à instalação da comissão.

Enquanto o PT adota a estratégia de contrariar a base governista, o PP foca em pressionar o governo para assumir outras frentes de atuação dentro da problemática, como por exemplo promover mudanças na Lei das Estatais.

Bolsonaro na CPI da Petrobras?

O deputado Glauber Rocha (PSOL) acredita que a proposta não avançará.

“Nem Arthur Lira, nem Bolsonaro querem a CPI. O centrão quer ter mais espaço na Petrobras e quer terceirizar, junto ao Bolsonaro, a política de preços, como se não fossem eles mesmos que a sustentassem”, disse, se referindo ao Preço de Paridade Internacional (PPI).

A PPI é a política da Petrobras que atrela o preço dos combustíveis ao preço do petróleo no mercado internacional.

“O objetivo é deslegitimar a empresa para acelerar a sua privatização, mas a CPI não vai pra frente. Vão falar que o mercado pediu para não gerar instabilidade”, afirmou.

No caso de a CPI ser instaurada, Rocha informou ao Money Times que pedirá para participar e convocará o presidente da República e o da Câmara dos Deputados, Lira, para prestarem depoimento.

“A primeira coisa que vou pedir é uma convocação do Bolsonaro e do Arthur Lira, pois são eles que têm que justificar a PPI”, disse.

O deputado Luís Miranda (Republicanos) crê que a instauração da comissão será importante para que deputados e a população entendam “quem está por trás da PPI”, mas também enxerga um cenário em que o próprio governo pode acabar se prejudicando por pedir a CPI.

“A CPI pode ser utilizada pela oposição para mostrar que o governo já poderia ter feito algo para reduzir o preço dos combustíveis, mas só está tomando essa decisão a três meses da eleição, o que seria uma ação eleitoreira”, afirmou.

Segundo Miranda, a política de preços responsável por jogar o preço dos combustíveis nas alturas poderia ser alterada e ajustada por iniciativa do presidente e de outras instâncias do poder legislativo, e pelo escalão técnico da Petrobras, o que não foi feito.

“Não acho que a proposta de CPI evoluirá para mais do que uma pressão. No final, poderia ser pior para o governo, que falhou em alinhar estratégias para conseguir preços mais baixos”, disse.

Outras expectativas

O deputado Alexis Fonteyne (Novo) vê a CPI como um “movimento populista e irracional”, que não tem potencial de mudar nada no cenário dos combustíveis.

Para Fonteyne, a raiz do problema seria a falta de competitividade que a estatal tem para reconsiderar adotar outra política além da PPI.

“A Petrobras não tem concorrência que possa, de alguma forma, ameaçá-la. A PPI é importante pois a alternativa era a política de Dilma, que fazia o que queria. Mas, a Petrobras é uma empresa monopolista que só quer usar o livre mercado e a PPI no preço final do produto”, afirmou.

Já deputada Carla Zambelli (PL) acredita que o principal é analisar a política de preços da Petrobras, dentro ou fora de uma CPI.

“A CPI foi cogitada pelo presidente Lira e pode sim sair do papel, mas independentemente de ser ou não instaurada, temos que apurar a política de preços da Petrobras”, diz.

A parlamentar acredita que o problema do aumento dos preços dos combustíveis é de caráter mundial, o que deve ser considerado na hora de propor mudanças no cenário brasileiro.

“Propor alterações baseadas no momento em que o mundo inteiro sofre pela inflação dos combustíveis pode causar um desequilíbrio no setor energético como um todo, não só no futuro político da Petrobras, além de impactar a economia”, afirmou.

O deputado Joaquim Passarinho (PL) está confiante com a CPI, prevendo que o governo não deve ter problemas com a eventual instauração.

“Ninguém está gostando do que está acontecendo, o governo trocou três presidentes e não conseguiu mudar. Vou gostar de abrir a caixa preta. Se é para fazer uma CPI, vamos analisar e ver tudo, é fácil dizer que olharemos só para a questão do preço dos combustíveis, mas vamos olhar para toda a Petrobras”, afirmou.

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Estagiária
Graduanda em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas, com enfoque acadêmico em Finanças Públicas. Tem experiência em empreendedorismo e novos negócios, tendo atuado na aceleradora de startups FGV Ventures. Participou da produção de podcasts sobre políticas públicas e atualidades, como "Dos dois lados da rua", "Rádio EPEP" e "Impacto FGV EAESP Pesquisa". Atuou como repórter na revista estudantil Gazeta Vargas.
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Graduanda em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas, com enfoque acadêmico em Finanças Públicas. Tem experiência em empreendedorismo e novos negócios, tendo atuado na aceleradora de startups FGV Ventures. Participou da produção de podcasts sobre políticas públicas e atualidades, como "Dos dois lados da rua", "Rádio EPEP" e "Impacto FGV EAESP Pesquisa". Atuou como repórter na revista estudantil Gazeta Vargas.
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