Inflação

Petrobras (PETR4): Entenda a nova política de preços e o quanto vai impactar o bolso dos brasileiros

16 maio 2023, 14:53 - atualizado em 16 maio 2023, 14:56
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A Petrobras também aproveitou para reajustar os valores da gasolina, diesel e gás de cozinha vendido em suas distribuidoras.(Imagem: REUTERS/Ricardo Moraes)

Nesta terça-feira (16), a Petrobras (PETR3PETR4) anunciou uma mudança significativa na sua política de preços. A companhia deixará de usar a política de preço de paridade de importação (conhecida como PPI) e adotará uma nova estratégia comercial para definição de preços dos combustíveis.

A estatal também aproveitou para já reajustar os valores da gasolina, diesel e gás de cozinha (GLP) vendido em suas distribuidoras.

A partir de amanhã, o litro do diesel A nas distribuidoras passará de R$ 3,46 para R$ 3,02. Trata-se de uma redução de R$ 0,44, ou 12,71%. Já o litro da gasolina A fica R$ 0,40 mais barato (-12,57%), passando de R$ 3,18 para R$ 2,78.

Já o botijão de gás passará de R$ 3,2256 para R$ 2,5356 por kg, equivalente a R$ 32,96 por botijão de 13kg.

Postos de combustíveis e inflação

No caso do diesel, considerando a mistura obrigatória de 88% de diesel A e 12% de biodiesel para a composição do diesel S10, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor será, em média, R$ 2,69 a cada litro vendido na bomba. Com isso, o preço médio ao consumidor final poderia atingir o valor de R$ 5,18 por litro de diesel S10.

Para a gasolina, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor será, em média, R$ 2,03 a cada litro vendido na bomba, considerando a mistura obrigatória de 73% de gasolina A e 27% de etanol anidro. O preço médio ao consumidor final poderia atingir o valor de R$ 5,20 por litro.

Por fim, o preço médio do botijão de gás ao consumidor final poderia atingir o valor de R$ 99,87 por 13kg.

Durante uma coletiva de imprensa nesta manhã, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que a nova política de preços da Petrobras ajudará o Brasil a combater a inflação. Os economistas apontam que ainda é cedo para saber qual será o efeito da nova política de preços.

Por outro lado, a recente redução nos preços vai mexer com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) dos próximos meses.

Segundo cálculos do economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) para O Globo, a queda na gasolina e no diesel terá um impacto de cerca de -0,27 ponto percentual na inflação em maio e outros -0,27pp em junho.

Vale lembrar que a gasolina tem um peso maior no orçamento das famílias brasileiras. No entanto, reduções no diesel tendem a impactar preços de outros produtos devido ao frete de mercadorias.

Já a queda no preço do botijão de gás deve resultar em uma queda de 0,07pp no IPCA de maio e 0,07 pp no de junho.

Charbel Zaib, economista-chefe da Arcani Investimentos, afirma que a medida é positiva no sentido de manter os preços mais estáveis, o que dá um impacto também positivo na inflação.

“A partir do momento que você não está sujeito a oscilações bruscas nos preços dos combustíveis, você não tem esse impacto na inflação com as variações. Podemos dizer, de maneira geral, que é positivo para o consumidor no que tange a questão da volatilidade e capacidade de manter os preços sob controle”, aponta.

Entenda a nova política de preços da Petrobras

A nova estratégia comercial usa referências de mercado como: o custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação, e o valor marginal para a Petrobras.

“O custo alternativo do cliente contempla as principais alternativas de suprimento, sejam fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos”, diz o comunicado da empresa. “Já o valor marginal para a Petrobras é baseado no custo de oportunidade dada as diversas alternativas para a companhia dentre elas, produção, importação e exportação do referido produto e/ou dos petróleos utilizados no refino.”

Com isso, os reajustes continuarão sendo feitos sem periodicidade definida, evitando o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio.

Para Amance Boutin, especialista em combustíveis da Argus, a nova diretriz da Petrobras aumenta a complexidade da precificação, acrescentando variáveis de mercado interno, competitividade e market share.

Já Ilan Arbetman, analista de research da Ativa Investimentos, destaca que, agora, há uma flexibilidade maior para que se pratique preços mais baixos, o que é facilitado pelo cenário atual, com Brent em US$ 70/barril. “A dúvida é quando houver uma escalada do petróleo, se haverá uma chance de arbitragem maior por parte dos pares que importam”, diz.

Como essa política se diferencia da PPI? Frederico Nobre, líder da área de análise da Warren, aponta que a PPI considerava não apenas o custo do produto refinado e a taxa de câmbio, mas também outras despesas como frete e tarifas portuárias, não necessariamente incorridas pela Petrobras. Sob a ótica do custo alternativo do cliente, a empresa continuará olhando para as referências externas “da porta para fora”, mas não mais “da porta para dentro”.

“A ideia é que abdicando da obrigatoriedade de seguir a PPI, a Petrobras consiga ser mais competitiva em alguns mercados, sem ferir a rentabilidade da companhia”, afirma.

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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