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Petrobras (PETR4) vai de maldita a adorada em julho; veja 5 fatores que explicam por quê

29 jul 2022, 13:09 - atualizado em 29 jul 2022, 13:09
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Reabilitação: Dividendos surpreendentes e corte de preço da gasolina ajudaram a melhorar imagem da Petrobras (Imagem: Bloomberg)

A Petrobras (PETR4) conseguiu dar uma guinada na sua imagem perante o governo, os investidores e os consumidores durante julho. A estatal começou o mês detestada pelo presidente Jair Bolsonaro e pelos brasileiros em geral, devido às fortes altas dos preços dos combustíveis, e desacreditada pelos investidores, preocupados com a ingerência política.

Mas a disparada das ações da companhia, nesta sexta-feira (29) e o armistício de Bolsonaro mostram que a Petrobras conseguiu se equilibrar entre as demandas dos acionistas, os humores do Palácio do Planalto e o bolso dos brasileiros.

Veja, a seguir, os fatores que levaram a Petrobras a sair de julho com algum saldo positivo em sua bombardeada imagem.

1. Caio Paes de Andrade assume o comando da Petrobras

Ex-assessor do ministro Paulo Guedes, Paes de Andrade foi oficialmente empossado na presidência da estatal em 28 de junho. Terceiro CEO da companhia apenas em 2022, ele substituiu José Mauro Coelho, que caiu em desgraça com Bolsonaro após sucessivos aumentos de preços dos combustíveis, vistos pelo ex-capitão como uma ameaça à sua reeleição.

É verdade que Paes de Andrade não desperta empolgação nos investidores, dada sua inexperiência no setor petrolífero – algo que não passou em branco. De qualquer modo, o governo conseguiu emplacá-lo, usando o peso de ser o controlador da empresa.

2. Mudanças no conselho de administração

A troca de comando foi acompanhada pela indicação de novos membros para o conselho de administração. Mais do que uma mera formalidade, já que o estatuto da Petrobras exige que seu presidente executivo integre o conselho, o governo aproveitou a ocasião para indicar nomes que considera mais alinhados aos seus interesses.

O comitê de elegibilidade (Celeg) da companhia avaliou os nomes de Gileno Gurjão Barreto (também indicado como presidente do conselho de administração); Edison Antônio Costa Britto Garcia; Iêda Aparecida de Moura Cagni; Jônathas Assunção Salvador Nery de Castro; Márcio Andrade Weber; Ricardo Soriano de Alencar; e Ruy Flaks Schneider e os candidatos indicados pelos acionistas minoritários: José João Abdalla Filho e Marcelo Gasparino da Silva.

O atrito entre o comitê e o governo surgiu, quando a Celeg rejeitou Jônathas Assunção, homem de confiança do ministro Ciro Nogueira, da Casa Civil, e Ricardo Soriano, procurador-geral da Fazenda Nacional. Seus nomes foram questionados por acionistas minoritários e sindicatos ligados à Petrobras.

Contrariando o parecer da Celeg, o Ministério de Minas e Energia afirmou que manterá as duas indicações rejeitadas na chapa que será apresentada na Assembleia Geral de Acionistas, marcada para 19 de agosto.

A composição do conselho de administração é vista como estratégica por acionistas minoritários, já que ele pode vir a assumir o comando da política de preços da estatal, com impactos relevantes sobre os resultados e os dividendos.

3. Cortes de 8,62% no preço da gasolina, mas não do diesel

Em julho, a Petrobras promoveu dois cortes no preço da gasolina que sai de suas refinarias. O primeiro entrou em vigor no dia 20, e reduziu o valor do combustível em R$ 0,20 por litro. O segundo passa a valer a partir de hoje (29), sendo de R$ 0,15 por litro.

Assim, o preço médio do combustível vendido aos postos recuou de R$ 4,06 para R$ R$ 3,71 nesse intervalo – equivalente a uma queda de 8,62%.

No entanto, o preço do diesel, que azeda o humor dos caminhoneiros, importante base de apoio de Bolsonaro, não mereceu a mesma atenção da estatal. O motivo é a conjuntura internacional: a guerra da Ucrânia impacta muito mais esse combustível do que a gasolina, e as projeções indicam que vai demorar até que o diesel recue.

4. Pagamento de dividendos surpreende

Ontem (28), a Petrobras surpreendeu o mercado com o anúncio de que pagará R$ 87 bilhões em dividendos, o equivalente a R$ 6,73 por ação. Embora os analistas já previssem que a empresa distribuiria proventos para fortalecer o caixa da União num momento de aumento de gastos para bancar a reeleição de Bolsonaro, a cifra ficou bem acima dos R$ 4 por ação que eram esperados.

Para completar, a data de corte que separará acionistas com direito aos dividendos é 11 de agosto. Isso significa que, até lá, quem comprar ações da Petrobras participará da distribuição. Não é à toa, portanto, que as ações disparam nesta sexta-feira (29).

Os papéis ficam ainda mais apetitosos, diante da estimativa do Bradesco BBI de que a empresa pode distribuir outros US$ 16 bilhões em proventos, relativos ao balanço de 2022.

5. Lucro de R$ 45 bilhões no 2T22, acima do esperado

A Petrobras reportou lucro líquido recorrente de R$ 45 bilhões no segundo trimestre de 2022, alta de 10% em relação ao mesmo período de 2021, mostra documento enviado ao mercado nesta quinta-feira (28).

O lucro líquido atribuído aos acionistas foi de R$ 54,33 bilhões, alta de 26,8%. O número ficou acima do esperado pelo consenso da Bloomberg, que aguardava lucro líquido de R$ 35 bilhões.

Veja o relatório de resultados do 2T22 da Petrobras, divulgado nesta quinta-feira (28).

 

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Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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