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PicPay é a nova ameaça para os bancos?

13 set 2021, 17:02 - atualizado em 28 set 2021, 9:18
PicPay
Atualmente, a companhia está na marca de 55 milhões de clientes (Imagem: Money Times/ Gustavo Kahil)

O PicPay começou sua história em 2012 como apenas um aplicativo de pagamentos, a empresa passou a atuar dessa forma devido a uma menor burocracia e regulação para o setor em relação ao segmento bancário.

Mas, atualmente, a companhia está na marca de 55 milhões de clientes e está criando novos produtos com diversas aquisições com o intuito de aumentar as receitas desse vasto número de usuários.

Sendo assim, após essa expansão um questionamento vem a tona, será que o PicPay é uma nova ameaça aos bancos? Para responder a pergunta, o Money Times teve acesso ao relatório divulgado pela Genial Investimentos nesta última quinta-feira (09).

Em primeiro lugar, os analistas enxergaram que o PicPay já está bem posicionado para passar a monetizar e crescer seus negócios devido ao grande número de clientes.

“Essa monetização pode ser realizada através da qualidade do serviço e dos incentivos, como depósitos com remuneração elevada, promoções, facilidade e cashback”, explicaram Eduardo Nishio e Bruno Bandiera ao assinar o relatório da Genial.

Todavia, com o aumento dos produtos e a melhora na qualidade dos serviços, a companhia poderá reduzir os incentivos para a aquisição de novos clientes e direcioná-los para a ativação.

PicPay
A companhia poderá reduzir os incentivos para a aquisição de novos clientes e direcioná-los para a ativação (Imagem: Divulgação/PicPay)

Um exemplo disso foi a redução da rentabilidade de 210% para 120% do CDI nas quantias depositadas no aplicativo, pois, mesmo com essa mudança, a empresa continuou com um forte crescimento no número de clientes.

Além disso, Nishio e Bandiera elogiaram a capacidade do PicPay em mitigar os riscos. Um exemplo disso seria na concessão de crédito, onde a empresa optou por não deter o risco para si, originando para terceiros e ganhando uma taxa e uma remuneração variável, conforme as vendas e o resultado da carteira.

Não obstante, os especialistas do setor financeiro comentaram que esse modelo também é positivo para a fintech, tendo em vista que ele é baseado em comissões e com menos necessidade de capital para crescer.

“A iniciativa é interessante, principalmente dado o momento incipiente de seu modelo de crédito, outro ponto é que apesar de ter uma boa rentabilidade, o crédito pode cobrar um custo alto para aqueles que tem pouco know-how no controle da inadimplência”, alegaram Nishio e Bandiera.

Modernidade é uma mão na roda

O relatório também destacou que o avanço da tecnologia sobre o sistema financeiro nacional foi uma grande ajuda para a companhia.

PicPay
O relatório também destacou que o avanço da tecnologia sobre o sistema financeiro nacional foi uma grande ajuda (Imagem: Facebook/PicPay)

“O Pix também ajudou o PicPay, diminuindo o custo de transações e facilitando transações antes feitas por boletos e ajudando na entrada de dinheiro no ecossistema. 80% do cash-in hoje é feito pelo Pix, que a companhia detém 7% de market share em todo sistema”, disseram os especialistas.

Em tendências para o futuro, a corretora explicou que o openbanking pode trazer ganhos para a aspirante instituição financeira. A nova modalidade vai habilitar o compartilhamento de dados de crédito de clientes entre instituições financeiras.

“A chegada do openbanking pode fazer com que o aplicativo de pagamentos surfe informações de bancos com mais experiência para melhorar seu modelo de crédito proprietário”, declaram.

Empresa deseja abrir capital

O PicPay queria fazer sua oferta primária de ações (IPO, em inglês) na Nasdaq em junho, mas desistiu após uma avalição de valor de mercado muito abaixo do desejado. A empresa queria uma avalição em torno de US$ 20 bilhões, mas ela foi estimada em US$ 12 bilhões.

PicPay Pagamentos
A empresa queria uma avalição em torno de US$ 20 bilhões, mas ela foi estimada em US$ 12 bilhões (Imagem: Reuters/Aluisio Alves)

Entretanto, a Genial Investimento calculou que ela deve valer cerca de R$ 31,7 bilhões, comparando a companhia com a Méliuz (CASH3) e Banco Inter (BIDI11) na relação preço/cliente ativo.

Na cotação do câmbio atual, com o dólar a R$ 5,23, o valor equivale a US$ 6,06 bilhões, ou seja, 69,7% a menos do que a quantia desejada pelo aplicativo de pagamentos.

Mesmo com esse valor muito abaixo do que o cobiçado pela diretoria do PicPay, a corretora está otimista, principalmente sobre a evolução das fintechs.

Nishio e Bandiera afirmaram que enquanto as fintechs vêm atraindo um grande número de clientes pela facilidade, boa experiência de uso e baixo custo, os bancos correm para se tornar mais ágeis e atraentes para uma população cada vez mais exigente.

Por fim, eles esclareceram que o PicPay tende a ser uma nova ameaça às instituições, com elas correndo atrás do prejuízo. “A briga vai ser boa e os bancos vão ter que acentuar mudanças nos próximos anos para manter seus clientes pagantes”, concluíram os analistas.

Repórter
Formado em jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em Julho de 2021. Bruno trabalhou no Money Times, como estagiário, entre janeiro de 2019 e abril de 2021. Depois passou a atuar como repórter I. Tem experiência com notícias sobre ações, investimentos, empresas, empreendedorismo, franquias e startups.
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Formado em jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em Julho de 2021. Bruno trabalhou no Money Times, como estagiário, entre janeiro de 2019 e abril de 2021. Depois passou a atuar como repórter I. Tem experiência com notícias sobre ações, investimentos, empresas, empreendedorismo, franquias e startups.
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