Opinião

Pirâmides financeiras e por que não devemos insistir na “mágica dos investimentos”

09 ago 2019, 15:08 - atualizado em 09 ago 2019, 15:10
Investimentos Ações Mercados
É preciso entender que pirâmide financeira é um crime, não um investimento (Imagem: Pixabay)

Por Tiago Reis/Terraço Econômico

Os anos passam, as tecnologias avançam em ritmo acelerado, mas uma coisa não muda: as promessas de dinheiro rápido continuam atraindo as pessoas. Muitos insistem em não tratar o assunto com a seriedade que merece, mas a verdade é que qualquer iniciativa que tente colocar o sujeito em uma situação em que acredita que ganhará dinheiro fácil é irresponsável e, na grande maioria das vezes, criminosa. Todos sabemos que não existe mágica.

Uma das últimas “portas” em que a CVM bateu foi a LBLV, empresa de Forex, Bitcoin e criptomoedas apoiada por Ronaldinho Gaúcho. Conforme publicação no Diário Oficial da União em 19 de julho, a empresa realizou captação ilegal de clientes, o que levou à suspensão de suas atividades. O problema em empreendimentos desse tipo é operar com ativos financeiros que não são regulamentados no Brasil.

Como são pouco conhecidos no mercado nacional, esses produtos são usados para atrair investidores para uma forma de golpe que tem se disseminado: pirâmides financeiras. O crescimento de denúncias fez a CVM publicar no início do mês uma página com alertas sobre esse tipo de atuação, com avisos sobre Forex e criptoativos.

Primeiro de tudo, é preciso entender que pirâmide financeira é um crime, não um investimento. A prática normalmente começa com poucas pessoas, que vendem a promessa de um investimento fácil e com rápido e polpudo retorno do valor aplicado. Este “investimento” solicitado pode ser de um valor alto ou não. Mas o mais comum é que sejam valores fáceis de pagar. Assim, cada participante vai chamando novas pessoas com a mesma promessa de lucro fácil. Este recurso “investido” pelas vítimas é a fonte de renda destes golpistas.

Quanto mais adeptos, maior o benefício dos organizadores do esquema. O problema dessa estrutura é que, quando o número de entrantes diminui ou para, o esquema cai, e quem colocou dinheiro não consegue recuperá-lo. Se são famosos os casos de golpe que prometiam ganhos no investimento em bois e aplicativos de VoIP, cresce o número de armadilhas que tem como isca produtos financeiros.

Como a maioria dos golpes, a prática atrai pessoas com dificuldades financeiras que veem na oportunidade uma salvação para os seus problemas. Está aí também um dos motivos em que bato na tecla da responsabilidade de informação sobre retornos financeiro e da estratégia a longo prazo. Apenas por meio da educação financeira será possível evitar que mais pessoas caiam nessas armadilhas e que outros lucrem por meio de falsas promessas.

É por isso também que quero compartilhar aqui algumas dicas para identificar uma pirâmide financeira. Como em todo investimento, é super importante conhecer o negócio como um todo antes de fazer qualquer adesão. Isso inclui pesquisar reportagens sobre o tema, ou mesmo depoimentos em redes sociais, que podem levar ao conhecimento de outras vítimas. Pesquise também o CNPJ ou o CPF de quem está fazendo tal proposta.

Toda empresa tem um contrato social registrado na Junta Comercial. Vale a pena lê-lo. Lembre-se que somente instituições financeiras cadastradas junto à CVM podem oferecer operações com valores mobiliários. A pesquisa por essas informações pode ser feita diretamente no site desta instituição.

Uma pirâmide financeira sempre precisa de mais adeptos para funcionar. Desconfie sempre de investimentos fáceis, com retorno rápido e grandioso. Por exemplo, taxas de retorno de 1,5% ao dia, como algumas dessas empresas oportunistas prometem, são irreais considerando períodos mais longos.

Com um ganho desses, uma pessoa que aplicasse apenas R$ 1 mil teria, em 10 anos, cerca de metade do PIB do Brasil. Outra comparação: um dos maiores investidores do mundo, Warren Buffett, leva um mês inteiro para conseguir uma rentabilidade de 1,35%. É preciso ficar atento e denunciar. Apenas com a conscientização conseguiremos contribuir para um mercado mais saudável e seguro.

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