Política

PL das Fake News: Entenda a proposta que colocou Governo Lula contra as big techs

03 maio 2023, 13:37 - atualizado em 03 maio 2023, 13:37
Google PL das Fake News
Entenda o que prevê o PL das Fake News e entrave com big techs (Imagem: REUTERS/Andrew Kelly)

O PL das Fake News ficou nos holofotes na terça-feira (2), após reações do Governo em relação ao posicionamento contrário do Google e outras big tech ao projeto. Neste cenário, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), adiou a votação do projeto de lei.

Até a tarde de ontem, na página inicial do Google havia um link que dizia “O PL das fake news pode aumentar a confusão sobre o que é verdade ou mentira no Brasil”.

Ao clicar, o usuário era direcionado para um blog em que há um texto escrito pelo diretor de relações governamentais e políticas públicas do Google Brasil, Marcelo Lacerda.

Diante desta situação e da manifestação de outras big techs, como a Meta — companhia que controla FacebookInstagram e WhatsApp — e o Twitter, Ministério Público Federal (MPF), notificou as companhias por práticas contrárias ao projeto de lei.

Projeto de Lei das Fake News

O projeto de lei 2630/2020 prevê normas relativas à transparência de redes sociais e de serviços de mensagens privadas. Conhecido como PL das Fake News, é uma das prioridades do Governo Lula.

O tema está em discussão no Congresso há três anos e já foi aprovado pelo Senado. No entanto, a votação na Câmara ainda não ocorreu, tendo sido adiada após repercussão do entrave com big techs.

Conforme defensores da proposta, a lei vai combater a desinformação, discursos de ódio e conteúdos criminosos no ambiente digital. Em contrapartida, opositores apontam riscos do projeto ferir o direito à liberdade de expressão.

Se o projeto de lei for aprovado, plataformas poderão ser responsabilizadas pela circulação de conteúdos que se enquadrem em crimes já tipificados na lei brasileira, como crimes contra o Estado Democrático de Direito, atos de terrorismo e preparatório de terrorismo, racismo, violência contra a mulher, entre outros.

Conforme o PL, existirão duas situações em que as plataformas poderão ser responsabilizadas:

  • Quando o conteúdo for patrocinado ou impulsionado;
  • Quando as empresas falharem em conter a disseminação de conteúdo criminoso, obrigação prevista em seu “dever de cuidado”.

Outro ponto presente no texto é a remuneração de autores de conteúdos jornalísticos e artísticos nas plataformas. Algo que não agrada as big techs.

Veja aqui: Dilema entre Globo, Meta e Google é empecilho para Governo Lula; entenda

Ainda, há o empasse sobre qual órgão realizará a fiscalizará a aplicação da lei. Em primeiro momento, o Poder Executivo poderia criar uma entidade autônoma de supervisão, no entanto, a Câmara resistiu, especialmente parlamentares bolsonaristas. Dessa forma, no último texto apresentado, este aspecto foi retirado.

Repercussão PL das Fake News

Ainda na terça-feira (3), o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, determinou que a Polícia Federal ouça os presidentes do GoogleMeta, Spotify e Brasil Paralelo.

A PF tem cinco dias para conversar com os representantes das empresas, para explicarem sua conduta, “que podem, em tese, constituir abuso de poder econômico, bem como, eventualmente, caracterizar ilícita contribuição com a desinformação praticada pelas milícias digitais nas redes sociais”.

Moraes determinou ainda que as big techs devem explicar, dentro de 48h, os métodos de impulsionamento e indução à busca dos termos “PL da Censura”.

Ainda, o Google e demais empresas deverão remover anúncios e textos contrários ao PL das Fake News, que deve ser votada na Câmara dos Deputados ainda hoje. Em caso de não cumprimento, o despacho prevê multa de R$ 150 mil por hora.

No despacho, o ministro menciona um estudo feito pelo NetLab UFRJ. O estudo diz que aparenta que “o Google ponderou os resultados de busca de tal forma a aumentar a relevância de sua própria voz em sua plataforma”.

A Secretaria Nacional do Consumidor determinou que o Google terá que sinalizar como “publicidade” o conteúdo produzido e veiculado pela empresa com críticas ao PL das Fake News.

A exigência de sinalização é só uma das determinações do órgão ligado ao Ministério da Justiça, sendo que o descumprimento das exigências implica em uma multa de R$ 1 milhão por hora.

Por fim, o Conselho de Administrativo de Defesa Econômica (Cade)abriu investigação para apurar o suposto abuso do Google e Meta em relação à campanha contra o PL das fake news.

O líder do governo no Congresso, o senador Randolfe Rodrigues, havia dito em publicação no Twitter que solicitou ao órgão abertura de investigação.

Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Foi redatora na área de marketing digital por 2 anos e ingressou no Money Times em 2022.
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