Inflação

Políticas de estímulo podem alimentar inflação de emergentes

23 jun 2020, 14:43 - atualizado em 23 jun 2020, 14:43
Logo do Bank of America (BofA) em Nova York
David Hauner, estrategista do Bank of America disse que governos terão dificuldade de reverter as políticas fiscais e monetárias frouxas que evitaram o colapso econômico (Imagem: REUTERS/Carlo Allegri)

A inflação em mercados emergentes está adormecida mesmo com a injeção de liquidez de governos e bancos centrais na economia. Mas investidores devem estar preparados para uma mudança de cenário.

Depois que a pandemia de coronavírus for superada, governos terão dificuldade de reverter as políticas fiscais e monetárias frouxas que evitaram o colapso econômico, disse David Hauner, estrategista do Bank of America, em Londres. Isso pode alimentar a inflação, enfraquecer moedas e afetar o desempenho dos títulos de dívida.

“Muitos governos de mercados emergentes enfrentarão problemas sociais ainda maiores pós-Covid-19 do que enfrentavam antes”, disse Hauner. “Um aumento permanente dos gastos públicos parece provável.”

Por enquanto, a pandemia de coronavírus reduziu a demanda de consumidores e investimentos e deixou a inflação em mínima histórica no Brasil e no menor nível em seis anos na Colômbia.

Nos mercados emergentes, a inflação está sob controle, permitindo que governos aumentem gastos e bancos centrais atendam às necessidades de liquidez dos mercados. Quanto mais tempo essa política continuar, mais difícil será para formuladores de políticas fecharem a torneira.

Coronavírus
Por enquanto, a pandemia de coronavírus reduziu a demanda de consumidores e investimentos e deixou a inflação em mínima histórica no Brasil e no menor nível em seis anos na Colômbia (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

Ainda assim, a diferença entre os chamados “breakevens” – um indicador das expectativas de inflação em mercados mais arriscados e com beta alto e pares mais estáveis de beta baixo – está aumentando. Isso porque operadores começam a se preocupar com os riscos de inflação em países com maiores ameaças políticas e fiscais, de acordo com o Bank of America.

Nos próximos seis a 12 meses, o rand da África do Sul pode estar entre as moedas com maior risco, devido a juros mais baixos, vulnerabilidades subjacentes e ao programa de flexibilização quantitativa do banco central, disse Brendan McKenna, estrategista de câmbio da Wells Fargo Securities, em Nova York.

O real também pode sofrer pressão com a maior probabilidade de formuladores de políticas iniciarem um programa de compra de títulos, disse.

Embora as previsões do banco central do Chile apontem para inflação controlada para o resto do ano, a quantidade de estímulos lançados também coloca o peso chileno no radar de McKenna.

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