Economia

Por que elevar a meta de inflação não é uma boa ideia?

29 jun 2023, 10:59 - atualizado em 29 jun 2023, 10:59
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Alta na meta de inflação pode afetar perspectivas do mercado e atrapalhar o plano do Banco Central de reduzir a Selic em agosto. (Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O mercado já colocou na agenda: hoje, às 15h, o Conselho Monetário Nacional (CMN) se reúne para falar sobre metas de inflação.

Tradicionalmente, é na reunião de junho que o grupo determina os parâmetros para daqui a três anos – ou seja, será definida a meta de 2026. Mas, esse ano terá uma diferença: o CMN também deve debater uma eventual mudança nas metas já fechadas para 2023, 2024 e 2025, que são de 3,25%, 3% e 3%, respectivamente.

A princípio, o plano é promover é uma revisão do calendário. O ministro Fernando Haddad já tinha comentado que a ideia é que a meta passe de ano-calendário para contínua.

Os países que seguem o sistema de metas consideram a inflação acumulada em 12 meses de maneira contínua (se o mês é abril, então o Banco Central vai olhar os dados acumulados até abril do ano anterior). No entanto, aqui no Brasil, a meta de inflação se refere ao IPCA acumulado de janeiro a dezembro, o chamado ano-calendário.

Com a mudança, a política de verificação de cumprimento da meta será redefinido para o padrão internacional, deixando para o Banco Central definir o horizonte de convergência. Se a projeção se confirmar, será algo bem-visto pelo mercado, já que traz uma certa flexibilidade para a meta.

“A mudança de ano-calendário para contínuo alinha o Brasil com as economias globais. Uma meta permanente facilita a vida de todo mundo e facilita a formação de preço”, afirma Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco e ex-diretor de Política Econômica do Banco Central.

De 3% para 4%

No entanto, esse não era o plano original. A revisão das metas entrou no radar do mercado no começo do ano, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva questionou se não era melhor aumentar a meta para ajudar o Banco Central na redução da Selic.

“Você estabeleceu uma meta de inflação de 3,7% [a meta estipulada para 2023 é de 3,25%] e quando faz isso é obrigado a arrochar mais a economia para poder atingir a meta. Por que não 4,5%, como nós fizemos?”, disse Lula no dia 18 de janeiro em entrevista a GloboNews.

No entanto, essa medida não é bem vista pelo mercado. “Se vier uma elevação da meta, essa melhora das expectativas de inflação tende a parar ou até mesmo ser revertida”, disse Mesquita, em evento com a imprensa. Nesse caso, o sonho da Selic mais baixa a partir de agosto fica cada vez mais distante.

O que é o sistema de metas de inflação?

inflação é de longe um dos temas de economia que mais preocupa as pessoas. Afinal, a alta nos preços afeta diretamente o bolso das pessoas.

Para evitar que os preços corram soltos por aí. Os países possuem um sistema de metas, no qual o governo determina para a sua autoridade monetária um patamar no qual a inflação deve ser mantida. Basicamente, é definida uma faixa de limite mínimo e máximo que quanto a inflação pode variar ano a ano.

O Brasil aderiu ao sistema de metas em julho de 1999, quando estavam no poder Pedro Malan, como Ministro da Fazenda, e Armínio Fraga, no posto de presidente do Banco Central.

Por exemplo, a meta de 2023 é de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. Ou seja, a inflação precisa ficar entre 1,75% e 4,75%. Atualmente, o acumulado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está em 3,94%, considerando os últimos dados que são de maio.

Com a meta em mãos, o Banco Central tem autonomia para adotar as medidas que julgar necessárias para chegar ao patamar determinado.

Quando a meta não é cumprida, o presidente do Banco Central precisa escrever uma carta ao ministro da Fazenda justificando o motivo. Desde que o modelo foi implementado, a inflação ficou fora da em sete vezes: ficando abaixo da banda tolerável em 2017; e acima em 2001, 2002, 2003, 2015, 2021 e 2022.

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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