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Por que Fiagros superam dividendos dos FIIs e quando isso pode mudar?

15 abr 2023, 10:00 - atualizado em 17 abr 2023, 11:05
Dividendos, ações, fiagro
De acordo com analista da Empiricus, existem 3 fatores principais que podem mudar o cenário atual do pagamentos de dividendos dos fiagros (Imagem: Pixabay/@alexsander)

Os Fundos de Investimento do Agronegócio, os chamados Fiagros, são uma junção de recursos de diversos investidores para aplicação em ativos de investimentos do agronegócio, sejam eles de natureza imobiliária rural ou relacionados a atividades de produção do setor, que permitem o financiamento de atividades agrícolas e pecuárias.

Dessa forma, cabe ao administrador do fundo realizar a captação de recursos com investidores por meio da venda de cotas.

Recentemente, o pagamento de dividendos dos Fiagros superou os repasses dos Fundos de Investimento Imobiliário (FII), segundo levantamento realizado pela Monett.

Fundo de Investimento Dividend Yield médio em 2022 (%)
Fiagros 12,4
Fundos Imobiliários 10,9

Caio Nabuco, analista da Empiricus Research, ressalta que comparar os FIIs com os Fiagros acaba sendo impreciso, devido ao fato de existir mais de 400 Fundos Imobiliários listados no Brasil.

“A maioria dos Fiagros consiste em uma estratégia de crédito agrícola por meio de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), títulos de renda fixa lastreados em negócios entre produtores, cooperativas ou empresas do setor. Assim, o fundo impresso tem esse destino normalmente para capital de giro, com o recurso sendo remunerado em uma taxa pré mais indexação, majoritariamente CDI, sendo esse o principal ponto de descolamento dos FIIs e os Fiagros”, comenta.

Vale lembrar que os Fiagros ainda não foram regulamentados no Brasil. Para 2023, A Agenda Regulatória da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) prevê a realização de audiência pública sobre a regulamentação específica do Fiagro. No entanto, segundo a própria assessoria da CVM, ainda não há previsão para quando essa audiência deva ocorrer.

Nabuco explica que as operações de crédito do Fiagro são muito indexadas a CDI (Certificado de Depósito Interbancário), apresentando um risco mais alto do que no fundo imobiliário, com isso, a taxa pré (spread) também é elevada. Por representar operações recentes, não há muitos exemplos de inadimplência, o que favoreceu o retorno da indústria nos últimos 12 meses.

“Na média, você encontra taxas CDI +4% e CDI +5% para alguns portfólios. Com essa escalada da taxa Selic e consequentemente da CDI, a remuneração dos Fiagros se tornou bastante representativa, enquanto nos FIIs há uma indexação um pouco mais mista, mais concentrada na inflação e no IPCA, dada toda conjuntura do setor imobiliário. Essa é a principal diferença entre os fundos”, analisa.

Quando esse cenário de dividendos pode mudar?

De acordo com o analista da Empiricus, existem três fatores que podem mudar o cenário atual do pagamento de dividendos maiores para os Fiagros em relação aos FIIs, são eles: queda da taxa de juros, perspectiva de risco e a valorização dos ativos. 

“Em caso de queda da taxa de juros, essas operações tendem a ter uma remuneração menor, mais alinhada com a dos fundos imobiliários”, diz.

“Existe também a perspectiva de risco, você tem uma taxa interessante para o crédito agrícola, mas quanto mais cara, mais difícil para o produtor pagar”.

Com isso, segundo ele, o risco de inadimplência vem aumentando nos últimos meses e essa, diz o analista, é uma ameaça “considerável” pensando em rendimento mensal, “especialmente no curto prazo, com a necessidade de renegociação de títulos, ou no pior dos casos, uma execução de garantia”.

Por fim, a própria valorização dos ativos pode ser um fator que altere este cenário, segundo o analista. “Apesar do cenário atual, nós vemos muito mais potencial para fundos imobiliários, mesmo de crédito, do que do Fiagro, que negocia majoritariamente com prêmio”, destaca.

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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