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Produção da Apple mostra como é difícil depender menos da China

30 set 2022, 10:06 - atualizado em 30 set 2022, 10:06
Apple
Mas a Bloomberg Intelligence estima que levaria cerca de oito anos para retirar da China apenas 10% da capacidade de produção da Apple, onde cerca de 98% dos iPhones são fabricados (Imagem: Reuters/Dado Ruvic/Illustration)

As empresas americanas acumularam uma lista crescente de razões para diminuir seus laços com a China nos últimos anos: tarifas de importação do ex-presidente Donald Trump, Covid Zero, impasse sobre Taiwan e pressão para comprar de países “amigáveis”.

Mas a separação é difícil.

Essa conclusão é evidente em uma análise da Bloomberg Intelligence sobre a Apple (APPL), que tenta reduzir sua dependência da China.

A gigante de tecnologia sediada em Cupertino, na Califórnia, já começou a produzir alguns modelos da linha iPhone 14 na Índia.

E a maior fornecedora da Apple, a Foxconn, recentemente concordou com uma expansão de US$ 300 milhões de suas instalações de produção no Vietnã.

Mas a Bloomberg Intelligence estima que levaria cerca de oito anos para retirar da China apenas 10% da capacidade de produção da Apple, onde cerca de 98% dos iPhones são fabricados.

Dezenas de fornecedores locais de componentes — para não mencionar transporte moderno e eficiente, comunicação e fornecimento de eletricidade — tornam particularmente difícil sair da segunda maior economia do mundo.

“Com a China respondendo por 70% da fabricação global de smartphones e os principais fornecedores chineses respondendo por quase metade das remessas globais, a região tem uma cadeia de suprimentos bem desenvolvida, que será difícil de replicar — e a Apple pode perder o acesso a tudo isso se sair”, disseram os analistas Steven Tseng e Woo Jin Ho no relatório da BI.

Um porta-voz da Apple não respondeu a um pedido de comentário.

Uma coisa é procurar fabricantes de brinquedos e camisetas fora da China, mas as empresas de tecnologia americanas investiram mais de duas décadas e dezenas de bilhões de dólares para montar cadeias de produção complexas.

Desfazer esses laços pode levar o mesmo tempo e causar danos duradouros a uma economia global já combalida.

É claro que eventos imprevistos, como a ruptura da Europa e dos Estados Unidos com a Rússia, são um poderoso lembrete tanto dos riscos sistêmicos da profunda integração econômica quanto da velocidade com que a dissociação pode ocorrer.

Os ventos contrários políticos nos EUA têm se inclinado constantemente contra a integração com a China.

Sob o presidente Joe Biden, as relações comerciais entres as duas potências, que giram cerca de US$ 600 bilhões em bens e serviços por ano, se transformaram em uma guerra fria.

As tensões comerciais sob o governo Trump resultaram em tarifas sobre US$ 360 bilhões em bens, e os EUA impôs sanções contra os principais fabricantes de tecnologia chineses, como a Huawei.

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