Quais ações perdem com o fim do governo Bolsonaro? Lula deve abalar PETR4 e outras estatais

A menos de um mês para a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o mercado precifica os primeiros passos do futuro governo. O Ibovespa (IBOV) já sente o baque das especulações sobre a equipe do presidente eleito e dos gastos previstos na PEC da Transição, mas os agentes do mercado também seguem atento àqueles papéis que tendem a sofrer com as diretrizes do terceiro mandato do petista.

Segundo Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos, devido ao caráter mais intervencionista de Lula, as ações das estatais devem enfrentar “forte volatilidade” nos próximos anos, principalmente Petrobras (PETR3; PETR4) e Banco do Brasil (BBAS3).

“Com Bolsonaro, as estatais eram um mecanismo muito grande de receita para o governo, a fim de cobrir os gastos adicionais. Elas tinham destraves maiores. Mas, com Lula, essas empresas vão sentir decréscimo do lucro operacional”, afirma.

Na análise de Leão, as estatais “não têm um prognóstico muito bom para se livrar das amarras do governo e, assim, teremos mais interferência no sentido operacional das empresas para ajustar aos novos moldes e Lula”.

Muito além das estatais

Outra ação que deve perder a valorização que conquistou do governo Jair Bolsonaro (PL) é a Taurus (TASA4). Leão explica que o desempenho do papel nos últimos quatro anos foi influenciado pelo viés armamentista do futuro ex-presidente, além dos investimentos em segurança pública.

Entre setembro e novembro de 2022, reta final do mandato de Bolsonaro, mais de 2 mil armas foram registradas por CACs (categoria que reúne caçadores, atiradores e colecionadores) por dia, em média. O índice mais que duplicou em comparação com a média de 870 registros diários entre janeiro e agosto.

A flexibilização das leis para porte e aquisição de armas era uma bandeira da campanha de Bolsonaro em 2018, já Lula critica o incentivo.

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A expectativa de revogação de decretos existentes em relação ao porte de armas pode afetar as fabricantes do setor, como a Taurus — o que deve refletir diretamente nas ações da companhia.

Com Lula eleito, o que fazer?

Quanto a manter posição ou vender essas ações que podem enfrentar instabilidades, o especialista da Valor diz que, no curto prazo, o mais indicado é esperar. Afinal, ainda não há uma definição  dos nomes da equipe econômica de Lula nem qual será o direcionamento para  a área.

“Após a formação dessa equipe e da posse de Lula, ficará mais claro as reais direções que o governo vai tomar. A partir de então fica mais claro se é melhor manter posição ou sair do investimento”, ressalta Leão.

A expectativa é de que o presidente eleito anuncie seus ministros após a diplomação, marcada para o dia 12.