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Quebra de safra e commodities em baixa devem limitar PIB em 2024, vê economista-chefe do Banco do Brasil (BBSA3)

06 fev 2024, 10:44 - atualizado em 06 fev 2024, 10:44
pib banco do brasil
Banco do Brasil projeta que o crescimento da economia brasileira será guiado por indústria e serviços; confira (Imagem: Shutterstock)

Na visão do economista-chefe do Banco do Brasil (BBAS3), Marcelo Rebelo, a contribuição do agronegócio no PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil deve ser limitada em 2024.

Segundo Rebelo, ainda que nos últimos meses o crescimento econômico do Brasil tenha ganho destaque no noticiário econômico, com um suposto aumento do PIB potencial em função das reformas aprovadas nos últimos anos, ele segue cético de que o país já esteja se beneficiando de avanços na nossa capacidade estrutural de gerar crescimento de forma sustentável.

Para o economista, especialmente em relação ao ano de 2023, boa parte do crescimento do indicador veio da excepcional safra agrícola sobre os demais setores da economia.

O que esperar do PIB em 2024

De olho nas tensões no Oriente Médio e das incertezas em torno das eleições nos Estados Unidos, as principais economias mundiais apontam para uma transição suave para níveis mais baixos de inflação sem grandes sacrifícios para a atividade econômica e o emprego, uma notícia positiva, segundo o banco.

Entretanto, na China, permanecem as incertezas associadas ao setor imobiliário e aos elevados níveis de endividamento.

No contexto doméstico, a inflação encerrou 2023 dentro das bandas estipuladas pelo Banco Central, e a expectativa é de recuo adicional para 3,9% neste ano. A estimativa da instituição é de que o PIB do Brasil avance 1,8% em 2024.

Apesar dos progressos internos, indicadores recentes de atividade sugerem cautela. Setores-chave da economia, como serviços, comércio e indústria, mostram uma continuidade da desaceleração já vista no 3º trimestre do ano passado.

O segmento industrial, em particular, enfrenta estoques elevados e uma demanda aquém do esperado. Somando a esses pontos, há uma perspectiva de menor impulso vindo do agro, o grande motor do crescimento de 2023.

Sobre este último aspecto, embora na contabilidade oficial do IBGE a contribuição do segmento agropecuário para a economia seja de 7,7%, ele gera transbordamentos para os demais setores, especialmente os serviços, o segmento com maior contingente de trabalhadores.

Dessa forma, a Esalq-USP estima que a cadeia do agronegócio corresponda, na verdade a 24,1% da economia brasileira.

E o agronegócio?

Para 2024, o desempenho do segmento agrícola está associado à redução na área plantada, derivada principalmente de um contexto menos atrativo para commodities agrícolas, e o fenômeno El Niño, que impacta a produtividade das principais culturas.

Contudo, tanto o clima como os demais fatores de produção tendem a apresentar padrões bastante heterogêneos no território brasileiro, dada nossa dimensão continental. Em linhas gerais, o Banco do Brasil espera que a produção nacional de grãos deste ano seja 2,8% inferior à de 2023.

No Centro-Oeste, região com maior participação na produção de grãos, as chuvas mal distribuídas e as ondas de calor retardaram a semeadura da soja na maior parte dos estados. Além do clima, a redução de área dedicada ao plantio deve produzir uma safra de grãos 11,1% menor na região, sendo a maior queda esperada no Mato Grosso (-14,6%).

No Norte e Nordeste, a combinação da escassez de chuvas com a redução da área plantada deve conduzir a uma safra menor, especialmente de soja, milho, mandioca e cana-de-açúcar.

Já no Sudeste, o avanço na produção de café tende a arrefecer os impactos da retração da soja e do milho.

Por outro lado, a Região Sul deve ser a única a apresentar crescimento na safra (15,6%) em função da recuperação da soja no Rio Grande do Sul, que deve avançar 69% neste ano.

Menores margens para o setor

Sendo assim, considerando que boa parte dos produtores adquiriram seus insumos ainda com preços elevados, a combinação de menor quantidade produzida com a desvalorização das commodities agrícolas traz uma perspectiva de menor margem em 2024.

“Portanto, pode-se caracterizar a safra de 2024 como sendo uma safra de ajustes: ajuste na quantidade produzida, já que a última fora excepcional; e ajuste nos preços dos insumos e das commodities, ambos afetados pela pandemia e pelo conflito entre Rússia e Ucrânia. O conjunto informacional que dispomos até o momento aponta para uma queda de 0,9% no PIB Agropecuário neste ano. Diante disso, avalio que os transbordamentos do agro sobre os demais setores da economia será limitado e que o crescimento da economia brasileira será guiado por indústria e serviços, em resposta, principalmente, ao processo de afrouxamento monetário em curso”, diz Rebelo.

Repórter
Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas Tadeu. Atua como repórter no Money Times desde março de 2023. Antes disso, trabalhou por pouco mais de 3 anos no Canal Rural, onde atuou como editor do Rural Notícias, programa de TV diário dedicado à cobertura do agronegócio. Por lá, participou da produção e reportagem do Projeto Soja Brasil, que cobre o ciclo da oleaginosa do plantio à colheita, e do Agro em Campo, programa exibido durante a Copa do Mundo do Catar e que buscava mostrar as conexões entre o futebol e o agronegócio.
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