Economia

Queda de 0,25 pp na Selic: Por que Copom deve deixar 0,50 pp de lado neste primeiro corte

01 ago 2023, 9:10 - atualizado em 01 ago 2023, 9:06
Banco Central, Senado
Na última ata do Copom, o Banco Central sinalizou que deve reduzir a taxa Selic pela primeira vez em três anos. (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Na quarta-feira (2), o Banco Central deve cortar a Selic pela primeira vez em três anos, após um rigoroso aperto monetário e quase um ano de manutenção da taxa básica de juros no patamar de 13,75% ao ano.

A redução já foi sinalizada na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). No entanto, ainda não está claro de qual será o tamanho deste corte. O mercado se divide entre os mais cautelosos, que apostam em um reajuste de 0,25 ponto percentual neste primeiro momento, e aqueles que defendem que há espaço para um corte de 0,50 pp.

Em relatório, os analistas do Itaú destacam que o Banco Central deve evitar queimar a largada no afrouxamento monetário.

“Acreditamos que o BCB deve iniciar o atual ciclo de redução de juros com cautela (isto é, com corte de 0,25 p.p., levando a taxa Selic de 13,75% para 13,50% a.a.), dada a dinâmica de núcleos e expectativas de inflação ainda acima da meta e a resiliência da atividade econômica e do mercado de trabalho”, diz o texto.

O banco avalia que no passado, ciclos de queda que começaram com mais cautela foram melhor sucedidos em levar a inflação para perto da meta, além de possibilitar um equilíbrio final de juros baixos por mais tempo e controlar as expectativas inflacionárias.

Por outro lado, quando o Banco Central começa os reajustes com um corte mais agressivo, a tendência é de que haja uma eventual depreciação da moeda, ou então uma piora nas expectativas de inflação. Esse movimento pode interromper o processo de desinflação em curso.

Corte nos juros: aprendendo com o passado

Segundo os analistas, para justificar a necessidade de cautela na condução do afrouxamento monetário, foram analisadas as condições econômicas que precederam outros cinco episódios de cortes de da Selic, nos anos de 2005, 2009, 2011, 2016 e 2019.

Dos cinco ciclos, em dois o Banco Central iniciou afrouxamento monetário com corte de 0,25 p.p. (2005 e
2016). Já em outros dois, o corte foi de 0,50 p.p. (2011 e 2019); e apenas um teve um ritmo mais intenso, de 1 p.p.
(2009).

“Neste último, o corte se deu como resposta à forte desaceleração resultante da crise financeira global de 2008, em um contexto de redução coordenada nas taxas de juros globais diante de significativa contração da atividade econômica”, diz o Itaú.

O banco destaca que, assim como no ciclo atual, em todos os períodos, as projeções de inflação do Banco Central no horizonte relevante se encontravam próximas à meta no momento do corte (desvio ao redor de 0,3 p.p.). A única exceção foi o episódio de 2011.

Inflação ainda segura a Selic

Em junho, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou deflação de 0,08% – a primeira de 2023. Na prévia de inflação do mês passada, também já está precificada uma nova deflação. Isso reforçou a ideia de que chegou a hora de cortar os juros.

O Itaú, no entanto, destaca que, embora a melhora recente, os núcleos de inflação e expectativas ainda se encontram em patamares relativamente elevados, indicando que permanece a desancoragem em relação à meta.

Também são destacados no relatório a atividade econômica resiliente, o mercado de trabalho aquecido e a redução das incertezas com a aprovação do arcabouço fiscal.

“O processo de desinflação tem sido lento e concentrado em itens comercializáveis (alimentação e industriais) e mais voláteis ou com impacto temporário (corte nos preços da gasolina e descontos para compra de automóveis novos)”, aponta o relatório. “Sem a ajuda da ociosidade no mercado de trabalho e com reajustes reais de salários, a inflação de serviços, devido à sua característica mais inercial, deve seguir em processo de desinflação gradual, o que demanda cautela nesse primeiro momento de corte de juros”, completa.

Editora-chefe
Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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