Economia

Queda na produção industrial aponta enfraquecimento da economia brasileira; entenda

02 ago 2022, 12:15 - atualizado em 02 ago 2022, 12:15
Indústria Carro Elétrico
 No primeiro semestre de 2022, a indústria acumulou queda de 2,2% e em 12 meses, o acumulado foi -2,8%. (Imagem: Shutterstock/Nataliya Hora)

Depois de quatro meses seguidos de alta, a produção industrial brasileira caiu 0,4% em junho, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E os números apontam para uma perda de força na economia.

O resultado veio abaixo da projeção de mercado, de -0,3%, e nem é não é tão grave no curto prazo. Na variação do trimestre encerrado em junho, por exemplo, houve alta de 0,9%.

“O problema central é que desde 2014 o setor não apresenta melhoras e estamos 13% abaixo do verificado no início daquele ano. Até o setor extrativista vêm apresentando queda e é 23% menor que o verificado em abril de 2015”, afirma André Perfeito, economista-chefe do Necton.

Dados fracos

Por mais que os indicadores dos últimos quatro meses tenham sido positivos, as altas foram quase simbólicas: fevereiro teve o maior avanço, de 0,7%, seguido por números mais fracos em março (0,3%), abril (0,1%) e maio (0,3%).

Esses ganhos não foram suficientes para reverter as perdas dos últimos anos. No primeiro semestre de 2022, a indústria acumulou queda de 2,2% e em 12 meses, o acumulado foi -2,8%.

Além disso, o setor industrial ainda se encontra 1,5% abaixo do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020, e 18% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011.

Entre as quatro grandes categorias, somente a de Bens de Consumo registrou alta (0,4%) – puxada pela categoria de duráveis, que avançou 6,4%; as demais apresentaram queda: Bens de Capital foi a que mais recuou (-1,5%), seguida por Bens Intermediários (-0,8%) e Indústria Geral (-0,4%).

E apenas nove dos 26 ramos da indústria tiveram crescimento da produção, o que resulta em uma difusão de 36% – a mais baixa desde janeiro e muito aquém da média histórica de 50,2%, destaca a Terra Investimentos.

PIB

Para William Jackson, economista-chefe de Mercados Emergentes do Capital Economics, os dados de produção industrial fornecem mais uma evidência de que a economia está perdendo força e que o crescimento do produto interno bruto (PIB) no segundo semestre deverá ser muito mais fraco do que no primeiro semestre.

“A produção industrial ainda cresceu no segundo trimestre e, portanto, o setor dará uma contribuição positiva para o crescimento do PIB”, aponta. “No entanto, o número fraco de junho fornecerá uma transição fraca para o terceiro trimestre. Isso corrobora nossa visão de que o crescimento do PIB será consideravelmente mais fraco ao longo do segundo semestre do ano.”

Ele ainda destaca que os dados industriais não devem ter muita influência na decisão do Banco Central em relação à Selic, mas uma economia em desaceleração aumenta as chances de a autoridade monetária encerrar o ciclo de aperto.

Não é só o Brasil

Marco Caruso, economista-chefe do Banco Original, destaca que a perda de ímpeto da produção industrial brasileira também faz parte da contração industrial global.

Fábricas nos Estados Unidos, Europa e Ásia têm lutado para manter os níveis de produção, enquanto a China tenta equilibrar o controle da covid e avanço da atividade econômica.

“É de se esperar que os choques nas cadeias globais não sejam aliviados tão rápido quanto esperado, já que a fabricação nos próprios países desenvolvidos sofre”, afirma.

Ainda assim, ele lembra que, nos últimos anos, a indústria nacional tem perdido competitividade internacional e participação no próprio PIB brasileiro, passando de 15% para 11%.

“A indústria de alta tecnologia atingiu a menor participação nas exportações em 20 anos, cedendo espaço para indústria extrativa, de menor valor agregado. A perda de sustentabilidade da indústria atrelada a juros mais altos e menor demanda trazem um cenário desafiador à frente, e que pode se estender em 2023, com expectativas de commodities alimentícias e metálicas a menores patamares de preço.”

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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