Internacional

Quem está mais exposto à guerra comercial? Bank of America Merrill Lynch te conta

12 ago 2019, 20:01 - atualizado em 12 ago 2019, 20:03
Prolongamento da guerra comercial afeta países agrários não industrializados (Imagem: Pixabay)

“No geral, a América Latina aparece como a região mais vulnerável não somente por conta da alta exposição à China e aos preços de commodities (e então à piora da desaceleração do crescimento global) mas também porque as ferramentas disponíveis para implementar medidas anti-cíclicas na política monetária são mais limitadas”.

A afirmação permeia relatório do Bank of America Merrill Lynch divulgado nesta segunda-feira (12), no qual o analista Claudio Irigoyen lista prognósticos para o mercado de câmbio nos mercados emergentes, bem como mostra a correlação entre desvalorização das divisas e o desdobramento da guerra comercial.

Inicialmente, Irigoyen pondera que a combinação entre a força dos mercados acionários nos EUA e condições flexíveis de suporte monetário pelo Federal Reserve pavimentou caminho para Donald Trump elevar o tom de negociação com a China mais uma vez, fato explicitado pelo anúncio de 10% de aumento sobre as tarifas de US$ 300 bilhões de bens chineses, a se iniciar no próximo dia primeiro.

“O movimento foi seguido por uma resposta retaliatória explicita da China, ao permitir que a relação entre yuan e dólar atingisse nível acima de 7”, afirma Irigoyen, ao destacar a ação do PBoC e a utilização possível de política monetária para solucionar questões de comércio internacional.

Mais adiante, o Bank of America Merrill Lynch destaca a desvalorização consonante entre as moedas dos mercados emergentes, “em linha com os selloffs (movimentos expressivos de venda de ativos) anteriores relacionados a tensões no comércio internacional em dezembro e em maio”.

“As divisas da América Latina foram as que mais se desvalorizaram, não de forma surpresa, uma vez que a maioria dos países na região são exportadores de commodities com elevada exposição à China”, avalia Irigoyen, ressaltando a fragilidade da matriz latino-americana, tomadora de preços no mercado internacional.

Divisas latimo-americanas são penalizadas durante guerra comercial

Neste contexto, o analista avalia quais países podem ser mais prejudicados com a escalada da guerra comercial. Para Irigoyen, os países mais vulneráveis no universo dos emergentes são: Colômbia, Argentina, África do Sul, Indonésia, México e Turquia, “onde a combinação entre alta necessidade de financiamento e exposição a fatores globais com fundamentos de relativa fraca demanda doméstica” podem ser mais sentidos.

REER = Taxa real efetiva de câmbio, na tradução literal

Outra maneira para checar a vulnerabilidade, conforme o Bank of America Merrill Lynch, é verificar quais países possuem maior espaço para implementação de políticas monetárias anti-cíclicas em conjunto com colchão fiscal a choques externos.

“Em termos de política monetária, a flexibilização maciça nos países do G4 (tipologia usada para denominar EUA, Alemanha, Japão e Reino Unido – países fortemente industrializados), e o tom mais dovish do Federal Reserve neste ano forneceu maior espaço para os bancos centrais emergentes realizaram política monetária de afrouxamento”, diz Irigoyen.

Bancos centrais de emergentes com maior espaço na política monetária

Por outro lado, o analista pondera que alguns países possuem mais espaço do que outros. “Acreditamos que Argentina, Turquia, México, Colômbia e Indonésia são os mais restritos”, diz o Bank of America Merrill Lynch, destacando que “um elemento importante a considerar que geralmente limita a habilidade dos bancos centrais emergentes a utilizarem política monetárias anti-cíclicas é a volatilidade do câmbio”.

Em contrapartida, no âmbito fiscal, os países mais vulneráveis são Argentina, Brasil, Equador e África do Sul.

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Graduado em Ciências Econômicas pela USP, tendo cursado mestrado em Ciências Humanas e em Economia na UFABC, Valter Outeiro acumulou anos de vivência no mercado financeiro através de passagens nas áreas de estratégia de investimentos dentro de private banks, em multinacionais produtoras de índices de ações e em redações de jornalismo econômico.
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Graduado em Ciências Econômicas pela USP, tendo cursado mestrado em Ciências Humanas e em Economia na UFABC, Valter Outeiro acumulou anos de vivência no mercado financeiro através de passagens nas áreas de estratégia de investimentos dentro de private banks, em multinacionais produtoras de índices de ações e em redações de jornalismo econômico.
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