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Real Digital x Open Banking: qual o futuro do mercado de pagamentos no Brasil?

24 set 2022, 16:00 - atualizado em 23 set 2022, 16:24
Open Banking Pix Real Digital
(Imagem: Unsplash/ Myriam Jessier)

Uma dúvida recorrente entre especialistas é a se o Brasil ruma para um avanço tecnológico mais centralizado no meio de pagamentos, com modelos como Open Banking, ou para um avanço mais descentralizado com o Real Digital e a regulação de criptomoedas.

O motivo disso é que, por um lado, é possível notar o rápido desenvolvimento de novas tecnologias de pagamentos homologadas pelo Banco Central, mas que centralizam informações dos usuários em servidores de nuvem locais – como o Pix e o Open Banking.

Por outro lado, o Brasil se mostra amigável com a tecnologia blockchain e incentivos a cripotomoedas – como é o caso do próprio Projeto de Lei que diz buscar regular para fomentar o ecossistema no país.

Outro exemplo é o Real Digital (CBDC) que, mesmo emitida pelo Banco Central, poderia abrir mais portas para a cripto economia em solo brasileiro.

Para Flávio Antônio da Costa Filho, consultor de tecnologia e que presta serviços para a Gokei, uma Provedora de Serviço de Tecnologia de Informação [PSTI], o movimento do Banco Central de desbancarização e democratização do sistema financeiro existe, porém vem junto com um “elefante branco”.

“É a atual tecnologia no mercado financeiro. Comparado com outros países somos extremamentes avançados, somente o Pix já ultrapassa 10 bilhões de pagamentos processados por mês. Todavia, já existem opções que tornam toda essa tecnologia ultrapassada”, explica ao Crypto Times.

Conforme diz, existem novos caminhos para se fazer o que está sendo feito no mercado de pagamentos brasileiro de forma mais rápida, performática, econômica e acessível. Em sua opinião, a flexibilidade do Banco Central com fintechs é um nítido exemplo do Órgão de fomentar esse mercado.

“Uma Fintech, ou Startup, tem condições de olhar para um nicho, ver oportunidades, e construir soluções específicas para atender esse nicho. Não apenas construir essas soluções de maneira independente, como também estarem de acordo com uma política monetária e um protocolo técnico para que seja feito com maior segurança”, diz.

A grande dicotomia é a política de privacidade de dados de cada tecnologia. O Real Digital, por não ser uma criptomoeda, possui seu grande nível de emissão centralizada, mas pode fornecer uma proteção de dados maior do que o serviço de Open Banking.

A solução centralizada para o mercado de pagamentos no Brasil

O consultor diz que ele e a empresa para quem presta serviço perceberam que não existia uma provedora do Banco Central que disponibilizasse tecnologias eficientes baratas e de grande escala para atender esse mercado, do qual o próprio quer fomentar.

“Uma Provedora de Serviço de Tecnologia de Informação [PSTI] é uma empresa que desenha uma arquitetura técnica capaz de conectar instituições financeiras ao Bacen de maneira segura. O objetivo é garantir que quando a instituição entre na rede do Bacen, todo o processo seja auditado e atenda às exigências do BC”, explica.

Conforme diz, as principais PSTI do mercado são de grandes bancos, e prestam serviços ao próprio sistema, ou empresas que “monopolizam” esse mercado com soluções “extremamente caras que não acompanham a evolução tecnológica”, segundo ele.

“A Gokei, empresa homologada pelo Banco Central, desenvolveu APIs simples, que qualquer programador júnior consegue integrar, para funcionar com toda a exigência do Banco Central”, explica.

A Gokei utiliza 100% de sua tecnologia baseada em nuvem, e utiliza a rede da Amazon Web Service no Brasil, e utiliza dois data centers da empresa para buscar uma segurança maior. As nuvens de dados são independentes mas têm a capacidade de trocar informações entre elas e trabalharem em conjunto.

“Atualmente, o volume de Pix mensal é de 10 bilhões de pagamentos, o objetivo da Gokei é dominar 15% deste mercado ao longo de cinco anos”, diz. “Mas o que queremos promover é a acessibilidade e apoio a pequenas e médias fintechs”.

A parte negativa na narrativa de novas tecnologias centralizadas é o Open Banking, segundo o próprio consultor. “Se você for observar, o Open Banking é um grande marketplace de informações financeiras”, diz.

“O que as empresas capazes de recolher seu histórico vão ter em mãos? Somente a capacidade de te oferecer naquele momento um empréstimo? Não. Vão ser canais por onde outras empresas vão procurá-las para buscar perfis de pessoas, consumos e comportamentos a fim de fazer outros tipos de intervenções”, complementa.

A solução “descentralizada” para o mercado de pagamentos no Brasil

O meio termo entre as finanças descentralizadas e as instituições bancárias parece ser o Real Digital. A solução centralizada descentralizada mais próxima que é possível observar.

“Em um [Open Banking] eu preciso fornecer o consentimento de todo o meu histórico de vida financeira, no outro eu estou transacionando. O Real Digital nada mais é do que a cédula tokenizada”, diz.

O consultor comenta sobre o poder da CBDC em incluir a população desbancarizada ao sistema financeiro do país.

“O cara que, hoje, é rejeitado pelo banco, o que não é difícil, se possuir Real Digital está bancarizado. Ele está inserido dentro de uma fintech, ou algum outro tipo de empresa que, com certeza, vão surgir. Mas você está bancarizando essa pessoa, ela não tem um cartão, tem uma carteira”, diz.

Para ele, o Real Digital, por ser utilizado pela carteira, protege muito mais a privacidade do que as instituições financeiras que utilizam o próprio Open Banking.

Ele comenta sobre a possibilidade de transação por carteiras digitais, sem a necessidade de utilizar um banco, muito menos o Open Banking.

“Não é bem para onde vai o sistema de pagamentos, vai depender da escolha do consumidor. Caso ele entregue consentimento aos bancos, pode ter certeza que vão aproveitar esses dados, é dar competitividade para as fintechs”, diz.

Ele diz acreditar que as tecnologias de pagamentos estão só no começo, e não consegue afirmar para onde tudo vai parar.

“Só sei que estamos recebendo muitos ‘brinquedos’ para brincar”, comenta sobre as novas tecnologias de pagamentos.

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Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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