Mercados

Real seguirá com alta volatilidade e terá desempenho pior que pares até o fim do ano, prevê Barclays

23 set 2020, 17:06 - atualizado em 23 set 2020, 17:06
Barclays
Com investidores dando de ombros para a sinalização do BC de que não elevará a Selic (Imagem: REUTERS/Stefan Wermuth)

A volatilidade na taxa de câmbio brasileira permanecerá alta no quarto trimestre, e o real deverá se desvalorizar e ter desempenho pior que seus pares até o fim do ano, afetado por persistentes incertezas fiscais e pelo ruído a ser gerado pelas eleições norte-americanas, avaliaram analistas do Barclays em relatório nesta quarta-feira.

Os profissionais recomendam a venda de uma cesta de moedas composta por real e peso chileno contra o peso mexicano.

O real é a moeda mais volátil do mundo, considerando as principais divisas, e em 2020 cai 27,9%, em termos nominais pior desempenho global. Nesta quarta, a divisa recuava 1,8%, segunda maior queda mundial.

No começo de 2021, o Barclays vê uma “janela de oportunidade” para moedas emergentes e ativos de risco, passada a eleição nos Estados Unidos.

Nesse momento, com o debate sobre o Orçamento finalizado e a esperada retomada de discussão das propostas de reformas já apresentadas, o real pode ter performance melhor que seus rivais.

“Mas esperamos que o otimismo do mercado então se esvaia até o fim do ano (de 2021), à medida que a agenda política se tornar mais influenciada pelas eleições de 2022 (no Brasil) e preocupações com sustentabilidade da dívida, limite de gastos, etc provavelmente ressurjam”, disseram os analistas, que seguem posicionados em uma estrutura de opção (long USDBRL 1×2 call spread) para proteção contra riscos fiscais de curto prazo e riscos globais.

Os profissionais do Barclays avaliaram ainda que os agentes de mercado deverão “ignorar” o “forward guidance” do Banco Central ferramenta de política monetária que pretende influenciar as expectativas do mercado via comunicação.

Com investidores dando de ombros para a sinalização do BC de que não elevará a Selic, o Barclays entende que o mercado vai manter nos preços expectativas de aumentos de juros já no início de 2021.

“No entanto, poderia haver espaço para achatamento na ponta curta da curva se o regime fiscal não se deteriorar (ou seja, o teto de gastos permanecer em vigor), com o início das altas de juros podendo ser precificado para depois”, disseram.

No cenário-base do Barclays, o teto de gastos não será revogado, mas respeitado por meio de promulgação de alguns mecanismos corretivos, incluindo redução na indexação do Orçamento.

Apesar do cenário de volatilidade para o câmbio e de pressão na curva de juros, o banco privado acredita que os spreads de dívida do Brasil estão muito elevados e justificam recomendação “overweight” (acima da média do mercado).

O Barclays cita o spread entre o CDS de Brasil e México, que subiu para 85 pontos-base, de 20 pontos-base no fim de abril.

“Achamos que esse diferencial de spread é injustificado pelos fundamentos da dívida externa brasileira e riscos políticos contidos. Recomendamos venda tática de CDS de cinco anos do Brasil e compra de CDS de cinco anos do México.”

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