Renda fixa: XP vê oportunidade em IPCA+ e pós-fixados

O mês de abril foi marcado, entre outros fatores, pelo fechamento da curva de juros. Segundo relatório da XP Investimentos, a taxa real da NTN-B (Tesouro IPCA+) com vencimento em 2030 caiu de 7,9% — um dos maiores patamares dos últimos anos — para 7,48%.
Para os analistas da casa, esse movimento reflete a cautela dos investidores diante das incertezas fiscais no Brasil e de um cenário internacional mais turbulento.
No plano doméstico, a proposta do governo de um superávit primário de 0,25% do PIB no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026 não convenceu o mercado.
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Além disso, a criação da Faixa 4 do programa Minha Casa Minha Vida, voltada para famílias com renda de até R$ 12 mil, trouxe preocupações adicionais sobre o modelo de financiamento habitacional, segundo a XP.
Incertezas globais
No exterior, as tensões comerciais entre Estados Unidos e China e a queda do PIB norte-americano no primeiro trimestre de 2025 provocaram um comportamento misto nos juros dos Treasuries (títulos do Tesouro dos EUA).
Em abril, o rendimento dos papéis de dois anos recuou para 3,89% (-10 pontos-base), enquanto os títulos de dez anos fecharam o mês em 4,23% (-1 ponto-base).
Apesar disso, nesta segunda-feira (12), os mercados reagem à trégua de 90 dias na guerra comercial entre o governo chinês e o norte-americano. Os rendimentos dos Treasuries operam em alta: os papéis de 10, 20 e 30 anos pagam, respectivamente, 4,46%, 4,92% e 4,89% ao ano.
Embora, em tese, um alívio nas tensões comerciais devesse estimular o apetite por risco e reduzir os yields, parte do mercado interpretou o acordo como um sinal de retomada na atividade econômica, o que pode elevar as expectativas de inflação e juros.
Onde investir na renda fixa?
Diante desse cenário, a XP mantém uma visão construtiva para a renda fixa, com destaque para os títulos atrelados ao IPCA (inflação) com vencimentos intermediários (cerca de cinco anos).
A casa também recomenda papéis pós-fixados (CDI e CDI+), considerados mais atrativos no atual ciclo da Selic e com menor volatilidade.
Já os títulos prefixados exigem maior cautela, diante da piora na percepção de risco fiscal e das incertezas no ambiente internacional — mesmo com a trégua entre China e Estados Unidos.
A XP também alerta para os riscos de emissões privadas de empresas muito alavancadas, de setores cíclicos e com vencimentos muito longos.