Ibovespa Robert Kiyosaki: Pare de seguir as antigas regras do dinheiro
Caro Leitor,
A definição simples de inflação é quando os preços sobem e o poder de compra da moeda cai. Isso significa que você pode comprar menos com o seu dinheiro do que costumava comprar antes.
Por exemplo:
Nos Estados Unidos, em 1976, US$ 1 milhão em economias x 15% de juros = US$ 150.000 ao ano. A situação é bem diferente hoje em dia. Atualmente, US$ 1 milhão em economias x 2% de juros = US$ 20.000 ao ano.
Isso mostra o quanto caiu o valor do dinheiro deixado parado no banco só rendendo juros. E uma taxa de 2% ao ano nos EUA é alta — nas contas de poupança no país a taxa costuma ser de menos de 1%.
Vamos olhar agora às taxas de juros em relação à inflação. Se a inflação for de 5% ao ano, você vai perder 3% do seu dinheiro por ano. A inflação existe porque o governo continua imprimindo dinheiro.
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Todas as economias vivenciam inflação (e deflação) em algum momento. Mas a questão fica problemática quando os níveis de renda da população não acompanham ou não superam a inflação. Nesse caso, as pessoas ficam mais pobres, mesmo que pensem que estão ganhando mais dinheiro.
Por exemplo, os empregados são prejudicados pela inflação porque só podem vender seu tempo, e o tempo geralmente não é uma boa ferramenta de proteção contra a inflação. Os aumentos de salário, se é que ocorrem, geralmente são concedidos anualmente para repor a inflação passada. E quando a inflação é subnotificada, os aumentos dificilmente acontecem. Além disso, as pessoas que estão profundamente endividadas no cartão de crédito são prejudicadas pela inflação porque o banco central geralmente aumenta as taxas de juros para combater a alta dos preços.
Por fim, as pessoas que seguem as antigas regras do dinheiro são prejudicadas pela inflação porque acreditam que é sábio e prudente economizar e colocar o dinheiro no banco. Mas os bancos são inteligentes, não burros. E os bancos jogam de acordo com as novas regras do dinheiro. Os juros que eles pagam não acompanham a inflação. O dinheiro perde poder de compra, pois o banco usa o seu dinheiro para ganhar mais dinheiro.
O que causa inflação?
Tradicionalmente, a inflação era medida por uma cesta fixa de mercadorias e serviços, período após período. Essa cesta reunia os itens necessários para se ter um bom padrão de vida.
Mas, como afirma o site “Shadow Stats”, essa fórmula foi alterada em 1990 para corresponder a um conceito acadêmico popular chamado “nível constante de satisfação”, como um “verdadeiro conceito de custo de vida”.
O argumento geral era que a alteração dos custos relativos dos bens resultaria na substituição por parte do consumidor dos bens mais baratos por bens mais caros. Permitindo a substituição de bens dentro da cesta anteriormente fixa, a maximização da “utilidade” do dinheiro em posse dos consumidores permitiria atingir um “nível constante de satisfação” para o consumidor. Esse tipo de medida de inflação é mais apropriada para o conceito de PIB — onde é usada hoje —, medindo as ponderações variáveis com o consumo real, não com as ponderações fixas necessárias para avaliar os custos de manutenção de um padrão de vida constante.
Em termos simples, os estatísticos assumiram que, se você estivesse comprando filé mignon, passaria a comprar uma carne mais barata se os preços subissem. Isso permitiu ao governo trocar constantemente os bens na cesta, a fim de manipular a taxa de inflação para uma taxa mais baixa em vez de rastrear os mesmos bens a cada período.
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Basicamente, era uma maneira de o governo economizar dinheiro, sem precisar, por exemplo, aumentar os pagamentos da Previdência Social a fim de verdadeiramente repor as perdas com a inflação.
Após a última crise financeira, o governo dos EUA iniciou um programa de “quantitative easing” (QE), em português chamado de afrouxamento quantitativo ou flexibilização quantitativa.
Vale lembrar que a flexibilização quantitativa ocorre quando o Fed reforça seu balanço comprando “treasuries”, os títulos de dívida do governo americano, para manter as taxas de juros baixas. É o equivalente a você ou eu imprimirmos dólares para pagar nossos cartões de crédito. O pensamento por trás do plano é que, mantendo as taxas de juros baixas, empresas e investidores vão tomar mais dinheiro emprestado (o que também é uma forma de imprimir dinheiro) e gastar mais.
O resultado da flexibilização quantitativa é sempre inflação, já que o banco central imprime mais e mais dinheiro e cada novo dólar impresso desvaloriza os dólares que já existem.
Traduzindo: os bancos centrais querem dinheiro fácil, o que gera inflação.
Como lucrar com a inflação
O sistema bancário mundial é construído com base no sistema bancário de reservas fracionárias. Isso significa que, para cada dólar que um poupador coloca no banco, o banco pode emprestar um múltiplo desse dólar. Por exemplo, se a reserva fracionária for 10, isso significa que o banco pode emprestar US$ 10 por cada US$ 1 que tem depositado.
Se a inflação estiver muito alta, o banco central pode usar suas ferramentas para reduzir a fração que um banco pode emprestar. Pode, por exemplo, reduzir essa fração para 5, ou seja, o banco passa a poder emprestar apenas US$ 5 para cada US$ 1 que os poupadores tiverem depositado na instituição.
Quando os bancos reduzem as taxas de juros como estão fazendo hoje, eles estão dizendo “não queremos poupadores, queremos devedores”.
As baixas taxas de juros que remuneram o dinheiro poupado estão forçando a classe média a entrar no mercado de ações e no mercado imobiliário, na esperança de obter um retorno mais alto. A classe média persegue “bolhas” nos mercados financeiros. Quando as bolhas estouram, muitos da classe média podem perder tudo.
O que as taxas de juros baixas significam para mim: “Por favor, venha e peça dinheiro emprestado. O dinheiro está à venda”.
Para os ricos, as baixas taxas de juros tornam ainda mais fácil ficar mais rico. Para a classe média e para os pobres, especialmente os poupadores, as baixas taxas de juros significam um desastre financeiro.
A razão pela qual meus investimentos e minha receita crescem é que eu compro ativos que são uma proteção contra a inflação. Nas economias inflacionárias, por exemplo, os aluguéis geralmente sobem. Quando compro uma propriedade para investimento, o pagamento do financiamento, da minha dívida, permanece igual, enquanto o valor do aluguel aumenta devido à inflação. Isso gera mais fluxo de caixa. Devo ao banco apenas o pagamento acordado. Os valor crescente do aluguel flui diretamente para o meu bolso.
O mesmo acontece com as empresas. À medida que o custo dos produtos aumenta para os consumidores, as empresas podem reajustar seus preços e se beneficiar da inflação.
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Isso funciona porque os empresários e investidores não estão vendendo tempo. Eles vendem um produto que os protege contra a inflação em tempo relativamente real. Eles estão no controle. Os empregados não controlam o seu produto, o tempo, nem controlam o seu dinheiro, que está geralmente no banco ou em um fundo mútuo.
Outra coisa que faço para me proteger da inflação é investir em commodities. Produtos de energia como o petróleo têm sido um grande investimento quando há inflação. Mas não são bons quando há deflação. Veja o que aconteceu recentemente com os preços dos contratos futuros de petróleo, que caíram abaixo de zero pela primeira vez na história diante de uma economia mundial paralisada.
Portanto, embora eu acredite que esses sejam bons investimentos para mim, eles não são bons para todos — especialmente para as pessoas que ainda estão aprendendo sobre economia e investimentos e que podem ainda não ser capazes de reagir rapidamente às mudanças nas condições econômicas.
No fim das contas, o que venho pregando o tempo todo — investir para ter renda passivas — é a estratégia mais segura e sólida que irá funcionar bem para você em uma economia inflacionária. É uma maneira segura de enriquecer.
Abraço,
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