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Robô muda visão sobre estratégia de investimento em valor

25 ago 2020, 17:15 - atualizado em 25 ago 2020, 17:15
Mercados - Wall Street - NYSE
A tática de comprar ações que parecem baratas em relação a seus fundamentos tem decepcionado há mais de uma década (Imagem: REUTERS/Brendan McDermid)

A inteligência artificial é frequentemente apontada como solução para tudo, desde acabar com as filas no caixa até erradicar o preconceito sistemático nas contratações em Wall Street. Era quase inevitável que alguém sugerisse usar a tecnologia para consertar a estratégia de investimento em valor.

A tática de comprar ações que parecem baratas em relação a seus fundamentos tem decepcionado há mais de uma década. Porém, uma gestora de recursos da Coreia do Sul acredita que um ETF amplificado pela inteligência artificial é a resposta.

Na sexta-feira passada, a Qraft Technologies pediu autorização para criar o Qraft AI-Enhanced U.S. Next Value ETF (sigla para exchange-traded fund ou fundo negociado em bolsa). Seu código (também conhecido como ticker) será NVQ. A gestora afirma que essa estratégia pode ressuscitar o fator ao estimar os ativos intangíveis de uma empresa com base em demonstrações financeiras e dados de patentes.

O NVQ deu retorno simulado de 13% no ano até julho, enquanto o S&P 500 Value Index caiu 3%. No entanto, os seguidores tradicionais do investimento em valor ficarão chocados com a composição da carteira.

Em julho, as três maiores alocações do fundo da Qraft eram Amazon.com, Alphabet e Facebook (Imagem: Reprodução/LinkedIn/Amazon)

Em julho, as três maiores alocações do fundo guiado por máquinas eram Amazon.com, Alphabet e Facebook — que estão longe de ter o perfil das ações subvalorizadas geralmente preferidas pelas estratégias focadas em valor. Mas para a Qraft, isso é apenas o valor 2.0.

“Os ativos intangíveis se tornaram um fator mais importante no valor real de uma empresa devido ao desenvolvimento da tecnologia da informação”, escreveu o fundador Hyungsik Kim por e-mail.

“É fácil determinar qual das alternativas a seguir é mais importante para medir o valor da Amazon: galpões (tangíveis) ou sistemas automatizados de logística (intangíveis).”

Este poderia ser o grito de guerra para muitos dos que ainda defendem o investimento em valor: o fator não está morto, simplesmente foi prejudicado por regras contábeis desatualizadas que tratam os investimentos intangíveis (como pesquisas) como despesa em vez de capital.

Por isso, empresas intensivas em conhecimento acabam tendo valores contábeis menores e custos mais altos, o que as deixa aparentemente mais caras do que realmente são.

A atratividade dos testes retroativos do novo ETF também ressalta a variedade de métodos que são subjacentes até mesmo aos fatores mais conhecidos da renda variável. Um estudo estimou que existem mais de 3.000 maneiras de definir uma estratégia de valor.

Para alguns operadores que usam estratégias quantitativas, essa flexibilidade na busca por desempenho sugere uma falta de rigor que significa fracasso no longo prazo.

Mas a Qraft pode se gabar do histórico de seu sistema de inteligência artificial: outro fundo seu, o U.S. large-cap ETF (ticker QRFT), com US$ 6,7 milhões, superou o S&P 500 e o iShares MSCI USA Multifactor ETF (LRGF) no último ano.

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