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Rodolfo Amstalden: Nova normal – 2022 começou nessa semana

30 jan 2022, 12:00 - atualizado em 30 jan 2022, 20:10
Rodolfo Amstalden (Imagem: Divulgação/ Empiricus)

De olho no início de um ciclo de alta de juros na maior economia do mundo, o clima do mercado está se alterando. 

Só para contextualizar, na última semana não se falou em outra coisa e não poderia ter sido de outra forma. O Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, sinalizou em comunicado após reunião do comitê de política monetária (Fomc) que a taxa de juros – hoje, na faixa entre zero e 0,25% ao ano – deve começar a ser elevada já a partir de março.

Em entrevista coletiva, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que está atento aos riscos de uma inflação persistente. Os preços ao consumidor nos Estados Unidos saltaram 7% em 2021, o maior aumento desde o início da década de 80, sendo que a meta de inflação no país é de apenas 2% ao ano. 

Ele ressaltou que a economia não precisa mais dos fortes níveis de suporte da política monetária, pois o mercado de trabalho segue forte, com geração de empregos e redução na taxa de desemprego. 

Após essas palavras de Powell, o yield das treasuries de 10 anos, títulos do governo americano, subiram para 1,842%, sendo que na abertura do mesmo dia estava em 1,784%. Mas, é importante eu lembrar aqui que, no início do ano passado, chegou a transitar abaixo de 1%. Portanto, uma escalada que já vinha acontecendo.

A questão é que, estruturalmente, as taxas de juros internacionais tendem a ser revisadas para cima, tomando como referência os Estados Unidos. 

Acredito que esse é um movimento que veio para ficar e mudar a lógica das coisas.

O que muda para os investidores em ações? 

As empresas de tecnologia ou aquelas que estão em fase de desenvolvimento (growth) devem sofrer bastante. 

Como elas buscam um crescimento expressivo de receitas e lucros em uma janela temporal maior, quando os juros longos aumentam – ao se trazer o fluxo de caixa dessas companhias a valor presente, o efeito é negativo, há uma redução dos seus valores de mercado. 

Estamos acompanhando tudo de perto e, por esse motivo, já promovemos reduções nos books de ativos internacionais das carteiras PRP (Programa de Riqueza Permanente), que visa a construção de patrimônio no longo prazo, e Empiricus, um compilado das estratégias da casa.

No portfólio PRP, eu e minha equipe decidimos diminuir a exposição em ativos estrangeiros de 10% para 5%. 

Nós iremos manter o foco em Big Techs mais consolidadas no mercado como a Amazon (AMZO34), Microsoft (MSFT34) e Apple (AAPL34) e em outras empresas dentro da tática value investing

Neste segundo caso, seguimos atentos às assimetrias, ou seja, olhamos companhias de qualidade que estão negociando a preços abaixo dos seus valores intrínsecos, porém, com alto potencial de valorização. 

Estamos desconsiderando nesse momento as techs com projetos mais agressivos. 

E como está reagindo a Bolsa brasileira? 

Por enquanto, notamos um flight to emerging markets

Pode parecer contraintuitivo, mas a Bolsa brasileira subiu nos últimos pregões, aparentemente beneficiada por todo esse movimento todo que falei.

Os gringos estão olhando com um pouco mais de carinho para o Brasil, isto é, para as nossas barganhas. 

É fato que aqui existem muitas empresas de qualidade a preços descontadíssimos. Boa parte dessas ações, até pelo movimento local de alta de juros ter sido antecipado e intenso, acabaram sofrendo exageradamente.

Outro fenômeno relevante é que vemos agora fechamentos de posições e efluxo das techs mais agressivas e dos casos de growth especialmente nos Estados Unidos, cases que até então vinham roubando a atenção e puxando recursos, em detrimento dos mercados emergentes. 

Agora, o retorno desse dinheiro à Bolsa brasileira, que vinha operando com pouca liquidez, acaba gerando efeitos positivos. 

Então, ironicamente, pelo menos de início, a alta dos juros americanos pode ser boa para ativos de risco locais. 

Seguiremos acompanhando!

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Um abraço,

Sócio-fundador da Empiricus
Sócio-fundador da Empiricus, é bacharel em Economia pela FEA-USP, em Jornalismo pela Cásper Líbero e mestre em Finanças pela FGV-EESP. É autor da newsletter Viva de Renda.
Sócio-fundador da Empiricus, é bacharel em Economia pela FEA-USP, em Jornalismo pela Cásper Líbero e mestre em Finanças pela FGV-EESP. É autor da newsletter Viva de Renda.
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