Invasão da Ucrânia

Rússia x Ucrânia: Guerra já dura duas semanas; relembre o que aconteceu

09 mar 2022, 18:34 - atualizado em 09 mar 2022, 18:34
O conflito entre os países já dura 14 dias (Imagem: REUTERS/Viacheslav Ratynskyi)

Pode parecer que foi ontem quando, na madrugada do dia 25 de fevereiro, o presidente Vladimir Putin autorizou o que ele diz ser uma “operação militar especial” na Ucrânia.

O restante do mundo, no entanto, é assertivo sobre como chamar o “movimento”: uma invasão ao território vizinho, que resultou em uma guerra entre os dois países.

Os números divergem, mas desde então, muitos civis e militares já morreram no conflito. A ONU fala em pouco mais de 400 ucranianos mortos, enquanto o governo diz que são mais de 2 mil.

Do lado russo, o tenente-general Scott Berrier, diretor da Agência de Inteligência de Defesa dos EUA, estima que cerca de 2 a 5 mil soldados morreram.

O conflito criou uma grave crise humanitária na Ucrânia. Cerca de dois milhões de ucranianos deixaram o país desde o início da guerra, segundo o Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

A ofensiva russa, embora tenha desacelerado, não parou de avançar pelo país. A capital Kiev, centro do poder, segue cercada. O Kremlin nega que queira retirar o presidente Volodymyr Zelensky do poder.

O diretor da CIA, William Burns, disse ontem (8) a um painel no Congresso norte-americano que Putin está frustrado e provavelmente “dobrará seus ataques” à Ucrânia.

Segundo Burns, isso pode significar que as próximas semanas devem ser “feias”, com a intensificação dos combates.

Relembre o que aconteceu

Uma das principais demandas da Rússia é pela neutralidade do território ucraniano (Imagem: REUTERS/Dado Ruvic/Ilustração)

A Rússia invadiu a Ucrânia no dia 24 de fevereiro, às 5h da manhã no horário de Kiev, após meses de tensão entre os dois países.

A ofensiva aconteceu após o presidente russo Vladimir Putin dar a ordem para que tropas militares entrassem no país vizinho. No dia, os soldados russos entraram no território ucraniano por vias terrestres, aéreas e marítimas.

Vídeos divulgados nas redes sociais mostraram o momento dos bombardeios e a destruição nas cidades ainda nas primeiras horas.

Desde então, todos os homens ucranianos com idades entre 18 e 60 foram proibidos de deixar o país para que lutassem contra os russos. O Ministério da Defesa chegou a orientar formalmente a sua população masculina a atacar os invasores com coquetéis molotov.

O presidente Volodymyr Zelensky se recusou a ir embora, ainda que tenha recebido a sugestão por parte dos Estados Unidos no último dia 26. Na ocasião, Zelensky disse que não precisava de carona, “mas sim de munição”.

Do ponto de vista diplomático, Putin quase não tem aliados. A resposta mais clara que ele poderia ter recebido veio no último dia 2.

No total, 141 países votaram a resolução que repreendeu a invasão russa e cobrou que Moscou retirasse imediatamente todas as suas forças da Ucrânia, durante uma rara sessão de emergência da Assembleia Geral convocada pelo Conselho de Segurança da ONU.

Apenas quatro 4 países votaram com a Rússia: Coreia do Norte, Eritreia, Belarus e a Síria.

Economia russa

Petróleo
O presidente Joe Biden anunciou ontem (8) um embargo ao petróleo russo (Imagem: REUTERS/Archivo)

A reação internacional à guerra foi imediata, e os impactos econômicos vieram como uma avalanche como forma de resposta à invasão.

Diversos países condenaram formalmente a atitude de Putin, o que fez com que a Rússia ficasse cada vez mais isolada do restante do mundo. Naquela quinta-feira de fevereiro, o mercado russo caiu 45%.

Dois dias depois, foi anunciada a exclusão dos três bancos nacionais da plataforma financeira internacional Swift, que processa as operações de 11 mil bancos em todo o mundo, sendo  um dos pilares da economia mundial.

Uma série de sanções já foram impostas ao país desde então. A mais recente foi o embargo ao petróleo e fontes de energia, anunciadas na terça-feira (9) pelo presidente Joe Biden.

As retaliações estão sendo endossadas pela comunidade internacional, salvo raras exceções, que são os aliados históricos do Kremlin.

É o caso da Venezuela, por exemplo. O presidente Nicolás Maduro chegou a dizer no início do mês que o que estaria sendo feito com a Rússia é “um crime”.

Até o começo desta semana, o rublo — moeda russa — perdeu 86,1% do seu valor desde o primeiro dia do ataque. Hoje, a moeda despencava mais de 10% em relação ao fechamento de sexta-feira, a 117,2 por dólar, na Bolsa de Moscou.

Diversas empresas também estão interrompendo ou encerrando suas operações no país. Gigantes como a Apple, Facebook, McDonald’s, Visa, Mastercard, Nike, Honda, Boeing e outras já anunciaram suas decisões.

Com todos esses problemas, as perdas econômicas com o conflito na Ucrânia já superaram os valores gastos durante a Segunda Guerra Mundial.

Sentados à mesa

Delegações de Ucrânia e Rússia
Rússia e Ucrânia já realizaram três rodadas de negociações no total (Imagem: Maxim Guchek/BelTA/Divulgação via REUTERS)

Os países já tentaram, por mais de uma vez, estabelecer acordos. Já foram, ao todo, três rodadas negociações, que terminaram sem a possibilidade de um cessar fogo total.

A última conversa aconteceu na última segunda-feira (7). A Ucrânia disse ver “pequenos progressos nas negociações”, mas Rússia afirma que as conversas “não são fáceis”.

Na segunda rodada, os países concordaram com um cessar fogo temporário apenas para a criação de corredores humanitários, ou seja, para que os civis conseguissem deixar o país.

Uma das cidades mencionadas era Mariupol. O município, no entanto, seguiu sendo alvo das ofensivas russas, e a evacuação precisou ser adiada. Uma nova tentativa foi realizada hoje, e mais uma vez, o governo ucraniano disse que a Rússia não estaria respeitando o acordo.

Zelensky publicou em sua página oficial do Twitter que uma maternidade da cidade havia sido atacada.

“Mariupol. Ataque direto de tropas russas em uma maternidade. Pessoal, crianças estão sob os destroços. Atrocidade! Por quanto tempo mais o mundo será um cúmplice ignorando o terror? Feche o céu agora mesmo! Pare com os assassinatos! Vocês têm poder, mas parecem estar perdendo a humanidade”, publicou em sua página oficial do Twitter.

E, afinal, o que a Rússia quer?

Protesto contra Putin após invasão da Ucrânia
Protesto contra Putin após invasão da Ucrânia (Oren Rozen/Wikimedia Commons)

Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, afirmou em entrevista por telefone à Reuters na última segunda-feira (7) que Moscou exige que a Ucrânia cesse a ação militar, reconheça a Crimeia como território russo e reconheça as repúblicas separatistas de Donetsk e Lugansk como estados independentes.

Além disso, outra demanda, esta extremamente importante, é pela mudança na Constituição para que a Ucrânia oficialize seu território como neutro. Isso significaria jamais integrar a Otan ou mesmo a União Europeia.

“Eles deveriam fazer emendas à constituição segundo as quais a Ucrânia rejeitaria qualquer objetivo de entrar em qualquer bloco (…) Ucrânia é um estado independente que viverá como quiser, mas sob condições de neutralidade”.

A fala de Peskov à Reuters foi, até então, a declaração mais explícita do que a Rússia quer, de fato, da Ucrânia, para interromper o que chama de “operação militar especial”, que teve início no dia 24 de fevereiro. Já são, no total, 12 dias de guerra.

O porta-voz ainda afirmou que a Ucrânia está ciente das condições, mas que não houve até então reação por parte do país. “Eles foram informados de que tudo isso pode ser interrompido em um momento”, declarou.

Peskov reiterou que a Rússia não está tentando fazer “mais reivindicações territoriais sobre a Ucrânia” e tampouco exige que Kiev seja entregue.

Mas destacou o país hoje representa uma ameaça “muito maior à segurança da Rússia do que em 2014”, quando a Crimeira foi anexada.

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