Coluna do Antonio Samad Jr

Se o dólar ficar abaixo de R$ 5, compre sem medo

09 set 2022, 14:16 - atualizado em 09 set 2022, 14:16
Dólar
“O dólar tem que se valorizar em relação ao real pelo menos o valor da inflação ou da taxa de juros que a gente tem nesses dois países “, diz o colunista (Imagem: Pixabay/ilheufx)

De acordo com as projeções mais otimistas dos economistas e demais especialistas de mercado que atuam em corretoras, o dólar deve encerrar o ano valendo entre R$ 4,75 e R$ 5,10.

Particularmente, tenho dúvidas de que a moeda estadunidense volte a ficar abaixo de R$ 5 ainda este ano. Na minha opinião, se isso acontecer, é para comprar todo o dólar que aparecer na frente.

Existe uma distinção da taxa de juros no nosso mercado doméstico em comparação com a taxa de juros no mercado americano. Daí, naturalmente, há uma diferença entre as moedas.

O dólar tem que se valorizar em relação ao real pelo menos o valor da inflação ou da taxa de juros que a gente tem nesses dois países. Então, é normal o dólar continuar se valorizando ao longo do tempo.

Obviamente, há momentos em que ele estica demais, exagera na alta, e em outros momentos nosso mercado fica tão eufórico que ocorre um exagero na valorização do real frente ao dólar.

Como exemplo, depois de vários meses acima dos R$ 5,00, o dólar começou a se depreciar. Nste ano, até o comecinho de setembro, entre altas e baixas, ele acumulava retração em torno de 7% frente ao real. Para quem não lembra, em março US$ 1 chegou a valer R$ 4,58.

O cenário nos primeiros meses do ano dava a impressão de que o real iria entrar em uma longa fase de valorização, rompendo uma sequência de baixa frente ao dólar que vinha desde 2017, ano em que a desvalorização acumulada foi de 1,99%.

Em 2018 de 16,92%, em 2019 de 3,5%, em 2020 de 29,36% e em 2021 de 7,47%. E como dito, neste ano aconteceu o contrário.

Os motivos são conhecidos. O aumento do valor das exportações com a alta dos preços das commodities no mercado internacional é um dos fatores de pressão.

Além disso, os estrangeiros passaram a ver o Brasil como oportunidade. Boa parte do movimento de valorização do real se deve ao fluxo de capital estrangeiro chegando ao país para aproveitar a alta da taxa básica de juros (Selic), que atualmente está entre as maiores taxas de juros reais do mundo.

Quando o investidor estrangeiro traz dinheiro para o Brasil, ele precisa vender seus dólares e comprar reais para poder comprar títulos de renda fixa no Brasil, principalmente títulos públicos.

Essa grande venda de dólares pressionou a cotação da moeda americana para baixo semana após semana.

Mas, apesar de os registros mostrarem que no acumulado do ano o real se valorizou, basta uma conferida na cotação para vermos que as coisas mudaram no decorrer dos meses. No dia 6 de setembro, US$ 1 custava R$ 5,23.

Considerando as variáveis do momento, acredito que a oscilação em favor da moeda dos Estados Unidos deve ficar entre R$ 5 e R$ 5,50. Tenho quase certeza.

Isso, claro, se não houver nenhum estresse eleitoral até o dia da eleição.

A disputa eleitoral deve ser considerada como variável desestabilizadora pelo alto nível de polarização.

Pelos resultados mostrados nas últimas pesquisas, a ideia de terceira via está cada vez mais distante e o que nos resta é ver o comportamento do eleitorado e do mercado daqui para frente. Até o dia da eleição, a única certeza que temos de fato é a volatilidade do mercado financeiro.

A eleição, porém, é apenas um fator a ser considerado. A recessão global também contribui para manter o real bastante desvalorizado. Assim como a possibilidade de o FED, o banco central dos Estados Unidos, subir a taxa básica de juros por lá para conter a alta inflacionária. Todos sabemos qual o impacto dessa decisão.

O dólar foge de mercados de maior risco como é o caso do Brasil em direção à segurança norte-americana que passa a remunerar um pouco mais. Menos do que aqui, sem dúvidas, mas com muito mais segurança. E essa fuga de moeda estadunidense de nosso mercado contribui para o dólar subir, já que se torna mais escasso.

Por essas razões, repito o que disse no começo. Acredito muito que se o dólar em algum momento vier abaixo de R$ 5,00 até final do ano, pode ser uma boa opção para encarteirar um pouco da moeda americana.

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CEO da Axia Investing
Advogado com especialização em direito tributário. Atua no mercado financeiro desde 1999. Experiência de mais de 22 anos, já passou por grandes corretoras, onde atuou como sócio gestor de escritórios da Gradual, Walpires, XP e Terra Investimentos. É sócio e gestor da mesa proprietária Axia Investing.
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